domingo, 4 de janeiro de 2015

Londres para cadeirantes - Parte 1

Em frente ao Big Ben com a London Eye ao fundo
A viagem até Londres foi rápida e tranquila, chegamos domingo de manhã na estação St. Pancras, onde foi filmado Harry Potter. A estação é enorme e muito bonita, tem uma escultura linda de um casal se beijando, como em um reencontro, lembra aquela famosa foto de um marinheiro beijando uma mulher no porto. Chegando lá encontramos o Filipe, irmão do meu cunhado que mora lá e nos recebeu no seu apartamento. É uma mão na roda ter alguém que conhece a cidade para orientar o passeio e evitar furadas. E o cara é tão gente fina que procurou um apartamento com elevador antes de se mudar pensando em uma futura visita.
Fachada da estação ferroviária St. Pancras
Escultura no interior da estação
Fomos para a casa dele de ônibus, em um daqueles vermelhos famosos, de dois andares. O que pegamos era tão moderno que o motor era híbrido, movido a gasolina e energia elétrica. O cadeirante entra pela porta do meio, onde uma rampa aparece por baixo do ônibus ao comando do motorista. O cadeirante só precisa apertar um botão com o símbolo da acessibilidade ao lado da porta. Ninguém precisa ajudar a subir, pois a inclinação é ótima, e a chance de estragar é pequena, pois não tem a complexidade dos elevadores brasileiros. Depois de entrar, a rampa se recolhe e a porta se fecha, e aí um probleminha: é preciso ir até a cabine do motorista para pagar a passagem, voltando pelo corredor onde as pessoas estão entrando para embarcar. Ou melhor, pagar não, passar um cartão chamado "Oyster" em uma máquina. Se o cadeirante está sozinho, e as pessoas te vêem no corredor, todo mundo para e espera, sem reclamar. Imagina se fosse no Brasil...
Chegamos ao bairro do Filipe e passamos em uma estação para comprar o tal cartão de ônibus. A estação também serve ao metrô, porém esta não tinha acesso para cadeirantes. Não são todas na cidade que têm, o que faz do ônibus o transporte ideal. Assim como em Paris, há mapas das linhas disponíveis no aeroporto, estações, e até lojas de souvenir. Em seguida subimos para o apartamento dele, que fica em uma região nobre de Londres, próximo ao Regent's Park. É um apê típico de solteiro, um quarto grande, sala com cozinha combinada, um quarto pequeno e um banheiro. Ele nos cedeu sua suíte master (que honra) e ficou no menor. O banheiro não era adaptado, mas a cadeira passava com facilidade na porta. Tem uma banheira onde fica o chuveiro, o que percebi que atrapalharia um pouco o banho. Como outras cidades europeias, não havia ralo fora do box, portanto o banho sentado no vaso também seria complicado. Optei por tentar entrar na banheira, colocando um banco lá dentro, mas na prática isso se tornou complicado e perigoso - para sair da banheira passei um arrego. Nos dias seguintes, preferi tomar banho no vaso, e depois a Gi secava o banheiro.
Com o Filipe almoçando jamon
Devidamente instalados, aproveitamos o belo dia de sol - raridade em Londres - para conhecer os primeiros pontos turísticos. De cara, obvio, o Big Ben. Fomos almoçar jamon (pronuncia-se "ramon") - uma carne de cedro muito gostosa - no Iberia, e depois pegamos outro ônibus e descemos próximo ao prédio do parlamento. O prédio do parlamento - Palácio de Westminster - é imenso, toma um mega quarteirão às margens do rio. Apesar do sol, fazia um pouco de frio, por isso não tirei a blusa hora nenhuma - mais para frente me arrpendi de não ter levado blusas mais parrudas. Chegamos ao Big Ben e já avistamos a London Eye - aquela roda gigante à beira do rio Tâmisa. Confesso que achei que o Big Ben fosse maior, mas sua simbologia o torna gigante. Ele é testemunha de centenas de anos de reinado britânico.
O relógio mais famoso do mundo
London Eye ao fundo
Atravessamos o rio para ver melhor a London Eye, mas não animei dar uma volta, queria conhecer outros lugares. Fomos à St. Margaret's Church (Igreja de Santa Margarida) que fica bem atrás do parlamento. Estava fechada à visitação, mas só a construção por fora vale a pena. De lá nos dirigimos ao Palácio de Buckingham, residência oficial da realeza. Como não era longe, fomos a pé - e a roda - através do parque St. James, que tem um lago muito bonito no meio, além de vários animais como gansos, marrecos, patos e outros parentes.
Em frente a um dos portões do Palácio de Buckingham
O que mais impressiona em Buckingham são os portões. Imensos e adernados com brasões e lanças douradas, transmitem a sensação de fortaleza. Um deles fica aberto, mas com guardas na frente que não permitem ninguém entrar. Infelizmente não peguei a famosa troca da guarda, e só vi dois guardas com aquele chapéu típico à la Margie Simpson. O complexo do palácio é muito grande e conta com um parque aberto ao público, o Green Park, por onde passamos para ir embora. A próxima parada foi na National Gallery, um dos mais famosos museus da Europa, que fica na praça Trafalgar Square. A praça em si já é muito legal para se visitar, tem artistas de rua, fontes e estátuas. Tinha até um galo azul gigante no lugar de uma estátua, a explicação é que ainda não decidiram qual personalidade homenagear com uma estátua ali. Dizem as más línguas que estão esperando a rainha morrer... Acabamos não entrando na National Gallery porque estava escurecendo.
Em frente ao National Gallery
Detalhe da praça Trafalgar Square
Galo azul em Londres. Acho que é cruzeirense...
Dentro de um táxi adaptado
No dia seguinte, Filipe foi para o trabalho e eu e Gi fomos explorar a cidade. Logo ao sair do prédio avistei um táxi para deficientes encostando em um hotel, era uma Mercedes tipo van. O taxista foi muito solícito, tirou uma rampa do porta malas e me ajudou a subir. Por dentro ele era bem espaçoso, com lugar próprio para o cadeirante ir, de costas para o motorista. A altura deixou a desejar, fiquei com a cabeça meio inclinada, mas pela minha altura não ia encontrar um que desse nunca. Os famosos táxis pretos londrinos também ostentam o símbolo de acessibilidade, mas não cheguei a experimentar. Fomos para o Borough Market, uma espécie de Mercado Central que tem de tudo, até uma Taverna em estilo medieval. Almoçamos por lá e fomos ao British Museum, que tem mais de sete milhões de objetos de todos os continentes. Conto sobre ele (e outras coisas) no próximo post!
Dentro do Borough Market

7 comentários:

  1. Suas fotos de Londres ficaram muito bonitas, Sam! Abs!

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  2. Cara, DEMAIS !!!
    Estou fazendo uma campnha em busca de recursos para criar uma agencia receptiva de turismo adaptado em Londres, Caso posso ajudar divulgar fico Grato !!! Valeu !!!
    http://www.kickante.com.br/campanhas/turismo-para-deficientes

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  3. Obrigado por compartilhar suas experiencias conosco. Vce sabe se em Londres consigo alugar cadeira de rodas? ou ate nesmo aquelas motorizadas? abraço

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    1. Não sei dizer Arthur, levei minha cadeira e não atentei para esta opção. Acredito que sim, uma cidade grande e bem estruturada deve ter este tipo de serviço.

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    2. Acabamos comprando uma cadeira de rodas em Londres. Custou 110 libras, dobrável cabe na mala do carro. Compramos pela internet. Leve, de alumínio, Foi entregue em 24 horas. O aluguel iria custar metade disso, e usamos a cadeira em nosso tour pela Europa , trazendo para o Brasil.

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