domingo, 29 de março de 2009

Sarah: mitos e verdades


Assim que me dei conta da inegável condição de paraplégico, em que a possibilidade de voltar a andar não foi diagnosticada com mais do que "remota", a primeira coisa que me veio à mente para mudar esta situação para, pelo menos, "provável", seria uma internação no Sarah. O que eu sabia sobre aquela instituição até aquele momento era que muita pessoas entravam em cadeira de rodas e saiam andando e que era o melhor do Brasil em tratamento de lesados medulares. Sempre tem aquele amigo do amigo que tinha um parente distante que foi internado no Sarah que, após intenso tratamento, utilizando os melhores equipamentos da américa latina, saiu andando, apoiado por apenas uma muleta.
Nesse momento, no auge do desespero por achar que ficará preso pro resto da vida em uma cadeira de rodas, o coração se enche de esperança e os amigos e familiares, também mal informados, te animam ainda mais. "Você é jovem, vai recuperar rápido." "Com a aparelhagem moderna deles, daqui a pouco vai estar andando..."
Aí vem a primeira luta: conseguir uma vaga no Sarah. A primeira informação que temos é que é muito difícil conseguir uma vaga, tem que ter "apadrinhamento". Na sequência, a mobilização de parentes e amigos para conseguir uma carta de "indicação" de algum político influente. Liga daqui, liga dali e eis que o escritório de um nobre deputado envia ofício ao Sarah. Não sei até onde isso realmente agiliza o processo, mas menos de um mês após eu deixar o hospital fui chamado no Sarah para "triagem". Feitos os devidos exames, a médica me explica a situação. Resumindo: "você está paralisado do peito pra baixo e no Sarah te ensinaremos como viver da melhor forma possível nesta situação." E a possibilidade de andar? E a aparelhagem moderna? "Temos a mais moderna aparelhagem para auxiliar a recuperação de pacientes que apresentam melhoras motoras." Ou seja, se seu corpo reagir, se movimentos voltarem (apesar do prognóstico contrário), terá todo o apoio para que fiquem o mais próximo possível do normal.
Acredito ser exatamente aí o maior mito: muita gente pensa que no Sarah eles estimulam a volta de movimentos e tratam o paciente com este intuito. É uma visão simplista, estimulada por falta de informação e relatos remotos. Basta analisar a descrição: hospital de reabilitação - re-habilitar a viver bem.
Realmente tem gente que entra na cadeira e sai andando, vi isso lá, mas o paciente, dado seu quadro, já tinha esta probabilidade. Lá eles auxiliam para torná-la realidade. E neste sentido realmente o Sarah conta com a mais moderna aparelhagem e profissionais muito competentes. Nem parece coisa pública, na sala de espera já percebe-se a excelência do lugar. Tudo muito organizado e direcionado a atender as pessoas com as mais diversas debilidades. A estrutura também impressiona, parece coisa de primeiro mundo, tem até hidroterapia e uma piscina com rampa pra entrar com uma cadeira de rodas. E os profissionais então, fisioterapeutas, neurocirugiões, até os enfermeiros, são a nata dos profissionais em reabilitação.
Lá aprendi a me virar em todos os sentidos, do banheiro ao carro, e se tenho um grande nível de independência foi graças ao Sarah. Apesar da 'decepção' inicial, fiquei fã incondicional da rede Sarah, um exemplo que deve ser seguido pelas outras empresas públicas brasileiras.
No fim das contas, vejo o quanto é importante se informar das mais diversas áreas, nunca se sabe quando uma informação será útil.

terça-feira, 24 de março de 2009

Animal de estimação: uma ótima companhia


Grande parte dos cadeirantes, pricipalmente os acidentados, tem que ficar enclausurados em casa, seja por um breve período ou indeterminadamente. Mesmo com todo o apoio da família e amigos, há sempre longos períodos em que ficamos sozinhos. Nessa hora faz muito bem a companhia de um animal de estimação, seja gato, cachorro ou os mais exóticos, como lagartos ou hamsters, até mesmo um aquário cai bem pra relaxar, passar o tempo ou nos sentir úteis e importantes cuidando deles.
Uma vantagem incontestável dos animais é a falta de preconceito, os bichos não se importam se você é paraplégico, amputado ou engessado, eles retribuem os carinhos incondicionalmente. Alguns bichos demandam mais cuidado ou atenção, neste caso é importante mais alguém para ajudar a cuidar, não pode se tornar uma tarefa muito complicada, pois o efeito é o inverso.
Na escolha deve-se considerar o ambiente (casa, apartamento grande ou pequeno), a alimentação, possíveis doenças, vacinação e o barulho que o bicho gera (pricipalmente em condomínio). É recomendável procurar lojas especiaizadas, como pet shops, ou criadores credenciados, para garantir um animal saudável e bem cuidado, até mesmo para trocar ou devolver, se for o caso.
Se for adquirir (ou ganhar) em outros lugares, é importante passar em um pet shop, de preferência que tenha um médico veterinário, para se informar sobre cuidados, alimentação e vacinação adequada ao seu bichinho.
Como eu moro em apartamento, tenho uma gata (Belinha, da foto acima), é incrível como dá pouco trabalho. Nunca fui muito fã desses felinos, tive vários cachorros na infância e adolescência, mas eu morava em casa e no interior, criava os bichos soltos e comiam sobras de comida. A idéia da gata foi da minha namorada, que é apaixonada pelos bichanos, e confesso que também me apaixonei. São bichos com mais personalidade do que cachorros, só brincam quando estão com vontade, não fazem barulho quase nenhum (só uns miadinhos de madrugada) e aprendem com muita facilidade. No primeiro dia ela já soube onde fazer necessidades (compramos uma caixa de areia), mas não gostou muito da casinha que demos pra ela, prefere dormir dentro do sofá-cama, que geralmente fica aberto (foto abaixo). Ela é muito carinhosa, adora dormir ao meu lado à tarde e é só eu sair da cadeira de rodas que ela pula nela.

Tomar conta de um animalzinho é uma terapia, faz bem e recebemos muito carinho em troca.
Faça um bichinho feliz, você não vai se arrepender!!

domingo, 22 de março de 2009

E o trabalho, como fica?


Muita gente se desespera em relação ao trabalho quando "vira" cadeirante. Muita gente pensa "não vou mais poder trabalhar, vou ser aposentado por invalidez". Em alguns casos isso realmente acontece, mas só se o cara estiver muito paralisado. O simples fato de ficar paraplégico ou tetraplégico, numa cadeira de rodas, não impede ninguém de trabalhar.
Se a pessoa já estava trabalhando, em primeiro lugar deve acionar o INSS para receber auxílio doença no tempo em que ficar parado, se recuperando. Quando puder voltar, a empresa tem a obrigação legal de adaptar o ambiente de trabalho às necessidades do cadeirante. Se a empresa demitir a pessoa para não precisar adaptar o local, o empregado pode procurar a justiça.
Para quem não estava trabalhando, como eu, abrem-se algumas oportunidades que não podem passar em branco. Estudar para um concurso é uma excelente alternativa. Empresas públicas são obrigadas por lei a destinar entre 5 e 20% das vagas para pessoas com deficiência. As empresas particulares com mais de 100 funcionários também têm esta obrigação legal. A obrigatoriedade foi estabelecida pela Lei nº 10.098 de 2000 e pelo Decreto nº 3.298 de 1999, que definiu as cotas de inclusão (2% para as empresas com 100 a 200 empregados, 3% no caso de 201 a 500, 4% para as que têm entre 501 e 1.000 e 5% para aquelas com mais de 1.000 trabalhadores).
Mas a melhor alternativa, do meu ponto de vista, é a busca por um emprego público. Em alguns casos o deficiente consegue colocação com menos da metade dos pontos conseguidos pelo primeiro colocado da concorrência plena. Apesar de os concursos públicos terem minguado do ano passado pra cá, a carência nos diversos setores existe e este ano promete ser de bons concursos públicos.
Uma outra alternativa, que é a que pratico hoje, é investir na bolsa de valores. Mesmo com a crise e com a queda das ações, quem tem disponibilidade para acompanhar diariamente as oscilações das ações consegue ganhar algum dinheiro aproveitando o sobe e desce das ações. Mas é um mecado muito melindroso, consegue ganhar dinheiro quem estuda e acompanha criteriosamente as oscilações. Para conseguir analisar as ações é importante buscar conhecimento em um livro ou curso voltado para o mercado de ações. Em seguida o investidor deve criar métodos de controle e análise as ações, ou buscar planilhas na Internet para auxiliar nas movimentações.
O negócio é não ficar parado!!

sábado, 21 de março de 2009

Cadeirantes também amam


Li no blog "Assim como você", um depoimento muito interessante de um namorado "andante" de uma cadeirante, as situações que viveram, o preconceito de algumas pessoas e as nuances do sexo. Dou aqui o depoimento inverso, um cadeirante (eu) e sua namorada "andante".

Sempre fui ligeiramente mulherengo... tá, tira o ligeiramente. Quando sofri o acidente que me "transformou" em cadeirante, eu estava com 32 anos, morava em Florianópolis e fazia mestrado na UFSC. Estava recém saido de um relacionamento de um ano e meio e voltando a curtir a vida de solteiro em Floripa. Chato né? Pois no dia em que sofri o acidente eu estava saindo da casa da ex-namorada, em Viçosa/MG, e acabamos voltando o namoro. Dali a dois meses acabou tudo de novo, definitivamente, e comecei a namorar uma das enfermeiras do hospital em que eu estava. Nesse meio tempo, uma outra ex-namorada, que eu mantinha um certo contato, "intensificou" o contato, passou a me visitar com mais frequencia e me ligava sempre.

Ela estava morando em Salvador, mas disse, em um certo momento, que sempre gostou de mim e mudava pra BH o mais rápido possível se eu largasse a enfermeira e investisse nela. Resolvi aceitar a proposta e em um mês ela estava em BH e reiniciamos o relacionamento. Logo ela já mudou de mala e cuia pra casa dos meus pais, onde eu estava morando, e em pouco tempo nos mudamos para um apartamento "só nosso".

Bem, vamos ao relacionamento. No relato supracitado que li, o andante carregava a namorada sempre que necessário. No meu caso isso é meio impossível, sou meio grandinho (1,95) e meio pesado, só se eu namorasse uma levantadora de pesos. Isso torna os programas mais planejados, sempre que saímos tenho que ligar pro lugar antes e perguntar se tem acesso. Por incrível que pareça, aqui em Belo Horizonte geralmente os lugares são adaptados, e mesmo quando há alguns lançes de escada, me dizem "pode vir que damos um jeito de carregar". E isso realmente basta, uma pessoa é suficiente pra levar escada acima, pois minha namorada sempre ajuda. No fim das contas, saímos com frequencia, e só deixo de ir em algum lugar se há uma escada realmente grande ou estreita.

Outra coisa que sempre curti muito é viajar. Neste quesito, as limitações são maiores. Para os destinos que eu gostava então (parques nacionais, cachoeiras, campings), impossível. Mas como tudo é adaptável, e meu gosto já estava mudando mesmo, nós viajamos pra onde tem acesso, como navio de cruzeiro, cidades mais estruturadas ou que tenham hotéis com adaptação.

Namorar um cadeirante não é tão diferente ou complicado assim. Duas situações são mais "melindrosas": ir ao banheiro e tomar banho. No fim das contas, tudo se resume ao banheiro. Então basta ter banheiro pra deficiente, que tá tudo bem. As camas não precisam ser altas, ou da altura da cadeira, em qualquer cama entro e saio numa boa, já bolei formas pra facilitar.

E o sexo? Todo mundo pergunta. Uma vez, antes de ser paraplégico, vi um cadeirante chegando no boteco de carro, tirando a cadeira e sentando com amigos. Pensei: "não é tãaaao ruim assim, o difícil mesmo deve ser ficar sem sexo, pois o cara tá paralisado da cintura pra baixo." Essa foi a melhor surpresa pra mim: nem tudo fica paralisado. Na primeira semana depois do meu acidente já tive ereções, e no Sarah aprendi que são duas vias para que elas aconteçam, a mental e a física. Ou seja, a ereção tem duas fontes de "alimentação". Portanto, só o toque, carinho, ou "fricção" já é suficiente para que aconteça. Como minha via mental estava bloqueada, o toque ainda resolvia. Hoje, com a evolução do meu quadro, já tenho sensibilidade na área e contato mental. A limitação que realmente há são as posições. Mas a criatividade e o kama sutra estão aí pra isso...

Em suma, temos um relacionamento maravilhoso, como já namoramos antes pulamos aquela parte chata dos ciúmes descabidos, das briguinhas bobas, vivemos muito bem há dois anos e nos amamos profundamente. O negócio é ser feliz, independente das diferenças!

Não formamos um casal lindo?

quarta-feira, 18 de março de 2009

Direitos do acidentado: fique por dentro


Quando nos acometemos de um infortúnio, principalmente relacionado à saúde, nem pensamos em dinheiro, fazemos de tudo para nos recuperar da melhor forma possível. Mas geralmente a conta sai alta. E se não temos um fundo de reserva, uma poupança, o resultado é sempre dívidas, que de uma forma ou de outra, uma hora devem ser quitadas, se não levarem à falência o devedor. Aí entram os direitos que a lei nos reserva, e pode ser muito útil conhecê-los.
No caso aqui listarei os direitos de quem sofre um acidente de trânsito. O acidentado, quer tenha carro ou não, tem direito a determinados valores cobertos pelo Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT - aquele que proprietários de veículos pagam todo ano). Estes recursos sofreram limitações pela Medida Provisória 451, de 15/12/08. Para receber a indenização destinada a cobrir despesas hospitalares, o acidentado não pode ser atendido em hospital credenciado ao Sistema Único de Saúde (SUS), o que é maioria no Brasil, sendo ressarcido o valor máximo de R$ 2.700,00 (valor congelado desde 2007, enquanto o Seguro Obrigatório que pagamos aumentou 10,6%). Obvio que, se o acidentado for atendido em hospital particular e não tiver plano de saúde, o valor não cobre nem uma pequena cirurgia, se for necessária.
Pra piorar, o acidentado terá de arcar com os valores do procedimento realizado em seu benefício e, depois de receber alta, solicitar o reembolso ao Dpvat (dentro do limite de 2,7mil). Com a nova medida, poucas vítimas de acidente de trânsito deverão recorrer ao Dpvat para reembolso das despesas hospitalares, sobrando mais dinheiro para as seguradoras.
Há ainda a indenização por invalidez permanente (mutilação, paraplegia, tetraplegia) no valor de 13,5mil. O processo de requisição é similar, o que manda é o laudo do Detran.
Outro direito que não podemos esquecer é o benefício do INSS. Mesmo se estiver desempregado, se não estiver há mais de dois anos sem trabalhar, o acidentado tem direito ao auxílio-doença. O valor varia de acordo com o tempo de contribuição. O auxílio-doença é o benefício concedido aos segurados do INSS impedidos de trabalhar por doença ou acidente por mais de 15 dias consecutivos. Equivale a 91% do valor do benefício. Para concessão de auxílio-doença é necessária a comprovação da incapacidade em exame realizado pela perícia médica da Previdência Social.
Nessa hora a família é fundamental, enquanto você se recupera no hospital, eles podem encaminhar a documentação. O quanto antes, melhor, mas não pode é deixar pra depois, senão perde-se os prazos e também os direitos.

terça-feira, 17 de março de 2009

Comparativo entre carros para deficiente

Como disse no post da novela da compra do carro, fiz um comparativo entre os modelos disponíveis no mercado que se encaixavam nos padrões que a lei estabelece: até R$ 60.000,00, potência até 127cv e automático. Agora publico meu comparativo, atualizado. Muitos modelos excelentes, como o novo Ford Focus, tem que ficar de fora da lista pois ultrapassam a potência. Um absurdo isso, difícil entender o porque deste limite, será que acham que os deficientes vão sair correndo? Acredite, a maior parte, como eu, não vê graça mais em velocidade...
Vamos ao comparativo. Os modelos estão em ordem alfabética, seguidos dos principais atrativos, sendo que alguns itens são simplificados como vidro elétrico (VE), trava elétrica (TE) e retrovisores elétricos (RE). Não coloquei itens como para-choques e retrovisor da cor do veículo, pois quase todos tem. Após o nome de cada modelo destaquei a potência, o volume do porta-malas (em litros) e o preço da versão básica, com isenção este valor cai entre 25 e 30%.


Citroen C3 1.6 Flex Aut. 113cv - 305L (R$ 45.780,00): Alerta sonoro de velocidade, Ar condicionado, Banco do motorista com regulagem de altura, Banco traseiro bipartido, Barras de proteção no teto e duplas nas laterais, Brake light, Chave com dispositivo antifurto transponder, Computador de bordo, Freios com ABS + EBD + AFU, Preparação para som, Rodas em ferro 15”, Volante com regulagem de altura e profundidade, VE, TE, RE

Chevrolet Astra Sedan 2.0 Flex Aut. 127cv - 460L (R$ 52.780,00): Acionamento à distância (Keyless Entry System), por rádio freqüência, dos sistemas: central de travas elétricas e fechamento automático dos vidros das portas, Ar Condicionado, Direção Hidráulica, Trio Elétrico, Rodas de Alumínio 15”, Mostrador digital, Abertura do porta-malas à distância, AirBags frontais para motorista e passageiro, Transmissão Automática de quatro velocidades.

Chevrolet Meriva 1.8 Flex Easytronic 114cv - 390L (R$ 45.879,00): Acionamento à distância (Keyless Entry System), por rádio freqüência, dos sistemas: central de travas elétricas e fechamento automático dos vidros das portas, Ar Condicionado, Alarme anti-furto com ultra-som, Brake light, Direção Hidráulica, Preparação p/ som e antena de teto, Rodas de aço 14" com calotas, Tampa do combustível com acionamento elétrico, Trava para crianças, TE com travamento automático a 15km/h, VE, Transmissão Easytronic de 5 velocidades.

Fiat Stilo 1.8 Flex Dualogic 114cv - 380L (R$ 53.361,00): Abertura elétrica do porta malas e do tanque, Ar condicionado, Banco traseiro bipartido, Brake light, Computador de bordo a e b, Dual drive - direção elétrica com dois programas de condução (city), Faróis de neblina, Fps (fire protection system), My car fiat, Piloto automático, Porta-luvas superior (refrigerado) e inferior, Rádio CD Player com RDS e MP3/WMA, RE com luzes de direção integradas, Rodas em liga leve 16", TE com travamento a 20km/h, VE dianteiros com one touch e antiesmagamento, Volante com regulagem em altura e profundidade.

Honda Fit 1.4 Flex Aut. 101cv - 384L (R$ 55.625,00): Air bag frontal duplo, Transmissão Automática de 5 velocidades com shift hold control, rodas de liga leve 15”, direção com assistência elétrica progressiva, antena no teto, brake light, ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura, bancos traseiros reclináveis, chave com comando das portas e alarme, coluna de direção ajustável em altura e profundidade, computador de bordo, porta-luvas duplo, rádio cd player com MP3, travamento elétrico do bocal de abastecimento, travamento automático das portas acima de 15km/h, VE, RE

Nissan Livina 1.8 Flex Aut. 126cv - 449L (R$ 55.090,00): Câmbio automático de 4 marchas com função overdrive, Acelerador eletrônico do motor (drive by wire), Ar-condicionado, Direção elétrica com assistência variável, Encosto do banco traseiro rebatível, 2 porta-copos dianteiros e 2 traseiros, Retrovisores externos retráteis e com regulagem elétrica, Travamento central interno das portas e do porta-malas, Vidros dianteiros e traseiros elétricos com função one-touch para o motorista, Volante de 3 raios com regulagem de altura, Rodas de aço estampado com calotas integrais 14" e pneus 185/70R14, Airbag frontal para motorista, Barras de proteção laterais, Repetidores laterais de direção.

Peugeot 207 SW 1.6 Flex Aut. 113cv - 310L (R$ 50.700,00): ABS, Alarme, Ar-condicionado com controle automático de temperatura, Brake-light, Computador de bordo, Direção hidráulica, Faróis com acendimento automático, Faróis de neblina, Vidro da tampa do porta-malas com abertura independente, Sensor de chuva, Tela multifunções no painel central, TE nas portas e porta-malas, Rodas de liga leve 15".

Renault Scenic 1.6 Flex Aut. 115cv - 410L (R$ 55.700,00): Air bag duplo, ar condicionado, compartimento refrigerado, banco do motorista com ajuste de altura e lombar, dir. hidráulica, rodas liga 15”, computador de bordo, alarme, volante com revestimento em couro, brake light, faróis de neblina, travas elétricas das portas, porta-malas e tampa do tanque com comando à distância

Toyota Corolla 1.6 Gas. Aut. 110cv - 470L (R$ 59.990,00): Rádio com CD player e mp3, Antena no teto, Ar-condicionado integrado frio e quente (manual), Coluna de direção com regulagem de altura e profundidade, Comando interno de abertura do porta-malas e da tampa do tanque de combustível, Computador de bordo, Freio com ABS a disco nas 4 rodas, Hodômetro total/parcial digital, Direção Hidráulica, Trio Elétrico, Mostrador digital, AirBags frontais para motorista e passageiro, Transmissão Automática

Volkswagen Golf 2.0 Flex Aut. 120cv - 330L (R$ 56.660,00): 4 alto-falantes e 4 tweeters, Acelerador eletrônico, Alarme keyless, Antena no teto, Ar-condicionado, Banco e encosto traseiros rebatíveis, Coluna de direção com ajuste de altura e profundidade, Computador de bordo, Direção hidráulica, Faróis duplos, Função tilt-down - rebatimento automático do espelho retrovisor do lado direito ao engatar a marcha ré, Regulador da força de frenagem em função da carga, Rodas de liga-leve aro 15", Sensor eletrônico de estacionamento, Tampa do bocal do tanque com chave, Transmissão automática de 6 velocidades, TE das portas com contr ole remoto, VE.

sábado, 14 de março de 2009

A adaptação do carro




Muita gente me pergunta sobre a adaptação feita no carro, se foi complicado fazer, se precisa treinar muito, ou até se muda muito o jeito de dirigir. A coisa é muito simples: uma barra de ferro soldada embaixo do volante ligada ao acelerador e ao freio. Puxando a barra, o carro acelera, empurrando, freia. Nada mais simples. Demorei uns dois minutos para aprender a dosar a aceleração e frenagem e hoje dirijo normalmente, do mesmo jeito que eu dirigia antes do acidente. Só estou maneirando um pouco na velocidade, perdeu um pouco a graça.
O modo de freiar o carro demanda um pouco de atenção, é necessário empurrar a barra fortemente, garantindo a pressão certa no pedal.
A barra pode ser instalada do lado direito ou esquerdo, de acordo com a preferência do condutor, mas sendo do lado esquerdo, como é o meu caso, é necessário ficar atento antes das curvas, pois é preciso tirar a mão do acelerador para acionar a seta. Há uma outra adaptação neste caso, que preferi não instalar, uma extensão da seta para o outro lado do volante, através de uma barra em curva.
O pomo giratório achei meio feio e desnecessário no início, mas com o tempo achei uma mão na roda pra manobrar e estacionar, ajuda bastante. Ajuda também a direção do Stilo, que é a mais leve que já vi. Em suma, a vantagem pra mim agora é que tenho o carro totalmente "na mão".

sexta-feira, 13 de março de 2009

A novela da compra do carro


Com a carteira de habilitação na mão, iniciei o processo para adquirir um carro novo com isenção de IPI e ICMS. A primeira coisa que fiz foi um comparativo entre os veículos disponíveis no mercado que preenchessem as condições, no meu caso, ser automático nos limites de até 60 mil reais e até 127cv de potência. Na época (dez/07) as opções do mercado eram VW Golf, Ford Focus, Chevrolet Astra e Meriva, Fiat Stilo, Toyota Corola, Honda Fit, Peugeot 206 e Renault Scenic. Decidi pelo Fiat Stilo Dualogic, por ter o maior número de equipamentos e um porta malas razoável (para transporte da cadeira de rodas). Me dirigi a uma concessionária da marca (Automax, em BH) para fazer o teste de entrar e sair do carro a partir da cadeira de rodas e minha namorada fez o teste de colocar a cadeira no porta malas, se cabia bem e sobrava algum espaço. O carro ainda estava no estoque da Automax, pois não tinha sido oficialmente lançado, e o vendedor me levou à garagem para mostrar o carro e fazer os testes. Confesso que não foi o mais fácil de entrar, mas no resto era muito superior aos outros, e digo hoje que eu não poderia estar mais satisfeito.
O primeiro passo foi procurar a Receita Federal (RF) com a documentação em mãos - eu já havia verificado na Internet os documentos necessários, no seguinte link:
http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/Ins/2006/in6072006.htm
A RF deve ser o primeiro passo porque a Receita Estadual (em Minas) pede o documento final de isenção do IPI emitido pela RF para dar prosseguimento (burocracia desnecessária que só atrasa o processo).
Em seguida fui à Receita Estaudal, também com a documentação em mãos, no caso de minas, são as do link:
http://www.fazenda.mg.gov.br/empresas/legislacao_tributaria/ricms_2002_seco/anexoi2002_3.htm#parte1it27
Claro, cada órgão tem seu tempo de espera, na RF acredito que foram 45 dias e na RE uns 60. No fim das contas, consegui fazer o pedido do carro em abril de 2008, como tinha fila de espera, a previsão de entrega era em 60 dias, mas no meio de maio o carro chegou. Fim da novela? Que nada, ainda tinha que fazer a adaptação e levar ao Inmetro para liberar o carro. Mas isso a própria concessionária intermediou pra mim e no final do mês peguei o tão sonhado (e esperado) carro, o que melhorou muito a minha vida, permitindo mais fácil mobilidade, viagens, etc. Hoje saio de casa sozinho, desmonto a cadeira e coloco no banco do passageiro, procuro uma vaga específica para deficiente (outra novela, incrível como tem gente que ainda desrespeita isso e para nestas vagas). Ah, ainda teve outro trabalhinho, tirar a autorização do BHTrans para estacionar nas vagas de deficiente, mas como eu já tinha feito isso para meu antigo carro (um Palio, inadaptável pois não é automático) foi só ir lá e trocar a placa, o único processo fácil e rápido, na mesma hora saí com a autorização.
Em resumo, os principais documentos para solicitar o carro são:
I - laudo de perícia médica fornecido pelo Departamento de Trânsito do Estado - DETRAN, onde estiver domiciliado o interessado, que:
a) especifique o tipo de deficiência física;b) discrimine as características específicas necessárias para que o motorista portador de deficiência física possa dirigir o veículo;
II - comprovação de disponibilidade financeira ou patrimonial, do portador de deficiência, suficiente para fazer frente aos gastos com a aquisição e a manutenção do veículo a ser adquirido;
III - cópia autenticada da Carteira Nacional de Habilitação, na qual conste as restrições referentes ao condutor e as adaptações necessárias ao veículo;
IV - cópia autenticada do CPF e RG;
V- Comprovante de residência.
E um pouco de sorte...
Até que não achei tãaaao demorado como alguns dizem, meu processo todo, até por as mãos no carro demorou cinco meses, o último foi esperando o carro chegar, pois havia fila de espera na época.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Voltando a dirigir

Uma das primeiras atividades que eu quis voltar a fazer foi dirigir, e aqui conto o processo.

O primeiro passo para adaptar sua carteira de habilitação é procurar uma auto-escola especializadas no assunto, que possua carros automáticos ou semi-automáticos adaptados para deficientes. O exame médico para deficientes deve ser realizado no DETRAN e é praticamente igual ao realizado nas clínicas. O médico fará perguntas a respeito de sua deficiência, examinando o membro defeituoso se for o caso.
Em seguida você marca as aulas práticas, eu fiz só cinco aulas, mas o ideal é fazer até se sentir seguro com o equipamento. Existe dois tipos de carros para deficientes: os equipados com câmbio automático ou semi-automático (ideal para paraplégico e tetraplégico) e os adaptados (para outros tipos de deficiência, geralmente mais leves).

Quando se sentir à vontade com um carro adaptado, peça à auto-escola para marcar o exame prático, de preferência com o próprio carro da auto-escola. O circuito é bastante simples e é obrigatória a baliza. É só treinar bem, os carros automáticos são mais fáceis de "domar" na hora da baliza, sem contar que eles não "morrem" de jeito nenhum.
Se passar no exame prático, o Detran emitirá uma nova carteira de habilitação, com uma observação sobre as adaptações que seu carro deve ter (cambio automático ou modificado, pomo giratório, acelerador e freio manuais) e você estará pronto pra dirigir.
No próximo post conto a 'novela' da compra do carro.

Empresa de Campinas tem próteses articuladas

Vejam no vídeo abaixo o que já é uma alternativa de voltar a andar para muitos deficientes:

Mais informações no site www.ottobock.com.br.

"LUCA é o primeiro personagem cadeirante dos Gibis da Turma da Mônica"

Fã do cantor Herbert Vianna e da banda Paralamas do Sucesso, ele foi apelidadopelos novos amiguinhos de Paralaminha e Da Roda
Chegou às bancas de todo o Brasil no dia 20 de dezembro de 2004, a edição do Gibi da Mônica nº 222, que trouxe uma surpresa para os fãs da Turminha: a estréia do personagem Luca, um garoto cadeirante, amante dos esportes, principalmente de basquete, que foi apelidado carinhosamente pelos novos amiguinhos de “Da Roda” e “Paralaminha”, por ser muito fã do cantor Herbert Vianna e da banda Paralamas do Sucesso.
Segundo Mauricio de Sousa, Luca será responsável por mostrar às outras crianças as possibilidades de uma infância feliz, interativa, independentemente de qualquer deficiência física. “É a inclusão social sendo exercitada também no mundo ficcional dos quadrinhos”, disse o desenhista, que já adianta: “Por ser bonitinho, o Da Roda vai ganhar, de vez em quando, alguns olhares meigos das meninas da Turma”, brinca.
Luca foi o segundo personagem portador de deficiência que entrou para a Turma da Mônica em 2004. A primeira, Dorinha, é uma garotinha cega, que chegou às bancas no final de novembro. “Faz tempo que tinha a idéia de criar personagens com algum tipo de deficiência. Crianças deficientes que se superam sempre, me parecem uma boa referência para ser passada aos nossos milhões de leitores. E como é do nosso estilo e proposta, sempre em histórias alegres, divertidas, com algumas mensagens e valores positivos nas entrelinhas, mostrando a realidade dos personagens, os seus encantamentos e até mesmo um ou outro desencantamento também”, argumentou o criador da Turma da Mônica.

Bem-vindo ao blog do cadeirante


Meu nome é Alessandro, sou paraplégico e pretendo compartilhar aqui informações sobre o dia-a-dia de um cadeirante, minhas dificuldades e as novidades científicas na área.

Fiquei paraplégico devido a um acidente de moto em julho de 2006. Eu estava fazendo mestrado em finanças na Universidade de Santa Catarina, em Florianópolis e vim de férias pra Minas, visitar meus pais e amigos. Fui a Viçosa, onde morei por 13 anos, e quando estava indo pra Belo Horizonte passei na loja de um amigo que tinha comprado uma moto nova, e pedi pra dar uma volta. Fui até a Universidade, que estava em férias, e acelerei em uma reta. Nisso, um trator saiu de uma fazenda experimental e atravessou na minha frente. Na frenagem, a moto me lançou e bati com a cabeça no chão (óbvio que estava com capacete, senão não estaria aqui), o peso do meu corpo sobre a cabeça explodiou minha vértebra T2, quebrando ainda a T3. Tive escoreações pelo corpo, machucando bastante a mão e o tornozelo. A pancada lesou parcialmente minha medula no nível C7-T1, causando paraplegia, perda dos movimentos e sensibilidade dos mamilos pra baixo. Fiz uma cirurgia de artrodese (colocação de uma estrutura de titânio no lugar da vértebra), fiquei quatro dias no CTI e depois mais dois meses internado. Logo em seguida me internei no Sarah, excelência em reabilitação, e aprendi a me virar dali em diante. Hoje recuperei parcialmente os movimentos e sensibilidade até a cintura, fico de pé com talas nas pernas e consigo fazer quase tudo sozinho. Moro com a namorada, Giordana, e temos uma gatinha. Não trabalho ainda, mas faço aplicações na bolsa, e estou estudando para concurso. O mestrado tranquei, e pedi transferência pra Minas, mas até hoje não me deram uma resposta. E a vida continua!!

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