sábado, 30 de janeiro de 2010

Norte-americanos fazem célula da pele virar neurônio

Mais uma "frente de batalha" na luta da ciência para desenvolver a medicina regenerativa. A bola da vez é transformar células maduras diretamente em neurônios, sem precisar das famosas células-tronco. A pesquisa foi desenvolvida nos EUA e traz mais uma esperança para o tratamento de doenças como Alhzeimer, Parkinson, ou (o que mais nos interessa) lesões na coluna. Excelente notícia no sentido das possibilidades científicas, já que o uso de células-tronco é muito polêmico e controverso.
Vejam a notícia completa no Ciência Hoje, de Portugal:
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=39154&op=all
E no Estadão:
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,cientistas-transformam-celulas-cutaneas-em-neuronios,502474,0.htm

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Mais uma lotérica sem acesso

Mais uma vez venho denunciar uma lotérica sem acesso aqui em BH, na Avenida do Contorno, 6443. Tudo bem que a loja fica no alto, mas que dava pra fazer uma rampa, dava. Pelo jeito a CEF não quer mesmo saber se os cadeirantes querem fazer uma fezinha ou pagar uma conta. Se virem...
Deveria haver uma lei municipal ou mesmo uma determinação interna da CEF obrigando as lotéricas (que são franqueadas) a fazer adaptação para deficientes, afinal são estabelecimentos públicos e que oferecem serviços de banco inclusive. Mais uma vez vou mandar um e-mail reclamando pelo site da Caixa, quem sabe um dia tomam alguma providência.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Adaptações no novo emprego

Hoje completei uma semana de trabalho e estou gostando muito do que estou fazendo. Agora sou Analista de Gestão Empresarial. É muito chique, né? Trabalho com planejamento, já recebi importantes responsabilidades e meus colegas de trabalho são nota dez. O que trabalha direto comigo então, além de ser conterrâneo de JF, é gente boa e divertido. Minha chefa também é muito bacana, me recebeu muito bem e me deixou bem à vontade.
A adaptação que a empresa fez nos corredores e no banheiro ficou excelente. No banheiro, que é enorme, tem tudo quanto é barra de apoio, e uma que eu nunca tinha visto na pia, em volta dela toda, e nem entendi bem pra que. A porta ficou gigante, não precisava ter aberto tanto assim. Mas o responsável disse que tem legislação pra isso e seguiu as medidas recomendadas. O que abunda não prejudica.
Mas o que me impressionou mesmo foi o prédio. Um espetáculo de modernidade. Começa pelo imponente nome: "Amadeus Business Tower". Fora a mania de colocar nome em inglês em tudo, é bacana. Na portaria tem aquelas roletas digitais, e essas tem duas opções: ou você aproxima o cartão dela (não tem mais aquele negócio de enfiar numa gretinha) ou aperta o dedão em um leitor de digitais. Alto nível. Como eu não caibo na roleta, passo por uma portinha lateral. No hall de elevadores, há pequenas torres com teclados. Você digita o andar em que vai, tecla confirma e o visor mostra qual elevador vai te levar lá (mostrando até por desenho). Ele é tão grande por dentro que mesmo que tenha umas dez pessoas lá ainda dá pra manobrar. No canto, à esquerda, uma TV de LCD passa as principais notícias do dia, que nem aquelas de aeroporto. E o que o povo mais estranha, não tem nenhum botão lá dentro. Mas o ponto negativo do prédio, como podem ver na foto acima, é que ele fica em uma subida. Sair de cadeira de lá é um desafio. E um exercício. É bom que eu perco a pança.
O reflexo ruim de voltar a trabalhar estou sentindo mais forte hoje: aumento das dores no corpo. Nos primeiros dias foi mais tranquilo, senti só um pouco mais de dor que o habitual, mas hoje acumulou e tá me matando. Mas a empresa é tão bem estruturada que até massagem oferece aos funcionários, além de exercícios laborais. A massagem é duas vezes por semana e tem me ajudado bastante, além de relaxar as tensões, contribui para diminuir a dor. Lá descobri também que é bem fácil passar da cadeira de rodas para aquelas cadeiras de massagem, em que a gente fica de bruços apoiando o peito com a cara num buraco. É só colocar uma de frente pra outra.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Enquete ortostatismo


Pergunta: Você pratica ortostatismo?
Respostas:
Não, não acho importante: 1 voto (4%)
Não, não tenho como praticar: 7 votos (28%)
Sim, até 3 vezes por semana: 13 votos (52%)
Sim, mais de 3 vezes por semana: 4 votos (16%)


Finalizamos a enquete sobre ortostatismo que lancei há seis meses e os resultados foram muito bons. 25 pessoas votaram, 20 delas ou 68% fica de pé três vezes ou mais por semana. É a recomendação que a maioria dos fisioterapeutas (incluindo os do Sarah) faz. O quanto é importante, já falei neste post.
Infelizmente houve alguém que não acha importante ficar de pé e votou nesta opção. Não deve ser falta de informação, pois tanto aqui como em outros blogs esta prática é recomendada, e mesmo se a pessoa não acreditar, é só perguntar para qualquer fisioterapeuta. Quando praticado, o bem que o ortostatismo faz ao corpo é nítido. Obrigado a todos que votaram.



domingo, 24 de janeiro de 2010

Rodas se desintegrando


Não gosto de ficar metendo o pau em um produto ou empresa mas meu objetivo aqui é compartilhar minhas experiências. E mais uma vez a M3 está decepcionando. Vejam só o estado das rodas "soft roll" (em cima a direita, no meio a esquerda), tão famosas por seu rodar macio, após pouco mais de dois meses de uso. Dois meses. E eu não ando quase nada nas ruas, é só em casa, shopping, no prédio da FACE na universidade, só lugar com piso liso. Semana passada saí de casa sozinho rodando pela primeira vez, fui ao shopping, a uns 150 metros da minha casa, e voltei. E o máximo que costumo andar nas calçadas é do carro até um restaurante ou boteco, no máximo uns 50 metros. Deve ser uma proporção perto de 90% em piso liso. Não era pra estragar tão rápido.

Realmente ela roda mais macio e amortece mais, mas não precisava ser tão frágil. Logo logo vou precisar trocar, e nem quero pensar no preço de um par novo. Como muita gente diz, cadeirante no Brasil tem que ser milionário. Ou dividir em 50 vezes...
Portanto se for pra recomendar alguma coisa, não recomendo essas rodas pra quem mora em interior, ou pra quem anda muito pelas ruas e calçadas esburacadas. Vão se desintegrar em menos de um mês.
Observação: encontrei um jeito um pouco mais 'fácil' de passar a cadeira pra dentro do carro e ela 'viajar' em segurança: passo ela por cima de mim pegando por baixo e coloco no banco do passageiro de cabeça pra baixo, colocando nela o cinto de segurança pra não ficar 'dançando' no banco. Ainda é apertado e um pouco complicado, mas melhorou um cadim. Só um cadim.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A gravatinha

Logo que fui pro Sarah e descobri as facilidades do coletor de urina, fiz uma piadinha infame: depois da lesão fiquei tão formal, mas tão formal, que até no 'pescoço' de baixo passei a usar gravata. É que o objeto da foto acima é chamado de gravatinha, é usada para segurar a camisinha do coletor, que pode escapar ao encher de urina, dando um banho nada agradável.
Pode parecer bobagem escrever sobre isso mas tem muita gente que não sabe da existência da gravatinha. Muita gente usa esparadrapo para segurar a camisinha, mas isso prejudica porque aperta, reduz a circulação e pode causar danos no pênis.
A gravatinha nada mais é que um pedaço de elástico costurado em duas partes de velcro, que se fecham em círculo. A grande vantagem é o elástico, que estica se houver uma ereção, evitando 'estrangulamento'. Outra vantagem é ser fácil de fazer, minha namorada faz algumas de tempos em tempos, já que com o tempo o elástico cede e o velcro perde aderência. Sem contar as vezes em que nossa gatinha carrega algumas pra algum esconderijo secreto (até hoje não descobrimos, mas suspeito que seja atrás da geladeira e dentro do sofá).

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Regulagens na M3


Minha fiel leitora e amiga Sandra tem passado muito perrengue com a M3. Esses dias ela pediu umas dicas para fazer algumas regulagens. Afinal, a característica que faz da M3 a "melhor do Brasil" é justamente a capacidade de regular e ajustar em todos os sentidos. Só o pequeno detalhe que faz muuuuuita falta é o danado do manual de instruções. Até eu que sou "entendido" em mecânica simples (muito simples) passo aperto. Sou entendido porque a vida toda eu desmontei (e remontei) minhas bicicletas. Desmontava até a roda, os raios, e depois conseguia até alinhar.
Bem, dei umas dicas pra Sandra e aproveitei o embalo para fazer um ajuste que eu estava querendo fazer desde que a comprei: alterar o ponto de gravidade para evitar que ela vire com facilidade. Este é outro ponto muito negativo desta cadeira. Tanto que chega a ser perigoso. Não dá pra subir nem uma rampa um pouco mais íngrime que ela ameaça virar. Até no plano, uma tocada mais forte e ela empina. Mudei poucos milímetros o eixo traseiro, mas já deu uma melhorada. Se for o caso altero mais um pouco. Só fico com medo de ela perder uma das maiores qualidades: ser curta e permitir manobras em lugares mais apertados. Mas uns milimetrozinhos não vão prejudicar.
O ajuste foi simples, como dá pra ver na foto, é só virar de cabeça pra baixo, desapertar os parafusos, dar umas "batidinhas" pra trás, medir pra ver se estão alinhadas e apertar novamente. Realmente é simples de ajustar. Mas que o manual de instruções ajudaria muito, ajudaria.
Atualizando: só hoje descobri que tenho que regular também os freios, já que a roda se afastou um pouco, tive que fazer o mesmo com os freios. Pra descobrir quase caí, travei os freios e fui passar pra cadeira e ela estava totalmente livre. Um manual poderia ter me alertado...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Pés no chão

Mais uma invenção da Andrezza que deu resultado. Incrível como essa menina é inteligente, quando eu crescer quero ser assim também. Na última sessão que fiz, semana retrasada, ela sugeriu que eu ficasse de pé descalço, e aí colocar feijão embaixo dos pés para estimular a sensibilidade. Eu já fazia isso sentado, e era necessário alguém fazer descarga de peso nos meus ombros enquanto eu me apoiava no joelho para que eu sentisse alguma coisa. De pé, a pressão do peso já é suficiente e ainda estimula mais a sensibilidade.
A experiência foi boa, senti até dor no calcanhar depois de um tempo. Pra quem está na clínica falo que ela está me pondo de castigo, pisando no feijão. Mas o mais interessante foi sentir a diferença de temperatura quando pisei no chão frio e a textura do tapete quando pisei nele e movimentei o pé. Repeti a experiência em casa e senti novamente o chão frio na sola do pé. Este tipo de estímulo é muito importante, principalmente quando nos concentramos para tentar identificar onde ele está ocorrendo e que sensação provoca.
Para os mais puristas, ou esotéricos, ou naturistas, ainda tem outra recomendação interessante: colocar os pés na terra, na grama, areia, pedra, ou qualquer outra superfície descoberta para "trocar energias com a mãe terra"... Tá, meio viagem, mas eu também acredito um pouco nisso. Esse contato faz bem sim, antes da lesão eu gostava bem de andar descalço. Mas aqui na selva de pedra (ih, tá viajando mesmo o rapaz) não tem muitos lugares para pisar no chão, é só asfalto, calçadas, cimento (momento piadinha infame: acabei de descobrir que cadeirantes são pessoas avuadas, sonhadoras e viajantes, afinal de contas, não tem os pés no chão).
Quanto à foto acima, não precisam falar, sei que meus pés são bem feios. Também não dava pra ter o corpo todo bonito, né? Tinha que ter um defeitinho, além da modéstia.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Vício X Deficiência

Eu e Andrezza (já sabem que é né) temos altas discussões na clínica, ela é muito boa de papo e de argumentos, tem hora que o povo acha que vai rolar um arranca-rabo. Discutimos os mais variados assuntos, e estes dias a questão foi: comparações entre deficientes físicos e viciados. Eu defendi o argumento de que é mais fácil uma pessoa vencer um vício do que um deficiente voltar a andar, depende "apenas" de força de vontade e disciplina. E que um deficiente pode ter a força de vontade que for que somente isso não põe ele de pé. Se o corpo não ajudar, se a medula não responder, nada feito.
Apesar de ser meio óbvio, foi difícil explicar, ela e a Duda (atual estagiária) afirmaram que vício é doença, e mesmo que a pessoa queira não consegue parar, algumas pessoas mesmo depois de internadas em clínica voltam para o vício.
E Andrezza dizia que eu tenho uma vida ativa, que um viciado tem que ficar em casa, não vai a alguns lugares, luta todo dia contra o vício. E que a maior parte acaba morrendo, pelo vício, por traficante ou polícia. Aí estávamos falando de coisas diferentes, concordo com ela que a vida é mais "normal" para um deficiente, mais fácil se adaptar e conviver com a deficiência, mas sustentei meu argumento que realmente é bem mais possível vencer um vício.
No fim das contas, dos males o menor, prefiro ser quebrado que viciado. Ironicamente, o único vício que eu tinha me deixou paraplégico: adrenalina. Se bobear, mata mais que cocaína.

Cheguei dando trabalho

Nesta semana comecei a trabalhar na Gasmig, e já cheguei dando trabalho. Apesar de ser empresa de economia mista e ser obrigada a reservar vagas para deficientes em vários cargos, não havia estrutura para receber um cadeirante. Provavelmente porque sou o primeiro.
Por isso ganhei uma semana em casa enquanto não acabam as obras na empresa. Em casa mas com um pen drive de 2GB lotado de material para eu estudar. E pra entender melhor o serviço. Estou achando muito interessante, curto muito essa área de planejamento estratégico.
Se entendi bem, além do banheiro adaptado, a estrutura do escritório também deve sofrer alterações, talvez tamanho de portas ou corredores. Isso mostra o empenho da empresa em atender às necessidades dos funcionários. Em empresa privada ia dar briga pra resolver uma coisa dessas.
Na apresentação que assisti nos últimos dois dias fiquei muito impressionado com a organização e estrutura, vai ser muito bom pra mim profissionalmente, pois nunca trabalhei em empresa deste porte. E pessoalmente, pois um desafio destes deixa qualquer um animado.
Infelizmente não vão instalar uma banheira de hidromassagem adaptada ainda, mas eu chego lá...

sábado, 9 de janeiro de 2010

Test Drive no Nissan Livina


Mais uma concessionária de Belo Horizonte - desta vez da marca Nissan (a Motorsan na Av. Pedro II, 1520) - disponibiliza um veículo adaptado para deficientes físicos fazerem test drive: um Livina 1.8 SL automático. A adaptação é da Guidosimplex e foi feita no Hélio Adaptações, é um sistema de barra similar ao que tenho no meu carro, mas esta é diferente pela alavanca, que é vertical, permite mais firmeza e descansa mais o braço. Facilita também para dar seta, já que fica mais próxima à alavanca. Achei a adaptação muito firme e precisa, responde rapidamente aos comandos.

O carro é um monovolume, eu já o havia conhecido na concessionária Misaki, conforme contei neste post. Também pude conhecê-lo melhor na bienal do automóvel de Minas Gerais, que aconteceu em dezembro. Gostei muito da versão X-Gear, que vem com aparatos de off-road, no estio Adventure, e dá um ar mais jovial ao carro.
Como eu já avaliei o carro no post referido acima, vou contar sobre a experiência ao volante. Assim como na Honda, um consultor de vendas da concessionária, o Leonardo Ciolette, veio trazer o carro na minha residência, e chegou na hora marcada.

Desta vez achei mais fácil entrar e sair do carro, não sei se foi por causa da cadeira mais curta ou de mais prática. O espaço interno é impressionante. Passei as duas pernas por baixo da barra da adaptação com facilidade. Neste momento o Leonardo observou um detalhe importante: as adaptações geralmente tem um parafuso grande em baixo e suas arestas podem causar machucados nas pernas dos mais altos, como eu. Deveria haver uma proteção emborrachada para evitar acidentes. No meu carro já me arranhei várias vezes.
O motor é o 1.8 com 125cv, bem forte e adequado ao tamanho do carro. O câmbio automático infelizmente não é o CVT da Nissan, presente no Sentra, e sim de quatro marchas. Mas responde muito bem, não fica trocando as marchas excessivamente e reduz nos momentos apropriados. E faz valer a potência do motor.
Apesar de ser monovolume, como uma van, ele tem só 4,18m, se sai muito bem no trânsito e até em manobras. E é muito gostoso de dirigir, tem direção extremamente leve (elétrica) e bastante estabilidade. Não cheguei a ir para a estrada, mas o carro é bem confortável, ideal para viagens.
A versão avaliada foi a 1.8 SL Flex, que já vem com Air Bag duplo e freios ABS, além de som com MP3, roda de liga leve de 15", ar condicionado, revestimento do volante em couro e outros mimos (mais informações no site da Nissan). Porém senti falta do computador de bordo, ausente até mesmo na versão especial X-Gear. Acho importante para acompanhar dados sobre o veículo, como consumo e autonomia.

O grande diferencial para cadeirantes é o porta-malas, com 449 litros, coube minha cadeira inteira sem desmontar, só com o encosto rebatido. E não atrapalha a visibilidade, já que ela fica no nível do banco traseiro. E ainda sobra espaço embaixo da cadeira e ao lado.
Mas o atrativo principal mesmo é o preço: o modelo SL tem preço sugerido de 56.890,00 e cai para aproximadamente 45.000,00 com as isenções. Sem dúvida um modelo que oferece bom nível de custo/benefício.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Problema do freio resolvido

Como relatei neste post, uma decepção que tive com a M3 foi o freio, muito alto e rente ao corpo, ele destravava em quase todas as transferências. Quando não destravava eu caia em cima e ele virava para baixo, comprometendo a estrutura, tanto que em dois meses de uso já precisei apertá-los três vezes.
Logo que percebi o problema mandei e-mails para o dono da loja onde comprei a cadeira e pra Ortobrás. O pessoal da Ortobrás se mostrou solícito, pediram uma foto do freio e o número de série da cadeira, e prometeram tomar providências. Mas a única providência que efetivamente tomaram foi "encaminhamos para o pessoal do desenvolvimento e engenharia".
Mas eis que hoje o Alexis Muñoz, que havia me contactado ontem apresentando sua empresa, a Tecnologia Assistiva (que trabalha com produtos para deficientes), me deu a solução definitiva. Ele foi tão atencioso que me mandou uma sequência de fotos e ainda me ligou explicando que o freio já vem com um sistema para evitar acidentes e facilitar a transferência, é só puxá-lo para cima e empurrá-lo pra trás, conforme podem ver nas fotos:



Simples, não? E funciona mesmo. A "solução" que eu tinha conseguido antes foi "pular" da cadeira quando ia transferir, mas sempre caía torto e minhas pernas ficavam na cadeira, torcendo tudo e correndo o risco de um tombo mais sério. Agora, finalmente, está resolvido.
Mas o que mais me intriga é o pessoal da Ortobrás não ter conhecimento disto, mesmo após reclamação e publicação no blog, nada fizeram. Deixo aqui meus agradecimentos ao Alexis, que foi muito atencioso e educado, qualidades difíceis de encontrar por aí.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Licença poética


Acredito que todo mundo que acessa o blog deve estar acompanhando a novela Viver a Vida, afinal fala de nós, cadeirantes. Repararam na cadeira nova da Luciana? Não estou fazendo propaganda, mas é uma M3. O que me intriga é o seguinte: tetra consegue se equilibrar bem numa cadeira com encosto tão baixo? E sem apoio de braço? Eu mesmo demorei um pouco a me acostumar, e no início da lesão sei que seria inviável, pois eu não tinha movimentos no quadril e abdomen, não conseguia nem sentar na cama.
Mas o fato é que apontar defeitos na novela é relativo, pois em matéria de lesão medular cada caso é um caso e nada é impossível, e há ainda que se considerar a "licença poética", exageros e omissões que são cometidas em nome da arte. E na verdade acho que a Alinne Moraes está trabalhando muito bem, está reproduzindo com grande fidelidade os movimentos e jeito de um tetraplégico. A não ser algumas vezes em que ela mantém as costas totalmente retas, como no dia em que ela mudou de cadeira. Mas foi só um detalhe.
No capítulo de hoje também achei cedo demais ela conseguir tocar a cadeira sozinha. E sem os pinos que são recomendados para auxiliar os tetras. Mais uma vez acho que o autor usou licença poética, pois se a novela fosse mesmo acompanhar fielmente os avanços de lesados medulares, iria durar uns três anos. Mas temos mesmo é que ser gratos ao autor por abordar um tema tão importante e atual, que nos dá visibilidade e ajuda-nos a exigir cada vez mais nossos direitos. Só espero que não aconteça mais um "milagre" e ela se levante da cadeira feliz e saltitante...

Rodando na grama

Passei o reveillon em um clube campestre aqui em BH (PIC) e descobri o quanto é difícil rodar na grama com a M3. Na hora dos fogos na lagoa da Pampulha procurei um lugar mais estratégico para assistir e o melhor lugar era no limite do clube, depois de um longo gramado. Achei que seria fácil chegar lá, mas empaquei no primeiro meio metro na grama. As rodas dianteiras "soft roll" são muito boas pra rodar em piso liso e até em lugares irregulares, mas na grama ela trava que é uma beleza. Por ser mais larga que as convencionais, o atrito com a grama é maior.
A solução que encontrei foi empinar a cadeira, mas sozinho é complicado pois ela vira pra trás facilmente, devido ao centro de gravidade ser mais pra frente, e eu não queria entrar no ano novo mais quebrado que já sou. Aí o jeito foi apelar pra namorada, ela me levou pela grama empinando. Desta forma foi fácil, já que as rodas traseiras são mais finas que as comuns. Conseguimos então uma boa localização para ver os belos fogos no reveillon da Pampulha.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Um bom ano a todos

A grande maioria das pessoas chega no reveillon e faz um balanço do que fez de certo e de errado no ano e em seguida faz projetos e promessas para o ano que está chegando. Não que eu não seja assim, mas meu processo é um pouco diferente. Como foi meu ano, não muda. Sempre digo que foi fantástico, estupendo, fenomenal. E nunca é mentira. Até no ano do acidente? Claro. Sobrevivi a um acidente cujo percentual de morte deve passar de 80%. A 140 por hora voar de uma moto e bater de cabeça no chão não costuma deixar muitos sobreviventes. Naquele ano também realizei alguns sonhos, passei no mestrado e fui morar na praia, e justo em Floripa. Ah, Floripa... E fiz novas amizades, boas viagens e tive momentos muito felizes.
Mas a real diferença é a forma como vejo as coisas. Sou dotado de um otimismo e bom humor fora do normal. Não é questão de se acomodar e achar que tudo está bom. Tudo pode sempre melhorar, e temos que correr atrás disso sempre. Ralar, trabalhar, mas sem deixar de se divertir, viajar, encontrar amigos, sair, viver. E sempre acho que de tudo é possível tirar um lado bom. Nem que seja uma lição: nunca mais ando de moto a 140 por hora numa universidade que tem fazendas...
Todo reveillon as pessoas desejam que seja um ano maravilhoso, com muito sucesso, dinheiro, amor e que todos os sonhos se realizem. Todos? Meio difícil em um só ano, heim... Por isso desejo sempre um bom ano. Num bom ano damos passos importantes, fazemos as coisas certas, corremos atrás de nossos sonhos e temos muitos momentos felizes. Também há os problemas, algumas brigas e decepções, ninguém está imune a isso. Por isso desejar um bom ano é uma coisa mais realista, mais pé no chão (cadeirante falando pé no chão é irônico heim...). Se for mais do que bom, ótimo. Mas pra muita gente ter um ano bom já é uma coisa fantástica.
Então é isso que desejo a todos: um bom ano. Um ano em que façam as coisas certas, corram atrás de seus sonhos, busquem a felicidade em tudo que fizerem e tenham muitos momentos felizes. E que no fim do ano possam dar aquele sorriso com a sensação do dever cumprido.

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