terça-feira, 29 de setembro de 2009

Herança bendita


Ao que tudo indica, a "febre" da gripe suína está acabando. Não vejo mais ninguém na rua de máscara e os dados de óbitos pela gripe diminuíram. Mas essa gripe trouxe um bom hábito a todos, lavar as mãos com frequência e, no meu caso, carregar este frasquinho aí de cima no "kit".
Não sei como não pensei nisso antes, para nós cadeirantes deve ser item obrigatório no dia a dia, afinal é sempre difícil encontrar uma pia que encaixe a cadeira e dê distância para lavar as mãos. Depois que passei a usar o álcool gel percebi o quanto já comi de bactérias por pegar sanduíches, pãos, biscoitos e afins com as mãos sujas. Por mais que se limpe a cadeira frequentemente (minha namorada limpa umas três vezes por semana) o aro sempre contém sujeira, pois fica muito perto do chão, e no gira-gira traz um sem número de impurezas, poeira, etc. Se passamos por uma poça na rua, com certeza respinga no aro, e depois vai para nossas mãos.
Portanto, a herança bendita que a gripe suína nos trouxe foi o aumento da higiene no dia a dia, pois a maior parte das pessoas não lava a mão antes de comer. Uma vez que vira hábito a gente não esquece de higienizar as mãos e garante assim menos exposição a bactérias e mais qualidade de vida.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O "Kit"


Entre as diversas mudanças de hábito que a cadeira de rodas me trouxe, uma delas eu apelidei de "kit cadeirante". Como não dava mais para colocar a carteira no bolso de trás da calça, passei a carregá-la no bolso da frente. Com o tempo percebi que até isso é complicado de fazer quando não dá pra dar uma levantadinha. Também percebi que não bastava mais carregar só a carteira onde quer que eu fosse, tinha que levar também chave, documento do carro, e as novidades: coletor urinário, saco coletor, caixa de remédios, e muitas vezes acrescentar material para fazer o cateterismo.
Como fazer então para levar essa tralha toda sem cair tudo? Que "recipiente" eu poderia usar, já que a moda das pochetes ficou enterrada (felizmente) nos anos 80? Poderia carregar uma pochete assim mesmo, porque uma vantagem da cadeira de rodas é que as pessoas olham mais pra ela do que pra você, e no caso os fins justificam os meios. Mas achei mais "muderno" e menos mico carregar uma bolsa tipo necessaire. Pra não ficar falando esse nominho grande e afrescalhado achei melhor colocar outro nome, e kit veio a calhar, porque afinal de contas, é um kit mesmo.
Kit cadeirante! Em breve à venda em uma farmácia perto de você! Brincadeira, apesar da boa idéia não tenho queda para ser comerciante. E também já existem no mercado algumas alternativas interessantes, como as bolsas e pochetes da Modus Ateliê. Mas eu ainda prefiro meu kit... bem que a Nokia podia perceber o merchandising que fiz aqui e me dar um celular novo, heim?

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Pesquisa sobre Mercado de Trabalho para Deficientes

Conheci através do blog a Beatriz Minervino, estudante de administração de empresas na UNIP - Campos Paraiso em Sao Paulo, que está fazendo uma pesquisa de final de curso sobre a Capacitação e o Desenvolvimento da Pessoa com Deficiência para o Mercado de Trabalho. É um tema muito importante e de utilidade pública, todos sabem o quanto é complicado o deficiente físico conseguir um cargo relevante e que considere todas suas limitações e necessidades.
Para realizar a pesquisa ela precisa de voluntários para responder à pesquisa sobre os deficientes e o mercado de trabalho. Quem se candidatar é só preencher as questões abaixo e mandar para a Beatriz no e-mail biaminervino@gmail.com. Vamos contribuir!!

PERFIL

Nome:
Idade:
Onde mora:
Tipo de deficiência:
Adaptabilidade Necessária:
Nível de escolaridade:

QUESTIONÁRIO

1. Descreva por favor sua experiência profissional. Onde já trabalhou, em qual função e por quanto tempo

2. Qual sua experiência com o pré-conceito e com a super proteção?

3. Você já participou de algum programa de capacitação ou curso? Em caso positivo, por favor, descreva como e onde foi esse programa.

4. Após o processo de capacitação, você se sentiu mais preparada para o trabalho?

5. Quais são suas potencialidades e dificuldades?

6. Em relação à lei de cotas, qual sua opinião?

7. Você já recebeu algum auxílio do governo?

8. Qual medida você sugeriria ao governo para auxiliar as pessoas com deficiência no mercado de trabalho?

9. Qual mudança você sugeriria a empresa que você trabalha (ou a escola em que estuda) para facilitar/ estimular seu desenvolvimento profissional?

10. Quais são seus objetivos e planos para o futuro?

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Campanha do milagre

Fantástica a campanha criada pela PragmaDDB para a Comisión Especial de Discapacidad – Congreso de la República del Perú (Comissão Especial sobre Deficiência – Congresso Nacional do Perú) sobre a falta de respeito que muitas pessoas têm sobre as vagas reservadas aos deficientes físicos em diversos estabelecimentos.
Uma bela lição aos espertinhos que acham que ninguém vai perceber se ele parar "só uns minutinhos" na vaga para deficiente. Deviam fazer por aqui também.

Quem nunca passou por isso?

Eu já vivenciei esta situação várias vezes. A vontade que dá é pegar um sujeito desses e amarrá-lo a uma cadeira de rodas, em seguida mandá-lo tentar subir uma calçada sozinho. Enquanto ele não conseguir, não soltar o infeliz. Seria uma grande lição. Além, é claro, de lhe aplicar uma pesada multa.

Transporte alternativo ecologicamente correto

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Debridamento cirúrgico


Ontem fiz uma mini-cirurgia, um debridamento para retirar um pouco de tecido morto da escara, essa casca que aparece na foto. Eu já tinha ouvido falar o quanto é difícil a escara fechar, mas não sabia que era tanto. E pensar que ela começou com um simples machucado nas costas na hora de entrar no carro.
Apesar da paraplegia, os médicos queriam aplicar anestesia. Eu disse, claro, que não precisava, pois tinha pouca sensibilidade. Mas me arrependi, na hora senti dor pra caramba, parecia mesmo que estavam tirando meu couro. E estou sentindo até agora. Não foi tão ruim, pois minha sensibilidade realmente está boa, e tenho grande resistência à dor. No dia eu estava com tanta dor nas pernas que minimizou a dor na escara.
Mas as perspectivas pós-debridamento são boas, os médicos disseram que a escara está bem superficial e está diminuindo bastante, mais uns três meses e sara. Isso ainda me impressiona, eu passei a vida me machucando pelas montanhas de bike, e os machucados não duravam um mês. Mas a realidade do lesado medular é outra, a cicatrização é mais lenta e os machucados abrem com mais facilidade. O negócio agora é minimizar os movimentos e não fica muito tempo na mesma posição. E talvez ainda seja necessário outro debridamento daqui a um mês. E espero que essa seja minha primeira e última escara.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Hoje é o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência


O dia 21 de setembro, além de dia da árvore é também o dia nacional de luta das pessoas com deficiência. Este dia foi instituído pelo movimento social em Encontro Nacional, em 1982, com todas as entidades nacionais. Porém, só foi instituído legalmente em 2005, por meio da lei nº 11.133/2005 através de ação do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (CONADE). Este ano também é comemorado os 200 anos de Louis Braille, inventor do Braille, sistema de escrita e leitura para as pessoas cegas, que hoje garante aos cegos o acesso à educação e às diferentes formas de se comunicar.
Foi escolhido o dia 21 de setembro pela proximidade com a primavera e o dia da árvore numa representação do nascimento de nossas reivindicações de cidadania e participação plena em igualdade de condições.
Esta data é comemorada e lembrada todos os anos desde então em todos os estados; serve de momento para refletir e buscar novos caminhos em nossas lutas, e também como forma de divulgar nossas lutas por inclusão social.
Teoricamente, os 14,5% da população – número de pessoas, segundo o IBGE, que possui algum tipo de deficiência –, tem muito o que comemorar. No papel, o País é um grande defensor dos direitos dos deficientes. Desde 2001, o Brasil integra a Organização dos Estados Americanos (OEA) na Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas com Deficiência. Em 2008, foi ratificada pelo Congresso Nacional a inclusão do País na Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU), que propõem medidas duras para garantir maior abrangência à política nacional de atendimento às pessoas com deficiência. Há mais de 20 anos, vigora lei federal que garante o acesso do segmento aos direitos básicos como saúde, educação, emprego e moradia. Isso tudo, porém, é a teoria.
Na prática, a maior parte dos deficientes físicos brasileiros ainda enfrenta barreiras. A primeira delas – e, talvez, a mais importante – é a falta de conhecimento de seus direitos. Este tem sido o objetivo deste blog e de tantos outros que abordam este tema. Neste sentido a Internet é uma valiosa ferramenta de informação e troca de experiências. E também de denúncia, que muitas vezes se transforma em ação para garantir nossos direitos.

domingo, 20 de setembro de 2009

21 de Setembro - Dia da Árvore


'Quando a última árvore...
...tiver caído,
quando o último rio tiver secado,
quando o último peixe for pescado,
vocês vão entender que dinheiro não se come.
"Martin Luther king"

A Natureza aclama sua ajuda.
Neste último século, o meio ambiente vêm sofrendo uma grande e acelerada transformação. E muitas destas alterações na natureza são praticamente irreversíveis a curto ou médio prazo. Se continuarmos com o mesmo ritmo de desenvolvimento, sem procurarmos estabelecer limites ao manejo e preservação dos recursos ambientais, a qualidade de vida no planeta diminuirá drasticamente.

Alguns dados alarmantes sobre o meio ambiente:
Entre dois e sete milhões de pessoas sofrerão anualmente com inundações, principalmente nas áreas costeiras onde a pressão demográfica aumenta e nos grandes deltas da África ocidental, da Ásia e do Mississippi. As populações pobres, incluindo as dos países desenvolvidos, serão as mais vulneráveis à mudança climática.
Antes do ano 2080, estimam os especialistas no documento de 1400 páginas, até 3,2 mil milhões de pessoas estarão expostos a uma severa escassez de água e 600 milhões à fome por causa das secas e da degradação e salinização do solo.

Os cientistas advertiram que o aquecimento afectará todas as formas de vida na Terra. "Entre 20 e 30 por cento das espécies vegetais e animais terão um risco crescente de extinção se o aumento da temperatura mundial se situar entre 1,5 e 2,5 graus centígrados por comparação a 1990", advertiu o IPCC.

A incidência de furacões nível 5 está aumentando consideravelmente. Em 2005, somente em torno do Oceano Atlântico, foram registrados 15 do tipo;
Nas últimas décadas, a média da temperatura mundial foi elevada em 0,7°C. No sul do Brasil, o aumento foi de 1,4°C;
Em 2005, aconteceram 360 desastres naturais, um aumento de 18% em relação a 2004; Em 25 anos, 620 mil mortes foram registradas em virtudes de desastres naturais; Desmatamentos e queimadas lançam, anualmente, mais de 200 milhões de toneladas de carbono na atmosfera;
Entre 2002 e 2005, a Amazônia perdeu 70.000km² de seu território em virtude de desmatamentos e queimadas indiscriminadas;
Até o final do século, prevê-se um aumento de até 7°C na temperatura da região semi-árida do nordeste brasileiro;
Atualmente, cerca de 1,2 bilhões de pessoas se encontram no estado de alta pobreza devido às condições climáticas de suas regiões;
Nos próximos 50 anos, o nível do mar deve subir entre 30 e 80cm, devido ao derretimento das calotas polares;
O aumento de temperatura registrados nos últimos 50 anos foi de 3°C;
O Brasil é quarto maior poluidor do planeta;
Nos últimos 12 anos, na Antártica já foram perdidos 14km² de gelo;
O prejuízo estimado com os desastres ambientais dos últimos 10 anos é de 570 bilhões de dólares;

Denuncie:
Denúncias relacionadas a agressões ambientais podem ser tratadas diretamente com o IBAMA, através da Linha Verde. A Linha Verde é um canal do Ministério do Meio Ambiente que, por meio da Ouvidoria do IBAMA, acolhe denúncias, sugestões e reclamações ligadas a temas ambientais.
Sua denúncia pode ser feita gratuitamente pelo telefone 0800-61-8080 ou pelo e-mail linhaverde.sede@ibama.gov.br
É necessário informar os dados mais precisos, para que a apuração da denúncia seja acelerada.

Seja voluntário da natureza.
Faça desse dia 21, um dia Especial para você, PLANTE UMA ARVORE.
Salvar a natureza, é salvar a própria vida.


Por Marcio Demari
PLANETA VOLUNTÁRIOS
Porque ajudar faz bem !
A maior Rede Social de Voluntários e ONGs do Brasil !!!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Prédio do CEPEAD

Desde o início de agosto tenho tido o prazer de voltar às aulas, e como não poderia deixar de ser, avalio aqui o prédio em que funciona o Centro de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (CEPEAD) da UFMG do ponto de vista de um cadeirante. O prédio é novo, tem quatro andares e uma área considerável. Em todos os andares há secretarias e laboratórios de um lado e salas de aula do outro.
No estacionamento há oito vagas para deficiente bem na frente da portaria de tráz, como visto na foto abaixo. São excelentes as vagas e os porteiros sempre ajudam a tirar e montar a cadeira, minimizando o esforço. A entrada é por roletas e controle via cartão magnético, mas há uma portinha para passar uma cadeira de rodas. Na última semana passaram a colocar um cadeado na portinha pois muita gente estava aproveitando e passando por ela sem necessidade. E já presenciei uso indevido das vagas, um carros desembarcando materiais. O responsável me viu chegando e parando na vaga ao lado e deu uma bronca nos pobres carregadores, que devem ter parado ali por ordem dele mesmo.
O prédio é composto por blocos e em todos os blocos há elevadores. O que acho interessante é a sistemática de banheiros adaptados nos blocos de sala de aula: em uma torre é feminino, na outra masculino e na outra feminino. Os banheiros são ótimos, bem amplos e com barras de apoio.
No térreo do prédio há uma lanchonete/restaurante que serve self-service de qualidade e a bons preços. Mas, como nem tudo são flores, a crítica que faço ao prédio não é como cadeirante, mas sim como aluno: não há ventiladores nem ar condicionado nas salas, e à tarde esquenta muito, e nas aulas com slides fecham a janela para diminuir a claridade e o efeito é visto na cara dos professores e aluno, suor e muito calor.
Como tem tudo no prédio, nem saio de lá, mas já dei algumas voltas por outros prédios e há muito o que fazer nas calçadas, irregulares e cheias de buracos. A maior parte das ruas é de pedra fincada, mas há passagens de cimento para interligar os prédios, bem tranquilo pra cadeira de rodas.
A vista das salas de aula que é o ponto alto, muito verde e o gigante da Pampulha ao fundo, o Mineirão. Dá até vontade de dar uma voltinha lá pra ver se tem algum jogo. Conheço muitos campus pelo Brasil, acho o da UFV o mais bonito, mas a UFMG também tem seus encantos.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Hotel adaptado em Ouro Branco

No último fim de semana estive no Hotel Serra Palace, em Ouro Branco, a 100 km de Belo Horizonte. Procurei me informar antes e disseram que havia um quarto adaptado pra deficiente, fui lá conferir. O acesso ao hotel é ótimo, tem rampa nos acessos e o hall não tem obstáculos.
Porém o estacionamento é muito ruim, não tem vaga específica pra deficiente, perto da entrada, e as vagas são todas descobertas e aleatórias, não são dedicadas exclusivamente aos hóspedes. Portanto, se alguém vai lá só para almoçar (o restaurante é liberado) e o estacionamento lotar, os hóspedes ficam reféns das vagas que sobrarem, se sobrarem. Peguei a última vaga disponível, mais longe da portaria, e com risco de algum descuidado pegar a traseira do meu carro, que ainda por cima ficou no sol.
O acesso ao quarto é bom, porta ampla, e tem um sistema de chave moderno, daquelas tipo cartão que a gente coloca num suporte para acender as luzes. A entrada para o banheiro só é acessível se a cama for arrastada e ficar bem próxima à bancada, tipo mesa de escritório, que ocupa toda a parede, mas isso não atrapalha em nada. O espaço no banheiro é muito bom, a cadeira de rodas entra no box, mas não há cadeira própria para banho, tive que colocar a cadeira de plástico que havia na bancada. Há duas pias, uma mais baixa para cadeirante, o que é muito importante e me surpreendeu, nunca havia visto antes. Mas o vaso não tem as barras para apoio e transferência, ainda bem que não precisei utilizar. De acordo com funcionários, fui o primeiro cadeirante a usar o quarto, e que o mesmo ainda está em fase de adaptação. Espero que seja finalizado em breve.
O hotel conta com uma piscina com cascata na área externa ao restaurante, e aí sim eles pecaram na acessibilidade. Há um degrau para a piscina e não há nem uma rampa móvel para descer com cadeira de rodas, tem que descer e subir na mão mesmo, o que é desonfortável e perigoso.
A cidade tem atrativos naturais, como a serra de Ouro Branco, com mirantes e cachoeiras. Tem também uma igreja no estilo das de Ouro Preto no centro da cidade, em frente a uma praça que preserva um coreto. O evento mais importante da cidade é a Festa da Batata, em outubro, que dura uma semana e termina em 12 de outubro, com presença de artistas de renome nacional. O hotel é bem próximo ao centro de eventos onde ocorre a festa. Vale a pena conferir.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Resultado da enquete

Há aproximadamente três meses lancei a enquete com a pergunta "O que mais te incomoda por ser cadeirante?" e o resultado pode ser conferido abaixo:

Deixar de ir a alguns lugares
21 (23%)
Falta de oportunidades de trabalho e diversão
9 (10%)
O jeito que as pessoas olham para você
15 (16%)
Falta de controle da bexiga
45 (50%)


Foram noventa votos e agradeço a todos que votaram e participaram da enquete. Como eu suspeitava, a grande maioria, metade dos votantes, se incomoda com o fato de não controlar a bexiga. É também o que mais me incomoda, apesar de raramente ocorrer um "acidente" na rua, em casa é comum o coletor soltar ou a bexiga se manifestar mais cedo, e aí molha sofá, cadeira, cama, onde quer que eu esteja.
No dia a dia, tenho uma segurança de três horas depois que faço o cat, a não ser que eu tome muito líquido, aí tenho que colocar o coletor mais cedo. Algumas vezes sinto a bexiga cheia e consigo segurar, mas não por muito tempo. Mas é sempre chato ter que colocar coletor, ou ficar preocupado se vai "vazar" ou não. Até que minha bexiga melhorou, no início precisava ficar o tempo todo com o coletor. Eu tomo de oito em oito horas o Retemic, que ajuda a diminuir a espasticidade da bexiga, mas ainda assim tenho algumas surpresas "molhadas". Mas esta prevenção é o melhor que encontrei até hoje para diminuir as urinadas de 15 em 15 minutos, e até que surja outro meio, só o coletor salva.
Em segundo lugar na enquete ficou a opção "deixar de ir a alguns lugares", e também concordo que isso é muito chato. Tenho alguns amigos e parentes que moram em prédio sem elevador, e a não ser que eu leve alguns "carregadores" comigo, não tem jeito de visitá-los. E ainda tem muitos lugares que eu gostaria de ir, como alguns restaurantes e botecos, que pelo tamanho da escadaria me desanimam. Mas no fim das contas, quando alguém marca alguma coisa em lugar com escadas, é só contar com a ajuda de duas pessoas que dá pra subir numa boa, não é também um bicho de sete cabeças.
As outras opções não me incomodam, a terceira, "o jeito como as pessoas olham pra você" já não me incomodava antes da cadeira, agora então, não faz diferença. O problema é das pessoas, não me incomodo com ninguém me olhando torto ou diferente. O que importa é me sentir bem, onde quer que seja. E a última, "falta de oportunidades", a cada dia aparecem mais, e quando não aparecem, botamos a boca no trombone e garimpamos nosso lugar ao sol!
Em breve lanço outra enquete, dêem ideias que serão bem vindas!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Aeroporto de capital de estado sem estrutura

É gente, não tem jeito, todo mundo sabe que é importante atender a todos, que são milhares de cadeirantes no Brasil mas além de encontrarmos até mesmo repartições públicas sem adaptação para cadeira de rodas, até os lugares mais direcionados ao público EM GERAL, como rodoviárias e aeroportos, não atentam para este detalhe e tomam uma providência concreta para atender e aumentar a segurança deste público.
No último fim de semana fui de avião para Vitória, capital do Espírito Santo, e apesar de não ser a primeira vez (estive lá a pouco mais de um ano) ainda me impressionei com a falta de algum equipamento para auxiliar o embraque e desembarque de um cadeirante. É terrível ter que esperar até conseguir alguém "forte" o suficiente para carregar o cadeirante escada abaixo (ou acima) e ainda assim correr o risco de um acidente no percurso (reparem a cara de força que o cara está fazendo, teve hora que achei que fosse todo mundo pro chão).
Não estou cobrando uma passarela móvel ou um elevador, mas um equipamento como o que existe no aeroporto de São Paulo, que experimentei no ano passado, como o da foto abaixo. Deveria ser um equipamento obrigatório em todos os aeroportos do país, afinal não pode ser tão caro assim, e mesmo que seja, os responsáveis pelos aeroportos tem que zelar pela segurança e bem estar de todos. Não tem?
Mandei e-mails com o ocorrido para ANAC e governo do Espírito Santo. Vamos ver se alguém toma alguma providência. Aproveito para parebenizar os amigos do Sem Barreiras, que através de denúncia e divulgação, conseguiram mudanças na rodoviária de Porto Alegre nesse sentido.

Cadeirantes na praia

Quando estive no Sarah presenciei um auto-preconceito. Estávamos na aula sobre as cadeiras de rodas, modelos, forma de desmontar, essas coisas, quando a instrutora falou que existem cadeiras de rodas próprias para ir à praia, que bóiam e permite até uns mergulhos. Na hora um dos cadeirantes falou: "que praia o que, se eu achar um de vocês na praia dou muita pancada. Que ideia, cadeirante não tem que inventar moda não."
A instrutora tentou explicar que o cadeirante deve pensar justamente o contrário, que é capaz de ir a qualquer lugar, bastam algumas adaptações. Mas o cara era desses radicais e continuou dizendo que quem arriscar vai passar é raiva, e que ia rir muito quando visse uma cadeira atolada na areia.
Nunca mais vi esse cara, apesar de morar aqui em BH, mas acredito que deve estar muito insatisfeito e recluso dentro de casa, sofrendo. Pior que preconceito alheio é o preconceito que a pessoa tem com ela própria. Por achar que vai incomodar, por achar que as pessoas vão ficar olhando, por achar que por estar em uma cadeira de rodas deve ficar em casa, as pessoas não vivem.
Este fim de semana fui a Guarapari, nova morada dos meus pais, e me surpreendi com algumas coisas. De positivo, a orla das praias em que estive está totalmente urbanizada, com calçada larga, boa iluminação (inclusive na praia - foto abaixo) e quiosques de alvenaria. As orlas agora tem bastante espaço para andar ou rodar com segurança, são bem arborizadas e tem lixeiras por todo o trajeto. De negativo, nem todas as esquinas tem rampa e as calçadas são muito irregulares e apertadas em alguns pontos.
Então, porque um cadeirante não pode ir à praia? Estou falando aqui só de passear pela orla ou parar em um barzinho pra comer um peixe e tomar uma cerveja, pois nunca fui muito fã de ficar tostando na areia, mas o banho de mar eu sempre gostei. E se der na telha, vou pro mar, mesmo sem uma cadeira adaptada, desde que não tenha muita onda e nem seja fundo. O problema com essas cadeiras "anfíbias" é o preço, mas nas grandes cidade como o Rio de Janeiro, já há algumas unidades compradas pelas barracas de praia, de acordo com o post que vi no Mão na Roda.
Então meu amigo, não tem essa de ficar em casa não, cadeirante é gente como todo mundo e tem direito de fazer o que gosta, onde quer que seja.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Cadeira para cadeirante fazer sexo

Um dos assuntos mais polêmicos envolvendo cadeirantes, paraplégicos, tetraplégicos e mamulengos em geral é o sexo. Quem não é deficiente não sabe se é possível, alguns que são às vezes ficam com medo de tentar e piorar sua situação e outros não estão nem aí e querem mais é se divertir. Me encaixo no último grupo e afirmo que problema não traz não, pelo contrário, algumas vezes sinto até melhora de sensibilidade em alguns pontos e até alguma resposta muscular.
Para auxiliar e incentivar pessoas que tem alguma dificuldade motora, já existe nos Estados Unidos uma empresa que desenvolve uma série de produtos que facilitam a vida tanto de cadeirantes quanto de pessoas com outros problemas físicos ou musculares, é a Intimate Rider. Para se ter uma ideia, o vídeo abaixo mostra uma cadeira própria para praticar sexo com cadeirantes, sejam paraplégicos, tetraplégicos ou atrofiados. O vídeo está em inglês, mas basicamente diz que a cadeira auxilia nos movimentos e exemplifica algumas posições sexuais que ela facilita.
Mas convenhamos, não é necessária uma cadeira própria pra isso, basta criatividade, amor, e, às vezes, um pouco de paciência. Mas fica a dica, pode ser bom até para apimentar a relação!
De brinde uma linda cena de amor de uma novela mexicana chamada Mientras Haya Vida (Enquanto há vida) que retrata a vida de uma cadeirante.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

CENTAC

O trabalho é proporcionar ás pessoas que utilizam cadeira de rodas o melhor equipamento em termos de postura, eficiência, segurança e conforto. No CENTAC o processo de avaliação das necessidades do cadeirante é prioritário, para isso contamos com profissionais especializados trabalhando com uma tecnologia única, o SPMS – simulador da postura e mobilidade assistida em sentado.
Tendo conciência da importância da cadeira de rodas enquando meio transformador para o desenvolvimento adequado da postura e da mobilidade em sentado, o CENTAC atravéz da tecnologia e do estudo da biomecânica oferece um novo conceito em adaptações para cadeira de rodas.
Inaugurado em Novembro de 2007 e localizado no coração de Moema, o CENTAC oferece um ambiente clínico totalmente voltado para o estudo e a avaliação das necessidades do paciente com relação ao seu equipamento.

O CENTAC foi desenvolvido com o objetivo de levar qualidade de vida para crianças especiais, adultos e idosos que dependem da cadeira de rodas para se locomover e/ou para se manter na postura em sentado.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Paciência em questão

No Brasil o indivíduo não pode se dar ao luxo de ficar doente. Por incrível que pareça, a frase faz todo sentido, quem tem alguma enfermidade ou situação que demande cuidados, certamente terá problemas para resolver seu problema.
Pra mim o mais impressionante é a sala de Emergência dos hospitais, públicos ou privado. Se a pessoa se dirige à emergência, é porque está em uma situação limite, de urgência. É claro que os funcionários do hospital tem o dever de fazer uma triagem e priorizar alguns casos, pois não há pessoal nem recursos suficientes para atender a todos de uma vez, além do fato de ter muita gente que por qualquer coisinha corre para uma emergência. Mas algumas vezes é difícil determinar as maiores urgências, há dias que se vê várias pessoas sofrendo com dores e cólicas fortes e tem que esperar de qualquer forma.
Mas o que mais me surpreende é chegar ao guichê de uma emergência e receber uma senha. E mesmo sendo uma senha de prioridade, espero uns vinte minutos pra fazer a ficha. E mais vinte para ser atendido.
Pensam que estou falando de hospital público? Antes fosse. O relato é de ocorrências no Hospital Belo Horizonte, onde a maior parte dos atendimentos é com plano de saúde. No último domingo passei cinco horas (e alguns minutos) dentro do hospital pois estava com suspeita de pneumonia e ainda com a escara nas costas. Tudo bem que metade desse tempo foi esperando um exame ficar pronto, mas para não piorar minha escara pedi para deitar em uma maca, e depois de uns vinte minutos conseguiram pessoal para me ajudar a subir na maca, para que eu ficasse de lado um pouco. Ah, detalhe: estava com febre esse tempo todo.
É, nem quem tem alguma condição pode se dar ao luxo de adoecer. Que dirão as pessoas sem condição, que enfrentam hospital público.
No fim das contas o paciente, na maioria das vezes, se torna um sobrevivente.

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