terça-feira, 29 de junho de 2010

Viajando sozinho

Hoje comecei mais uma aventura: uma viagem totalmente sozinho pra um lugar onde nenhum parente mora. Já viajei sozinho antes, mas sempre tinha alguém me esperando no aeroporto. Hoje vim pra Brasília a trabalho, para um curso de dois dias. Volto pra BH na sexta.
Já passei dois pequenos perrengues na vinda: o táxi que me levou pro aeroporto de Confins era um Idea, da Fiat, e como ele é mais alto é bem mais difícil de entrar, fiquei no meio do caminho, mas com custo consegui subir no banco. A cadeira e as malas não couberam no porta-malas, o taxista teve que colocar a cadeira no banco de trás.
Cheguei no avião, era um 767-300 (nunca tinha voado num desses) e de cara tem um corredor até chegar às poltronas. A cadeira passou apertado, mas chegou nas poltronas. Como sempre faço, pedi ao comissãrio para ficar ao lado das poltronas e dar um apoio por trás (no bom sentido). O cara segurou embaixo dos meus braços, mas meu pequeno pé ficou preso na cadeira. A aeromoça puxava a cadeira e o comissário me puxava, nisso já senti o cara bufando, até que uma passageira que tinha entrado antes puxou meu pé e consegui me sentar. Isso faz parte, não tem jeito, quem mandou ser grande demais?

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Voltando ao Sarah

Desde o início de maio, quando fiz mais uma revisão no Hospital Sarah (infelizmente sem troca de óleo), voltei várias vezes lá por causa do aumento de dores nos ombros, que acabam sendo sobrecarregados por quem usa cadeira de rodas. E nós temos que cuidar bem dos ombros, braços, punhos, pois fazem as vezes das pernas e tem que carregar todo o peso várias vezes por dia. Meu caso é ainda pior, pois meu ombro esquerdo já foi luxado e é limitado, os angulos de abertura do meu braço esq
uerdo são todos reduzidos.
Então a fisioterapeuta Priscila começou a acompanhar meu ombro, passou uns alongamentos, voltei depois de algumas semanas e agora ela passou exercícios com bastão (alguns deles estão nas figuras abaixo). Pois bem, desde que comecei já melhorei a amplitude de movimento (que eles chamam de ADM) e diminuiram bastante minhas dores. O próximo passo será o fortalecimento. Esse processo eu já deveria ter seguido há anos, ainda mais porque meu ombro esquerdo é bichado.
Mas foi legal voltar ao Sarah, é um ambiente em que nos sentimos bem à vontade, pois somos maioria. É legal a troca de experiência, as histórias, as cantadas... Deu até vontade de ficar uns dias lá!
Presenciei uma cena curiosa enquanto esperava pra ser chamado no ginásio. Apareceu um cara sem um braço carregando uma prótese de perna. Fiquei imaginando o que ele falou com a recepcionista:
- Olha que sacanagem, me mandaram a prótese errada, pedi pra membro superior minha querida, e não inferior!
E a recepcionista, se for sacana:
- Veja pelo lado bom, pelo menos vai ficar mais fácil andar de cabeça pra baixo! E também pra virar estrela! Pensa nas paraolimpíadas...
Mas o problema maior deve ter sido da pessoa recebeu a prótese dele, uma pessoa sem uma perna. Será que ela tentou colocar a prótese de braço? Será que saiu andando com três braços, um no lugar da perna? rsrsrs

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Com a boca na vuvuzela

Essa aí é a Gisa, amiga minha desde mil novecentos e bolinha, uma das gurias mais loucas e gente boa do mundo. E anima qualquer parada. Reunimos a galera aqui em casa pra ver o jogo domingo e ela foi a atração principal, como sempre! Veio a caráter para o jogo e a cada gol dava uma vuvuzelada na varanda, fazendo coro com outras vuvuzelas, cornetas e gritos pelo bairro afora. E a coisa mais engraçada foi ela pegando na barriga da galera e falando: Jabulaaaaaniiii!!
Tudo bem, isso na boca dela não é bem uma vuvuzela, mas faz tanto barulho quanto ou mais. E é mais fácil de soprar. Digamos que é uma prima dela, e o trocadilho ficou mais engraçado. Pra vingar os gritos da vuvuzela da Gi, vejam só a foto abaixo, quando captei o momento exato da revanche do Daniel dando uma vuvuzelada na orelha da Gi, que só conseguiu botar a mão na frente pra não perder o tímpano.
Mas gente, fala sério, não tem coisa melhor que reunir os amigos pra um furdunço, é uma das coisas que eu mais curto na vida. O evento ainda contou com o chef Marba, que veio com avental e gorro personalizados e preparou um angu baiano de altíssimo nível pra esquentar a galera. Quando junta esse povo, duas certezas: muita diversão e muita cerveja!! E o Brasil ainda venceu! E agora sim, convenceu! Até o próximo jogo!!

sábado, 19 de junho de 2010

Acupuntura

Ontem iniciei mais uma frente de batalha contra minha dor crônica: acupuntura. Eu já havia feito algumas sessões no início da dor, mas não achei muito eficiente e meu plano na época não cobria, e a sessão é caaaara...
Mas agora, meus problemas acabaram! O plano cobre acupuntura e vou tentar mais uma vez. A sessão de ontem começou com uma entrevista sobre minha situação e qual minha expectativa com a acupuntura. Minha expectativa é não ficar que nem o bonequinho da imagem aí de cima.
Passei pra maca e a moça já pediu pra eu tirar as calças. Mas sem tomar nem um vinhozinho antes? Já que ela insistiu, e eu sou facinho, estava de cuecas em dois segundos.
Depois começou a furação. As primeiras agulhas na cabeça (nem sabia que podia), depois veio pro pescoço, um pouco mais pra baixo, aí furou as mãos e passou pra base das costas. Foi furando e descendo. Se continuasse por ali ia ter que aumentar a agulha. Senti algumas agulhas entrando, e ela falou que ia fazer um teste. Cravou uma agulhinha na base da lombar e minhas pernas pularam na hora. Pelo jeito funcionou. Daí pra baixo já não senti nenhuma fincada, mas até no pé ela enfiou agulha. Sem contar uma na orelha, que doeu pra caramba. Mas depois da fincadinha não se sente nada, a não ser que mexa o corpo. Aí rola uns choquinhos, mas nada muito forte.
Durante a sessão senti algumas reações internas, alguns pontos diminuindo a dor e outros lugares queimando. Ao final senti um alívio na dor que sinto na lombar e algum alívio da dor geral. E quase fui embora com uma anteninha na cabeça, não é que ela esqueceu de tirar uma agulha de lá? Semana que vem tem mais, vou fazer uma vez por semana.
Antes da sessão perguntei se ela tem outros pacientes com lesão medular, e ela disse que trata um de AVC e um com lesão mais "leve" que a minha, mas ninguém especificamente como eu. Será que vai funcionar pra mim? Tô na esperança que sim.
PS: deixo aqui um agradecimento especial ao parceiraço Welder que foi comigo e ainda esperou na recepção !

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Carro pra alugar

Semana passada fiquei sem carro, e aproveitei pra tirar uma dúvida: se há carro adaptado pra alugar aqui em BH. Mandei e-mail pra primeira locadora que lembrei: Localiza. Me responderam que não dispõem de veículos adaptados em sua frota, mas me sugeriram consultar o site da associação brasileira de locadoras de autmóveis, abla. Consultei o site e realmente eles tem um link para busca de carros "diferenciados", entre eles adaptados para deficientes, e eis que encontrei uma locadora que tem um Palio 1.0 adaptado, a Lokamig. Só que o carro tem câmbio manual, e a adaptação usa embreagem automatizada, que demanda uma certa manha pra dirigir. Já dirigi um carro assim em São Paulo e não é a coisa mais fácil do mundo, nem a mais segura. Mas pelo menos tem carro adaptado pra alugar, o que é uma boa notícia.
Boa notícia mesmo é a ferramenta do site da ABLA, uma busca por carros para deficiente por estado. Taí a dica, quem estiver precisando de carro pra alugar já sabe onde procurar. E se der sorte encontra um com equipamentos mais adequados.

sábado, 12 de junho de 2010

Cadeirada

Calma, não me envolvi em nenhuma briga, nem joguei minha cadeira de rodas na cabeça de ninguém. Esse foi um termo que criei há um tempo para expressar o direito de furar fila por ser cadeirante. É como um sinônimo da famosa "carteirada", que o povo da área jurídica usa para dizer que é melhor que todo mundo e não precisa enfrentar fila (é o caso de promotores, juízes, e até oficiais de justiça). Ah, policiais em geral também tem essa mania (nada contra, mas tem gente que abusa).
Mas a cadeirada também gera polêmica. Afinal, nem todo lugar é obrigado a dar preferência pra deficiente, idoso ou grávida, mas é uma questão de bom senso. Mas mesmo assim ainda tem gente que torce o nariz quando vê um cara jovem, bonitão e sentado passando na frente (jovem e bonitão foi por minha conta). Aposto que tem muita gente que pensa: "um cara novo, sentado, nem tá fazendo esforço, não precisava furar fila. É um oportunista..." Aí que mora o problema da falta de informação. A grande maioria das pessoas não sabe das dores e incomodo que muitos de nós sentimos ao ficar muito tempo na mesma posição, sem poder passar pra outra cadeira ou levantar o corpo. Ainda mais eu, que sofro de dor crônica.
Mas mesmo assim, mesmo sabendo que vou sofrer um pouco mais, algumas vezes eu pego fila, não pra satisfazer um sem noção que acha que tô errado furando fila, mas pra ter bom senso e até mesmo me incluir, ficar no meio do povo. Se estiver com um amigo então, tem aquele lance de bater um papo, reparar nas meninas da fila ou zuar com um outro colega. Mas que uma cadeirada de vez em quando é bom, ah isso é. Se tiver alguém junto ainda pega carona, e a gente tira uma onda: "a fila tá grande? Peraí que vou dar uma cadeirada!" 
Desse jeito a gente até arruma mais amigos!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Estou a pé, ou melhor, a roda

Essa semana, pela primeira vez desde que voltei a trabalhar, fiquei sem carro, pois deixei o bólido pra arrumar o para-choques traseiro, que foi acertado por um roda dura aqui em BH. Esse caso me deu trabalho, o cara era funcionário de uma loja de piscinas e o dono encrencou pra pagar o prejuízo, tive que recorrer ao juizado de pequenas causas e, óbvio, ganhei. Consegui receber e terça feira deixei o carro pra arrumar, aproveitei e pedi pra tirar todos os arranhões na pintura. Aqui vai uma observação: carro de cadeirante fica arranhado mesmo, não tem jeito. A porta traseira do meu carro já estava que nem cartolina que a gente dá pra criança: toda rabiscada por causa das montagens de cadeira. E ainda tinha um amassadinho que causei numa dessas. Mas mesmo sabendo que vou acabar arranhando de novo, não resisto a deixar o carro sempre novinho, e mandei arrumar assim mesmo.
E na terça à noite começou a aventura: fui pra casa de ônibus sozinho. Na chegada do busão já rolou stress, o motorista parou longe e a rampa ficou muito baixa, além de não abaixar a aba de segurança. Já tive que pedir ajuda a um senhor que estava no ponto pra segurar a cadeira enquanto eu "pulava" pra plataforma. O processo demorou um pouco mas consegui entrar, pedi ao trocador pra parar três pontos depois (moro perto do trabalho, mas ir rodando não rola porque tem morro). Na saída foi tranquilo, mas parou em um lugar sem rampa pra calçada, tive que pedir ajuda de novo pra subir.
E aí começou a pequena luta pra chegar em casa, tive que dar a volta no quarteirão pra não pegar uma subida íngrime, e a calçada é muito ruim. Além dos buracos, tem muito desnível. Mas fui assim mesmo, devagar mas com segurança. Rodei uns 200 metros, mas foi osso, cheguei em casa com o ombro e o peito doendo muito. Ontem vim de ônibus de novo, na vinda a Gi vem comigo e é mais tranquilo, apesar de pegar um baita morro na porta do prédio. Mas à noite fui embora de táxi, eu já estava dolorido e não quis piorar a situação. Hoje eu comecei a vir de ônibus, só que pegamos o errado, que entrou numa avenida inesperada e tive que descer pra pegar um táxi e acabar de chegar no serviço. Que dureza! Felizmente meu carro fica pronto hoje, e espero não ficar "a roda" de novo tão cedo.
Dedico esse post aos cadeirantes que enfrentam as ruas no braço, pegam ônibus pra todo lado e sofrem com a falta de acesso a prédios e casas. O negócio não é fácil não, tem que ser guerreiro!

domingo, 6 de junho de 2010

Pneu furado

Terça passada fui sair pro trabalho e a desagradável surpresa: o pneu da minha cadeira estava furado. Na hora pensei que seria fácil resolver, era só pegar uma roda da outra cadeira que tenho e colocar nessa. Mas eis que o eixo da M3 é mais fino que das cadeiras normais, e a roda não serviu. Que fazer, então?
Pensei em procurar um borracheiro ou casa de bicicletas para arrumar o pneu, mas o tempo que ia demorar para encontrar a loja, arrumar o pneu, pagar e ir embora ia atrasar eu e a namorada, afinal não dava pra eu sair do carro pra levar o pneu lá. Eu ir sozinho, então, muito menos, aí já perderia a manhã inteira de trabalho, pois além de montar e desmontar cadeira ao lado do carro, ia ter que passar para outra cadeira até ficar pronto.
Resolvi então ir trabalhar com o pneu furado, passar pra cadeira do escritório e pedir alguém pra levar o pneu pra arrumar numa loja de bicicletas lá perto na hora do almoço. Feito isso, o rapaz que levou a roda me ligou dez minutos depois dizendo que a loja não arrumava pneu. Esqueci que em BH não é que nem interior, onde isso é grande parte da renda das bicicletarias. Perguntei se tinham daquela câmera e negativo, a câmera é importada e o pneu muito fino, nenhuma câmera deles servia. Então lembrei daqueles remendos a frio, que dá pra colar só pressionando, mas cujo nome é de pronúncia comprometedora: Vipal. Pedi ao rapaz que trouxesse um daqueles kits e uma bomba, pois ainda serviria para fazer futuros remendos.
Aí transformei a mesa do escritório em oficina improvisada, o meu colega de sala deu aquela mão e resolvido o problema. Foi bom acontecer, vou ver se consigo uma câmera extra pra manter em casa, pois apesar de ter o kit e uma bomba, é bem mais rápido só trocar a câmera. Encontrei outra solução, substituir as rodas da cadeira por modelos como da bike abaixo, resolverá o problema e ainda matará minha vontade de pisar no chão!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Cadeira-bunda-hora

Há alguns dias, em reunião com um diretor da empresa em que trabalho, descobri um indicador de competência que vai levar os cadeirantes aos melhores postos de trabalho do Brasil: o "cadeira-bunda-hora". Estávamos discutindo a gestão da estratégia da empresa e uma das iniciativas estratégicas dizia respeito ao comprometimento dos empregados com o trabalho, que abrangia aproveitamento de tempo no serviço e cumprimento de metas. Aí o diretor veio com essa história de que, para melhorar o desempenho, precisa aumentar o índice de "cadeira-bunda-hora" dos funcionários, ou seja, o tempo que o cara passa com a bunda na cadeira trabalhando de verdade, sem distração ou tomando cafezinho. Na hora eu puxei sardinha pro meu lado, dizendo que com certeza meu índice desse aí era o mais alto da empresa, afinal, eu não tiro a bunda da cadeira pra nada! Até quando vou pro cafezinho mantenho a bunda na cadeira. Mereço ou não uma promoção?
É isso aí galera, conta essa pro chefe e aproveita pra pedir aquele aumento tão sonhado, afinal ninguém tem mais cadeira-bunda-hora que um cadeirante!! Só não vale exagerar, senão acaba como o caveirinha aí de cima!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Topo do Mundo

Se você anda meio pra baixo, achando que não tem futuro, que não consegue um bom emprego... seus problemas acabaram! Basta pegar o carro, se dirigir à BR 040 e ir pro boteco mais "alto nível" de BH: o Topo do Mundo. Aí você poderá dizer: Cheguei ao Topo do Mundo!! Ao sair de lá, continuará pobre e fudido, mas pelo menos terá a sensação inversa por alguns minutos! (Na verdade, você sairá ainda mais pobre, pois vai pagar pela cerveja!)
O bar/restaurante tem o visual mais fantástico que já vi, uma cadeia de montanhas maravilhosa, como podem ver na foto abaixo. É o point dos praticantes de Paraglider em BH e é fácil fazer um vôo duplo por lá. Até me ofereceram, mas eu não tinha ido lá pra isso. Mas fiquei com vontade, já saltei de paraquedas e a sensação é indescritível, fantástica. Quem sabe na próxima.
Já conheço o Topo há muitos anos, mas só fui lá como cadeirante três vezes, a última foi domingo. Não é um lugar muito adequado pra cadeirante, mas nada que uma forcinha dos amigos não resolva. Fui encontrar o pessoal do Clube Stilo, um grupo que reúne os apaixonados pelo carro da Fiat. Essa é uma dica legal pra quem mora em cidade grande e quer diversificar o círculo de amizades. Não dá só um monte de marmanjo que fica falando de carro o tempo todo, quase todo mundo leva a namorada ou esposa e não falamos quase nada sobre carros.
Voltando ao Topo, é um lugar que vale a pena conhecer de qualquer forma, e se possível passar um fim de tarde tomando uma gelada com amigos ou um vinho com a namorada. Ou um vinho com amigos e uma gelada com a namorada, ou quem sabe até um champanhe com a amante (ah, isso é demais... quer dizer, ouvi falar). O negócio é conhecer esse lugar incrível que dá uma amostra das belezas naturais de Minas e atiça a adrenalina, ao ver o pessoal do paraglider. Depois disso, você vai dizer: que Everest que nada, o topo do mundo é em Minas!!

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