quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Primeiro dia de aula

Quem quer ganhar bala?
Todo mundo já passou pelo primeiro dia de aula várias vezes na vida. Se bem que, infelizmente, no Brasil nem todo mundo passou por isso... Mas a maior parte das pessoas, sim.
É sempre uma situação que traz fortes sentimentos, muitas vezes contraditórios. Tem a ansiedade e o frio na barriga por causa das novidades, a tristeza pelo fim das férias, a empolgação para reencontrar os amigos, e até o medo da rejeição. E essas emoções ficam mais intensas ainda quando é tudo novo: escola, turma, ano, matérias... E este segundo tipo é mais incomum, só acontece quando mudamos de escola, ou de cidade, ou entramos em um curso novo.
Mas comigo aconteceu na terça feira passada um primeiro dia de aula bem mais incomum: do outro lado da sala. Não que eu estudasse do lado direito e resolvi ir para o esquerdo, nem que eu era da turma do fundão e resolvi virar CDF (isso aí, com certeza eu jamais teria feito, sou da turma do fundão desde pequenininho!). É que dessa vez foi como professor!
Comecei na terça feira passada o estágio docente, uma malandragem que rola na universidade, em que o professor recebe o mestrando rala e se vira para dar a matéria. E no meu caso foi mais complicado, meu orientador me passou um material que teria que ser dado, entrou de férias e sumiu. Eu não sabia se tinha que preparar aula, se ele iria estar na sala, e nem se faria chamada ou não. Mas como precaução preparei uma apresentação e fui com a cara e a coragem.
Chegando lá, fui assinar o ponto e peguei a ementa da disciplina, Derivativos, uma forma de investimento em papéis que são baseados em outros ativos. O Zé Maria, que recebe os mestrandos sofredores e dá as orientações, disse que era só chegar na sala, ligar o computador e o data show e esperar que o pessoal da infra faria o login. Chegue na sala e tinha meia dúzia de alunos, alguns do lado de fora. Liguei tudo e esperei. Cinco minutos e nada. E foi chegando mais gente na sala.
Para tentar resolver, fui correndo na sala de informática. Só que correndo de cadeirante é quinze minutos. Tive que pegar elevador, atravessar para o outro prédio e pegar um corredorzão até a sala de controle. Chegando lá o cara falou: ah, acabei de logar aqui, era só ter esperado. Valeu, heim. E lá vai cadeirante correndo de novo, esperando elevador e chegando na sala bufando.
Tomei um arzinho e comecei me apresentando e perguntando alguns detalhes do meu público, como curso que faziam e período em que se encontravam. A maioria é de Administração mesmo, alguns em fim de curso, e como a matéria é optativa, deve ter alguns que a pegaram só pra cumprir tabela.
Falei, falei, respondi algumas perguntas e acabaram-se meus slides antes do fim da aula, que era para acabar 20:40. Perguntei se alguém mais tinha dúvidas e liberei os meninos mais cedo. Alguns vieram conversar comigo, perguntar mais sobre a matéria e minha experiência no mercado de ações, e uma aluna ficou conversando comigo até o estacionamento. Achei a turma bem receptiva, prestaram atenção e questionaram pontos importantes. E quanto ao fato de ser um cadeirante dando aula, não senti dificuldades, pois o equipamento audiovisual ajuda, e também não senti olhares diferentes nem preconceituosos dos alunos. Essa geração, pelo menos em alguns lugares, tem demonstrado muita maturidade para lidar com diferenças. Que bom, pois afinal, somos todos diferentes, né não?

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