segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Saindo à noite

Tem coisa melhor que reunir os amigos?
Quem acompanha o blog sabe que tenho uma vida muito ativa, saio todo fim de semana. É meu jeito, sempre curti programas ao ar livre, encontros com amigos, festas. E nesses mais de cinco anos em uma cadeira de rodas aprendi alguns truques que podem tornar a saída mais divertida e menos "preocupada".
O mais importante, claro, é o planejamento. Se vai sair, principalmente para um lugar que não conhece, procure saber se o lugar tem acesso. Se não sabe bem onde vai ser, avise os amigos para observarem este detalhe quando decidirem. Com o tempo, os amigos já lembram disto e buscam lugares acessíveis antes de te chamar.
Sair com a família também é muito bom
Mas mesmo se o lugar não for totalmente acessível, se houver poucos degraus, e houver alguém sóbrio para  carregar, dá para encarar. Devido à possibilidade de algum bebum escorregar comigo escada abaixo, dou preferência a algum funcionário do estabelecimento para ajudar a subir ou descer alguns degraus. No último fim de semana eu levei um belo capote para trás, pois um cara se ofereceu para ajudar a descer os quatro degraus que tinha no boteco (o da primeira foto, Redentor, na Savassi), e quando empinei um pouco a cadeira para descer o cara não segurou e virei pra trás. Felizmente não machuquei, foi só um sustinho. Mas foi engraçado.
Só que ser acessível não é tudo. É importante (mas não fundamental) ter banheiro acessível. E com esse atributo, as opções diminuem, pois poucos bares se preocupam em adaptar um banheiro para deficientes. Mesmo porque não são muitos que frequentam botecos. É mais fácil encontrar em bares que também são restaurantes, essa é uma dica.
O coletor de perna
Não acho fundamental ter banheiro adaptado porque dá para passar sem com alguns truques. O primeiro é se aliviar antes de sair de casa, fazendo o cateterismo (para quem é lesado medular). Depois, é só colocar um coletor de perna para ficar tranquilo por um bom tempo. Para quem não conhece, o coletor de perna é uma bolsa de plástico com elásticos que é fixada na canela, e tem um tubo que é ligado a uma camisinha que fica presa ao pênis. Simples e prático, geralmente cabe 500 ml de xixi. Só tem que ficar atento para não lotar a sacola e transbordar. Se não ficar atento, você só vai descobrir quando o garçom escorregar num certo líquido que sai da sua perna...
Enfim, com um pouco de planejamento e ajuda dos amigos, podemos sempre sair para bater um papo, comer em um bom restaurante, ir ao cinema, e tomar uma cervejinha, que é sagrada nos fins de semana!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Inclusão dá trabalho

Matéria que saiu na Folha Universal do último domingo
Essa matéria elaborada pelo jornalista Fernando Poffo para a Folha Universal e aborda as dificuldades que os Portadores de Necessidades Especiais encontram na hora de buscar um emprego. Colaborei contando uma situação que passei em 2007 quando procurava emprego e não fui contratado por ser cadeirante. Fiz um processo seletivo e fui escolhido por unanimidade, mas a empresa não possuía as instalações necessárias para receber um cadeirante, por isso fui cortado. Não me disseram exatamente isso, mas para o bom entendedor, um pingo é letra.
Outro fato que citei na reportagem foi a grande distância entre empresas públicas e privadas no tratamento do deficiente. As empresas privadas geralmente contratam deficientes só para cumprir a lei 8.213/91, que estabelece que empresa com mais de 100 funcionários deve preencher uma porcentagem do seu quadro de pessoal com pessoas com deficiência. E como é só para cumprir a lei mesmo, geralmente colocam os deficientes em cargos inferiores, com baixa complexidade e baixos salários. Quando vejo isso, me parece mais caridade do que contratação de uma pessoa com potencial de crescer e contribuir para a empresa como qualquer outro funcionário. Já as empresas públicas disponibilizam nos editais vagas para deficientes em quase todos os cargos disponíveis, de nível fundamental ou superior, possibilitando ao deficiente ganhar maiores salários, com a garantia de um ambiente adaptado às suas necessidades.
Eu falei aqui outras vezes sobre o assunto trabalho, e minha dica é sempre procurar emprego, se qualificar, estudar e buscar seu lugar no mercado de trabalho como qualquer outra pessoa, respeitando, claro, as limitações que tenha. Hoje em dia há muitos deficientes plenamente capacitados para ocupar cargos importantes e crescer dentro das empresas como qualquer outro.
Muita gente é aposentado por invalidez e, mesmo com potencial para trabalhar e crescer na profissão, ficam com medo de perder o benefício. Se for trabalhar com carteira assinada perde o benefício mesmo, mas se não trabalhar perde a oportunidade de se desenvolver profissionalmente, socializar com as pessoas no ambiente de trabalho e melhorar muito sua renda mensal.
Na minha cadeira ou na do escritório, sou o mesmo trabalhador
Na foto acima estou na minha mesa de trabalho, da mesma forma que todos os outros analistas da empresa, contribuindo para o desenvolvimento e crescimento da companhia, e a única diferença para meus colegas de trabalho é a minha cadeira que, diga-se de passagem, é mais bacana que a deles! Eu costumo passar para a cadeira do escritório, pois tenho mais conforto e posso me movimentar mais, mas quando vou para reuniões, geralmente fico na minha mesmo. Felizmente encontrei na Gasmig um excelente clima de trabalho e jamais sofri qualquer tipo de preconceito, desenvolvi meu trabalho com liberdade e igualdade com todos.
Aproveito para contar que estou de mudança de emprego, há algum tempo contei que estava em dúvida, mas já me decidi e fui chamado para trabalhar no BDMG, semana que vem já começo. Espero encontrar por lá o mesmo clima de profissionalismo e respeito que tive na Gasmig. Se for assim, eles ganharam mais um excelente profissional (que além de tudo, é modesto)!
Quem quiser ler a matéria completa, é só clicar aqui. Agradeço ao Fernando, à Ivonete, que já considero uma amiga, e ao pessoal do jornal pela matéria muito bem feita.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Verde mar não está para peixe

Quando vamos a um lugar "chique", onde as coisas são de primeira, e geralmente mais caras, imaginamos que investiram para atender os clientes com toda a estrutura necessária, e se preocuparam com a acessibilidade para todos. Mas não é o que acontece na prática.
O símbolo está ali, mas cade a acessibilidade?
Ontem estive no Verde Mar, um supermercado de alto padrão localizado na avenida Nossa Senhora do Carmo, 1900, no bairro Sion aqui em BH. Geralmente a Gi desce e eu espero no carro, mas desta vez resolvi acompanhá-la. Só que de cara já encontrei um obstáculo. Havia um "trem" de carrinhos logo no corredor de entrada, como podem ver na foto acima. E a entrada é no final do corredor. Tive que contornar algumas pessoas e o segurança arredou alguns carrinhos para eu conseguir entrar.
Lá dentro até que o espaço é suficiente para rodar, mas alguns lugares são apertados, como na seção de queijos (que eu adoro). Mas não é nada que incomode, dá para passar. Fizemos nossas compras, e na hora de sair, fui direto no caixa preferencial (mesmo porque eu estava sendo usado como carrinho de supermercado e carregando as compras numa cestinha no colo).
Se isso é preferencial, prefiro nem ir lá
Mas na hora de passar pelo caixa... quase não cabe a cadeira! Tive que ser empurrado para conseguir sair, arrastando os arros das rodas. E olha que minha cadeira é compacta, imagino uma mais larga um pouquinho. Estaria lá até agora... É um absurdo um caixa preferencial que não cabe uma cadeira né? Pior que o danado do supermercado nem tem site para mandar um e-mail reclamando. Vou ter que voltar lá só para reclamar pessoalmente. 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Triciclo elétrico

Em junho do ano passado fiz a avaliação de um quadriciclo elétrico, o Scooter Vita, fabricado pela Freedom. Gostei muito do veículo, que é bem completo e tem boa autonomia, mas o preço é meio salgado, em torno de 14 mil reais. Esse dias, porém, descobri mais uma alternativa bem mais interessante para cadeirantes: o triciclo elétrico. Ele é bem parecido com o Scooter Vita, mas é menor e bem mais barato. E a autonomia também é um pouco menor, mas ainda assim mais do que suficiente para uso dentro da cidade, no dia a dia: 60 km. Dá para ficar um bom tempo sem recarregar.
O triciclo é ideal para cadeirantes, o assento é uma poltrona com braços e até cinto de segurança. Tem um motor de alta potência (800 w) com limitador de velocidade, que pode ser ativado ou desativado pelo usuário (a velocidade máxima é 45 km/h e pode ser limitada a 25 km/h). As rodas são de 16 polegadas tem suspensão dianteira e traseira, que trazem bastante estabilidade e segurança.
Ele foi desenhado para cadeirantes ou pessoas com limitações de mobilidade, por isso o banco tem várias regulagens, braços de apoio e cinto de segurança. Além disso, tem bagageiro duplo com chave e ótima capacidade, pode transportar compras ou pequenos objetos.
Para garantir controle total da máquina, além dos controles de aceleração, frenagem, setas e faróis no guidão, ele vem com um painel digital que traz informações de nível da bateria, velocidade e temperatura ambiente. E olha que legal: tem até alarme, que é acionado por controle remoto e trava as rodas traseiras. Pode largar na garagem ou qualquer outro lugar com segurança.
Agora o melhor: o preço. Esta belezinha custa R$ 11.990,00 à vista. É mais barato que muita cadeira motorizada! Sei que não é pouco dinheiro, mas comparativamente ao Scooter Vita e outros similares, e considerando ainda que é elétrico e não tem custo com gasolina, está muito em conta! Ah, e tem também como opcionais rádio FM e tocador de MP3 com entrada USB e de cartão de memória. Dá até para curtir um som! O triciclo está disponível nas cores prata, branco, preto e vinho e tem garantia de um ano de motor, seis meses de bateria e quatro meses nos demais componentes e ainda plano de manutenção programada (além da revisão de entrega, o cliente tem direito a 5 revisões gratuitas em toda a rede).
E outra boa notícia: quem se interessar, no estado de Minas Gerais, estou representando o triciclo. Quem quiser saber mais, é só enviar um e-mail para blog.cadeirante@gmail.com com endereço e forma de pagamento escolhida. Bora acelerar!

domingo, 15 de janeiro de 2012

Rampiscada

Eu apelidei de "rampiscada"
Essa escada com uma rampa no meio fica na Universidade Federal de Minas Gerais, em frente ao primeiro prédio à esquerda de quem entra pela Avenida Antônio Carlos (não me lembro qual é a faculdade).  É uma excelente solução que não precisa de nenhuma adaptação ou espaço extra, basta apenas dar uma recuada em parte da escada para fazer a rampa.
Outra vista da rampiscada
O problema deste projeto é a falta de um corrimão, pois se o cadeirante não for muito forte, ele vai fazer falta. Eu mesmo sempre prefiro uma rampa com corrimão, pois ajuda a puxar na subida e a frear na descida. Mas como a inclinação é bem suave, dá para passar sem ele. Eu fiz o teste, subi até o meio do caminho e voltei. Aprovado!
Rampiscada canadense
Há um projeto similar em Vancouver, no Canadá, mas lá eles fizeram em vários níveis, permitindo subir um desnível maior. Vi no site Mão na Roda, e logo lembrei daquela da UFMG. É uma boa alternativa e prova que, quando a acessibilidade é levada a sério, até uma escadaria pode ser adaptada. Fica a dica!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Polícia deficiente

E agora, quem poderá nos defender?
Infelizmente não é um caso de contratação de deficiente por parte da Polícia, mas sim uma deficiência que ocorre com muitos policiais pelo Brasil afora: eles se acham no direito de transgredir as leis e abusam da autoridade. O caso em questão vem do Rio de Janeiro, e me foi enviado pelo Bruno Cardoso, que flagrou o desrespeito de policiais civis que estacionaram em uma vaga de deficientes no Bangu Shopping.
O pior é que o estacionamento do shopping estava vazio, e mesmo assim tiveram a cara de pau de estacionar em uma vaga de deficientes. Até quando vamos ter que engolir atitudes como esta de pessoas que supostamente deveriam zelar pela lei e pela ordem? Cadê a moral dessas pessoas?

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Mesa reservada

Essa é só para quem tem rodinhas!
Há algum tempo, passando pelo aeroporto de Congonhas em, São Paulo, me deparei com esta mesa da foto acima, onde está escrito "Mesa reservada para deficientes físicos". Achei interessante a ideia, pois está colocada em um local mais externo, é mais alta, e só tem uma cadeira ao lado dela, o que sugere que é dedicada ao acompanhante do deficiente, se houver.
Mas confesso que achei ela meio isolada do resto do povo, parece que o deficiente tem que comer à parte, aumentando a sensação de ser diferente de todos. Eu, pessoalmente, prefiro pedir às pessoas uma licença e comer lá no meio mesmo. Ou então sentar em uma mesa da borda, que não seja tão diferente nem tão distante. Mas a intenção foi muito boa, pois sempre haverá uma mesa disponível. Ou ocupada por outro cadeirante! E você, o que acha?

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Incômodos no aeroporto

Esse pequenininho, só de escada
No último fim de semana estive em São Paulo para o aniversário de três anos do meu sobrinho (que está lindinho!) Fui e voltei pela Avianca via aeroporto de Guarulhos (a passagem estava mais barata). A Avianca, para quem não sabe, é uma companhia aérea colombiana que comprou a Ocean Air, e opera diversos vôos pelo Brasil, em aeronaves grandes (Airbus) e pequenas (Fokker 100), esta última faz o trecho BH-SP nos fins de semana.
Eu já havia voado outras vezes nesse aviões pequenos, e já sabia que ia embarcar pela pista. Mas com o ambulift, aquele caminhão que sobe até a porta do avião, o problema se resolve. Acontece que o do aeroporto de Confins já está quebrado há uns bons meses (se não é que faz mais de ano). Mas eu estava disposto a ser carregado pela escada numa boa. E assim foi. Entrei no avião e consegui transferir sozinho para a poltrona (ou melhor, poltroninha). Apesar de o avião ser pequeno, dá para chegar com a cadeira até a primeira fileira e fazer a transferência.
Chegando em Guarulhos, ao invés de trazerem o ambulift, resolveram descer no braço mesmo. Bem, ao invés de me incomodar e exigir o ambulift, deixei pra lá. Me desceram, fui pra casa da minha irmã e curti bastante meu sobrinho, que adorou os presentes que dei pra ele. No domingo, resolvi sair mais cedo para o aeroporto, pois sempre saio em cima da hora e passo aperto. O vôo era às 19:20, e como estava cheio na ida, achei melhor sair às 17:00 de casa. Essa foi minha sorte, pois mais uma vez eu me confundi. O horário do vôo era 18:20, eu tinha visto a hora da chegada em BH. Mas deu tempo (e a Gi falou até).
Ambulift com trenzinho de cadeiras!
No embarque, finalmente resolveram usar o ambulift. E para minha surpresa, um ambulift novinho em folha. O maior que já vi no Brasil, dá para levar até quatro cadeirantes de uma vez. Lá fomos nós para o embarque, e ao chegar ao avião não haviam reservado a primeira fileira para mim. Eu teria que viajar na terceira fileira. Bem, falei para me carregarem, mas a senhora que estava na primeira fila se sensibilizou e ofereceu para trocar. Passei para a poltrona, mas o chefe de cabine me disse que não poderia viajar ali. Eu disse que sempre viajo na poltrona do corredor da primeira fila mas ele insistiu, e começou a citar uma resolução da ANAC que proibia pessoas com necessidades especiais de viajar naquele lugar. Eu insisti, dizendo que seria difícil passar para a poltrona do lado, já que o espaço é pequeno e o braço fixo, mas o cara insistiu, voltando a falar da tal resolução, então cedi, percebendo que o cara não ia desistir. Na passagem minha perna, claro, agarrou, e o cara ajudou, mas senti que foi forçado.
Aí viajei no cantinho, com o ombro encostando na parede do avião, bem incomodado. E na hora de sair, mesmo problema. Duas coisas que acho absurdo nessa história: o aeroporto de Confins não arrumar o ambulift e o comissário com essa história de viajar na janela. Acho que não volto a viajar de Avianca.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A esperança da célula-tronco chega a mais brasileiros

Não acho correto deixar a vida em stand-by e ficar esperando um milagre bater na porta para resolver um problema "irresolvível", como uma doença terminal ou deficiência grave. Mas nem por isso a gente deixa de ficar ligado nas possibilidades que a ciência nos abre, e sempre que vejo uma boa notícia como a que vi hoje faço questão de compartilhar com todos aqui no blog. A boa nova é que o projeto que tem dado resultados com células tronco em Salvador, na Fundação Osvaldo Cruz, já tem projeto de ampliação.
Quando fiquei sabendo do projeto, mandei um e-mail para eles buscando mais informações e disseram que os pacientes que serão submetidos ao tratamento já são acompanhados e não havia previsão de começarem com novos pacientes. Agora, já há uma previsão, de acordo com a notícia divulgada na Isto É em 28 de dezembro último. Serão mais sete centros de pesquisa que acompanhando mais pacientes que receberão células tronco, quatro em São Paulo, um em Curitiba, um no Rio e um no RS. Em breve começarão a cadastrar pessoas com lesão medular para participar do estudo.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Reveillon conturbado

Esse fim de semana, claro, não foi como os outros. Foi a virada de ano, e infelizmente caiu em um fim de semana, ou seja, não rolou um feriadozinho básico para que pudéssemos aproveitar mais e viajar com tranquilidade. Como meus pais moram longe, em Guarapari, eu não poderia deixar de viajar, mesmo com um certo sacrifício. Só não imaginei que o sofrimento ia ser dobrado. Sabe aqueles dias em que nada parece dar certo? Pois é, o meu fim de semana começou assim. E terminou do mesmo jeito.
Chegamos no aeroporto e fomos fazer o check-in, só que a moça do balcão não encontrou nossos nomes no vôo. Pediu o localizador, mas eu não costumo imprimir, então busquei pelo celular. Enquanto isso ela perguntou: "será que você não comprou para data errada?" Claro que não, eu disse. Mas eis que encontrei o localizador. E a desagradável surpresa: o animal aqui comprou passagem para o dia 31/01/12, ao invés de 31/12/11. Na pressa, e como comprei pelo Submarino Viagens, quando vi os números 31 e 12 comprei direto, sem perceber que tinha um 01 entre eles. Foi pura falta de atenção (e um pouco de burrice - nem conferi depois da compra). Portanto, estávamos no aeroporto, dia 31/12, e sem passagem para ir pra Vitória. Só que a volta eu tinha comprado certo, pela Gol, no dia seguinte.
Já estava ali, com mala e cuia, doido para ver meus pais, irmãos e amigos, tinha que dar um jeito. Corri para o primeiro computador e saí à busca de uma passagem barata. Enquanto isso, a Gi foi ao balcão das companhias aéreas tentar o mesmo. Eu não tive sorte, todos os sites só deram passagens a partir do dia 07/01. Mas a Gi conseguiu uma passagem da Gol para meio dia, por um preço alto, mas era o que tinha. Ah, e era com escala no Rio de Janeiro, chegaria em Vitória cinco horas da tarde. Fomos então passear no Rio e chegamos a Vitória. A essa altura, eu estava quebrado. Mas foi ótimo chegar na casa dos meus pais e encontrar o povo todo. Fomos para a praia na virada ver os fogos. Foi muito legal, o clima de praia em reveillon é sempre bom.
No domingo, o pessoal preparou um churrascão na área de lazer do prédio. Estava tudo bem, carne boa, cervejinha rolando, mas eis que desci para colocar uma camiseta e fui até a cozinha pegar uma faca. Chegando perto do armário, senti uma pontada forte vindo do pé, e uma queimação intensa na perna toda.
Olhei pra baixo e a gastura tomou conta: meu pé entrou logo em baixo do armário e pegou na ponta da unha, levantando ela toda para cima, fazendo noventa graus. Pela segunda vez, arranquei completamente a unha do dedão. Ficou preza somente pela base. Ao ver, a dor aumentou ainda mais. Chamei a Gi, e como teríamos que pegar o avião em pouco tempo e não dava para ir a um hospital por lá, ela abaixou a unha e enrolou umas gazes, fazendo um curativo para quebrar o galho.
Chegamos a BH e ao trazerem minha cadeira, mais uma surpresinha: eles conseguiram travar o encosto abaixado e ele simplesmente travou, não voltava para a posição correta. A Gi foi ajudar e ficaram no corredor tentando armar a cadeira de novo. Já imaginei que ia pra casa com a cadeira desconjuntada do aeroporto, mas conseguiram destravar a minha e finalmente fui embora. Dali para o hospital. Chegando lá, o médico veio com a história que "era melhor arrancar de uma vez do que dar anestesia". Pensando que eu ia sentir pouco, concordei. Ele virou para um lado, virou para o outro e pow! Arrancou de uma vez. Desta vez veio um raio direto do dedão, queimando a perna toda. E, claro, uma lágrima no canto do olho.
Qualquer pessoa normal diria que comecei o ano com o pé esquerdo, mas como sou mega otimista, já comecei a ver o lado bom: se eu senti tanto, é porque recuperei mais sensibilidade do que pensava. No dia seguinte, cheguei no trabalho de chinelo e dedão enfaixado. Logo vieram perguntar porque da situação, e eu não resisti e falei: "ah, foi a história de sempre, encontrei com os primos no reveillon, fomos jogar futebol e machuquei numa dividida!" Claro que o povo riu. Para o segundo que perguntou, mudei: "bem, bebi um pouco no reveillon e saí pela rua meio tonto, acabei tropeçando numa pedra!". E ainda emendei: "pensa pelo lado positivo, pelo menos, não estou mancando! E ainda tem uma vantagem: já aconteceu tudo que tinha que acontecer de errado, então o ano vai ser ótimo!" Só eu mesmo...

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