segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Box

Estava me sentindo o Myke Tyson!
Mais uma novidade na Aquafisiobh: na nova sala de atendimento há um saco de pancadas e luvas de box! Eu treinei um pouco lá e adorei a atividade. Nela são trabalhados os músculos do abdomen, para segurar o corpo quando a gente investe contra o saco, além dos braços e outros músculos do tronco.
Mas o mais legal é a diversão, bater, esperar o saco voltar e acertar ele novamente com a outra mão, ou então desviar. É um pouco mais difícil, pois não dá para sair muito da frente dele, teria que pegar no aro da cadeira, e com a luva de box não dá. Mas com o posicionamento certo da cadeira, é possível usar o jogo de tronco para desviar, o que acaba sendo um exercício a mais, que ajuda no fortalecimento do tronco. Claro que não consegui escapar de todas as "investidas" do saco e tomei umas "sacadas" no ombro e na cabeça, mas não machuca, pois o saco é macio, e eu ri muito.
Preparando para desviar.... ou tomar uma "sacada"
Este é mais um exercício inusitado, porém importante para auxiliar na manutenção e ganho de força para lesados medulares. E a diversão vem de brinde!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Evac Chair

Evac Chair guardada
Se eu contasse aqui que eu desci quatro andares pela escada ontem, pouca gente ia acreditar. Se eu disser que uma pessoa ajudou, a história ficaria mais convincente. Mas se eu disser que eu não estava na minha cadeira de rodas, vou ser trucado de novo. Para me carregar nas costas, o cara deve ser no mínimo halterofilista (não sou tão gordo, mas sou grande e peso noventa quilos). Bem, para acabar com o mistério, eis o que permitiu minha descida escada abaixo: a Evac Chair.
Preparando a Evac Chair
Mas o que seria a tal da Evac Chair? Pelo nome, dá para saber que é uma espécie de cadeira (chair), provavelmente para... evacuar? Sim, mas não a evacuação que você está pensando. É para evacuação de pessoas com mobilidade reduzida de algum lugar que esteja em uma situação de emergência (como um incêndio) em que não possam ser usados os elevadores. Serve também para uma pessoa que esteja passando mal ou desmaiada.
Transferindo para a Evac Chair
A Evac Chair utiliza uma espécie de mini esteira embaixo para deslizar sobre as escadas com pouco esforço. Ela é capaz de transportar pessoas de até 135 kg com ajuda de somente uma pessoa (que seja um pouco forte se o "passageiro" for pesado). Para treinar os novos componentes da brigada de incêndio do BDMG, onde trabalho, foi realizado um treinamento, e pegaram logo o cadeirante mais complicado do prédio para judiar do povo: eu. Complicado por causa do tamanho e do peso, já que no que dá eu ajudo.
Pronto para descer com as charmosas brigadistas do andar
É um pouco complicado passar para ela. Ela montada, com as rodas traseiras no chão, é mais alta do que a cadeira de rodas, mas como o assento é "fundo", o cadeirante corre o risco de "cair" de uma vez e levar um tranco. O ideal é uma pessoa segurar a cadeira a noventa graus para que o cadeirante possa se apoiar nela e passar lentamente até que consiga escorregar o corpo até o assento. Não é a coisa mais confortável do mundo ficar com as pernas meio para cima e balangando no ar, mas dá para aguentar. O problema que encontrei foi devido ao meu tamanho, minhas pernas são muito grandes e o assento pega bem no meio delas, o que me deixou com um pouco de dor.
Descendo as escadas com o Evac Chair
A descida das escadas não é tão macia quanto ela promete. A cada degrau a pessoa leva um tranco que, dependendo de quem conduz, pode ser bem incômodo. Mas depois que se pega a manha, a descida fica mais suave. Ao final do lance de escadas, é necessário elevar o Evac Chair até encontrar um tal de "ponto de equilíbrio" que os operadores tiveram um pouco de dificuldade, já que ele se apoia somente em duas rodas. As meninas que são brigadistas no andar em que trabalho tiveram um pouco de dificuldade, mas acabaram pegando o jeito.
No fim das contas, o objetivo do equipamento não é ser confortável, nem macio, e sim possibilitar o transporte de pessoas com problemas por uma escada com o menor esforço possível. E isso ele cumpre. Se a empresa em que você trabalha não possui esse equipamento, faça a sugestão. Mais informações no site do fabricante (que é brasileiro): www.evacchair.com.br.

domingo, 19 de agosto de 2012

O mundo do SE

Saia do mundo do SE e venha para o mundo real
Muita gente vive lá, e pelo que sei, ninguém está feliz. O mundo do SE é aquele em que a pessoa passa a vida se lamentando e imaginando como seria a vida dela SE não tivesse feito isso, SE não tivesse acontecido aquilo, SE tivesse dado mais sorte, SE...
Quem passou por um acidente ou situação que mudou definitivamente a vida, adora viver nesse mundo. SE eu não tivesse bebido, SE eu não estivesse correndo, SE eu não tivesse pulado na água. Ficam imaginando o que estaria fazendo, ou como seria, SE as coisas tivessem acontecido de forma diferente.
O fato é: no nosso mundo, assim como no resto dos mundos, o tempo não volta. Não dá para desfazer o "estrago". Não existe mundo perfeito, em que tudo é do jeito que a gente quer.
O que existe é a possibilidade de evitar que aconteça de novo, é a chance de fazer diferente da próxima vez, é aprender a conviver com a situação.
Portanto, SE você vive no mundo do SE, mude. Venha para o mundo real, para as dificuldades que todos enfrentamos e para as limitações inevitáveis, e aprenda a viver aqui. Faça do mundo real um mundo feliz, sem se lamentar, sem ficar imaginando um mundo perfeito ou impossível.
Ou melhor, continue no mundo do SE, mas mude de país, vá para o país do SE Futuro. Neste, eu vivo muito bem. Sempre que falo "e SE eu tentar saltar de parapente?" "e SE eu quiser mergulhar?" "e SE eu resolver viver da melhor forma possível, ultrapassando todos os obstáculos?" "e SE eu fizer da cadeira uma aliada, ao invés de um empecilho?"
Acho que o povo do SE Futuro vive melhor... mas eu ainda prefiro viver no mundo real, e lidar diariamente com as limitações e desafios da vida, sem SEs nem TALVEZ, só seguindo minhas vontades e desejos, e correndo atrás dos meus sonhos.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Tribike Day

O preto é mais invocado
Chegou a BH outra unidade do Tribike, o triciclo elétrico voltado para deficientes ou pessoas com dificuldade de locomoção. Desta vez veio um preto, o da foto acima. Ele carrega em oito horas e roda por sessenta quilômetros, e o custo por quilômetro fica em torno de um centavo. O banco (está mais para poltrona) tem várias regulagens e até um cinto de segurança. Para dirigir o Tribike, não é preciso carteira de motorista nem emplacamento. Tem painel digital, farol, luzes de seta e de freio e retrovisores. E é uma delícia de andar!
Esse veio com para-choque
O Tribike está em exposição na Hélio Adaptações, na Rua Pitangui, 650, bairro Lagoinha. E para quem quiser conhecê-lo, vou levá-lo à Praça Municipal Juscelino Kubitschek, na Avenida Bandeirantes próximo ao número 2.000, no próximo domingo (19/08) às 15:00hs. Vou tirar umas fotos e disponibilizar para test drive. Chame os amigos e vá conhecer o tribike, a melhor alternativa para transporte de quem tem mobilidade reduzida que já conheci até hoje.
Link para o local:
Praça Municipal Juscelino Kubit
Vou levar minha handbike também, para quem quiser dar uma voltinha.

domingo, 12 de agosto de 2012

Manutenção em cadeira de rodas

Foto de uma oficina em Florianópolis
Navegando pelo Facebook, deparei com dicas sobre manutenção de cadeiras de rodas, na funpage das Mulheres Cadeirantes. Achei muito pertinente e importante, e resolvi publicar aqui. Já passei aperto para consertar minha antiga cadeira (a Jangadinha), quando o parafuso que segura o apoio de braço se quebrou. Ela já estava meio sambada, com os braços bambos e os aros precisando apertar, então, procurei na Internet alguém que desse manutenção em cadeiras de rodas em BH. Nada feito. Mas me lembrei que certa vez estive em uma loja de cadeiras de rodas elétricas e a moça que atendeu disse que tinha um "mecânico". Liguei para ela e consegui o número, mas o cara me cobrou quase cem reais só para vir na minha casa e dar uma geral. Depois disso decidi aprender mais sobre a cadeira e dar manutenção por conta própria.

Bem, vamos às dicas:
- A cadeira de rodas, como qualquer outro veículo, tem uma vida útil que muito depende da utilização e do cuidado com que é manuseada. Importante é saber utilizá-la da melhor maneira possível, respeitando seus limites e fazendo uma manutenção preventiva e eficiente.
- Mantenha sua cadeira limpa e livre de poeira. Limpe com um pano limpo e úmido embebido em álcool. Não há sujeira que resista!!
- Lubrifique sempre que for necessário: eixos, rolamentos das rodas, garfos e articulações do corpo. Sugere-se lubrificar mensalmente com graxa lubrificante apropriada. Nessa ocasião, verifique também possíveis folgas em porcas, parafusos e estrutura. Ajuste-as se necessário.
- Troque os revestimentos do assento e encosto, assim que apresentar rasgos ou deterioração pela ação do tempo.
- Não exponha a cadeira de rodas em lugares úmidos ou diretamente aos raios solares, guarde em local apropriado e bem ventilado. Isso evitará o ressecamento e possíveis rachaduras das peças plásticas como: buchas, ponteiras, rodas e etc.
- Use sempre peças originais de fábrica.
- Se possível sempre tenha pneus e câmeras de ar de reserva .
A chave allen quebra um galho e é fácil transportar
Na minha opinião, as dicas mais importantes são referentes a limpeza, lubrificação e apertos. Eu ando sempre com uma chave allen de 4 milímetros na pochete, pois essa medida aperta a maior parte dos parafusos da minha cadeira, uma M3. E eventualmente um ou outro parafuso aparece com folgas, principalmente os que seguram os protetores de roupa (aqueles para-lamas sobre as rodas). Uma chave de fenda tipo phillips também é uma boa alternativa para levar (levo sempre na handbike).
Outra dica que dou: compre um mini compressor de ar, daqueles feitos para usar no carro, e fabrique um adaptador para usar em casa. Nesse post eu ensino como fazer. Para quem tem pneus infláveis, é muito importante. A minha cadeira veio com pneus maciços, perde conforto mas ganha em praticidade.
Enfim, trate bem sua cadeira. Ela é uma parceira diária que te leva pra todo lado!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Pedalando

Pedalando de novo, depois de seis anos!
"Parabéns Sam, a imagem que eu tenho sua é essa, em cima de uma Bike". "Sam, a imagem q tb tenho sua é em cima de uma bike. Não me lembro de vc a pé, só de bike na Rua Alberto Scharlet... Bons tempos. Legal ver sua força!!! Um exemplo pra todos nós!!!". "Massa Sam, já te vi fazendo mto isso! abraço." Estes foram alguns comentários postados no Facebook assim que coloquei a foto acima, pedalando em uma bicicleta ergométrica. Pelos comentários dá para ter uma ideia do quanto eu já pedalei na minha vida, antes da lesão medular.
Cheio de pose na época do bicicross
As bicicletas sempre foram companheiras constantes em minha vida. Fiquei sem bike um curto período, depois que roubaram uma Giant que eu tinha. Mas a história começou aos sete anos, quando eu ganhei uma bicicleta com rodinhas, e em pouco tempo descobri como tirar as rodinhas com a chave que veio nela e saí pedalando sozinho (com alguns capotes, claro). Depois disso, foram milhares de quilômetros rodando por ruas, estradas e, principalmente, estradas de terra
No MTB eu fazia loucuras
Depois do acidente que me deixou paraplégico, imaginei que jamais voltaria a pedalar, o que foi um duro golpe, ficar sem uma das atividades que em dava mais prazer. Quando descobri que existiam bicicletas para cadeirantes, as handbikes, tratei de comprar uma e voltei a sentir o prazer de girar os pedais e me levar pelas ruas sentindo o vento batendo no rosto. Já satisfez minha vontade, mas faltava sentir novamente as pernas tocando os pedais...
E não é que realizei esse sonho semana passada? Desde que a Joyce, da Aquafisiobh montou uma nova estrutura na clínica para iniciar o treino funcional (que já falei aqui no blog), ela disse que ia me colocar em cima da ergométrica para pedalar. Me animei com a ideia, pois já recuperei movimento no quadril e até um pouco nas pernas. Fomos para o test drive, e com auxílio de uma cadeirinha que me suspendeu, consegui subir na bicicleta e pedalar sozinho! Acho que minhas pernas se lembraram rapidinho como faz, de tanto que fizeram isso na vida. O problema é que minhas pernas são enormes (1,04m) e ficavam batendo na bicicleta o tempo todo. Por isso a Joyce e a Solange ficaram segurando o joelho.
Claro que o movimento do quadril ajuda a empurrar as pernas para frente, mas se não houvesse nenhuma resposta nas pernas, não teria mantido o ciclo de pedaladas. E o treino funcional trabalha justamente com essa resposta muscular a partir de movimentos realizados nos membros afetados. Me lembrei do vídeo do paraplégico que tem recuperado movimentos depois de receber células tronco, ele já está pedalando. Eu também! Prova que com força de vontade e a técnica certa, acreditando em si mesmo, tudo é possível.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Air bag de bunda

Massagem para meu sofrido popô
Depois de pouco mais de um ano (desde o grande vacilo na conexão), voltei a sentar em cima do macio... sem dupla interpretação, por favor! Bem, pelo menos não é em cima do duro. Acontece que resolvi comprar outra almofada Roho, modelo Quadtro Select. Essa almofada é o sonho de consumo dos cadeirantes, pois previne as escaras e é muito confortável. Para quem fica o tempo todo sentado, é um acessório quase obrigatório.
O problema dessa almofada é o preço, um absurdo para um produto relativamente simples. Relativamente porque tem a tecnologia por trás dela, que é composta de quatro quadrantes de gominhos de borracha que pode se isolar uns dos outros e proporcionar o conforto ideal de acordo com a necessidade. Mas mesmo assim, pagar mais de mil e trezentos reais por uma câmara de ar em forma de gomos... é meio demais, né?
Infelizmente essa é a realidade da maior parte dos produtos destinados a deficientes: preço abusivo. De cadeiras de rodas a muletas, se você faz questão de conforto, praticidade e qualidade, prepare seu bolso. Mas quem disse que deficiente precisa disso, né? Aí vem o governo e coloca impostos altos, e vem os fabricantes, e se aproveitam da pouco concorrência, e por fim vem os lojistas e jogam a margem lá em cima. Quem paga o pato é o pobre do deficiente..
Mas de um tempo pra cá reparei uma ligeira queda nos preços. A almofada Roho, por exemplo, já pode ser encontrada por menos de mil reais. A cadeira de rodas M3, baixou para menos de três mil (quando comprei, era mais de três e quatrocentos). Mas ainda assim, podia (e devia) ser mais barato. A almofada, só comprei porque minha irmã esteve em Miami mês passado, aí consegui comprar pela Amazon.com e mandar entregar no hotel que ela estava. Ainda dei azar que peguei o dólar alto, a mais de dois reais, e ela saiu por pouco mais de setecentos reais. Esse preço sim, é razoável. Pagar mil pratas por um air bag de bunda, tem que ter uma bunda bem valiosa, como de uma dessas mulher fruta por aí...
Eu até que não preciso tanto, sempre trabalho sentado na cadeira do escritório, que é bem confortável, e em casa fico mais no sofá do que em qualquer outro lugar. E rodo muito pouco pela rua, sempre saio de carro e a maior parte dos lugares que frequento tem piso liso. Só que minhas rodas são maciças, e a almofada dá mais conforto. E no trabalho, quando tenho reunião, fico na minha cadeira mesmo. No primeiro dia com a Roho novamente, já houve uma prova de resistência: tive três reuniões seguidas e passei a tarde inteira na cadeira. Já começou a valer o sacrifício!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Formigando

Alguém já viu o filme B "O Ataque das Formigas"? Ultimamente tenho me sentido dentro daquele filme. Já tem um bom tempo que eu sinto formigamento nas pernas, mas está aumentando drasticamente. Sempre que falo isso as pessoas dizem "que bom, é sinal de recuperação". Não sei se realmente é, mas sem dúvida minha sensibilidade está aumentando. Sinto a panturrilha, coxas e até os pés. Às vezes fica tão forte que os pés latejam.
Outro dia li um artigo sobre uma para-ciclista que estava treinando para as para-olimpíadas e sofreu um acidente. Depois disso, começou a sentir formigamento nas pernas, depois veio a sensibilidade e recuperou os movimentos. Hoje já está andando, mas disse que foi uma pena não poder participar do evento, pois estava treinando forte e tinha chances de medalha.
O problema do formigamento, é que ele se junta à dor crônica e vira queimação. Então fica tudo uma bagunça, dor, formigamento, queimação, e o resultado é que tem noite que não consigo dormir. Nem com Tylex, pois ele melhora a dor, mas não tem efeito sobre o formigamento. Bem, se for para evoluir de alguma forma, mesmo que seja só sensibilidade, então essas noites sem sono terão valido a pena. Pelo menos eu não trabalho de manhã mais, só de tarde, e acabo passando as manhãs dormindo.
O que eu queria saber é se isso é normal, se outros lesados medulares sentem tanto formigamento assim. E se incomoda tanto quanto no meu caso.

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