terça-feira, 22 de setembro de 2015

Paternidade sobre rodas

O sonho de ser pai não acaba com a lesão medular
O primeiro post que fiz sobre este assunto, foi contando a história do Gregori, de Lages, e como ele se tornou pai. Hoje, com muita alegria, venho aqui contar a vocês sobre a minha experiência! Ainda não sou pai por vias de fato, mas se Deus quiser, serei. Minha companheira, que tantas vezes já citei aqui no Blog, a Giordana, está grávida!! E de gêmeos! E agora vocês vão saber como tudo aconteceu.
Antes de virar cadeirante, eu já sabia que poderia ser um ótimo pai. Desde sempre eu adoro criança. Acho que desde que deixei de ser uma - se é que eu deixei mesmo, pois meu pai mesmo sempre afirma que minha mentalidade é de um menino de doze anos. Portanto, ser pai sempre foi um sonho meu. Quando encontrei minha cara metade, depois do acidente que me deixou paraplégico, procurei saber como poderia ter filhos.
A primeira opção que encontrei foi a fertilização, também conhecida como inseminação artificial. A fertilização é o método mais comum e com maior probabilidade de sucesso. Só que é um processo caro, entre doze e vinte mil reais. Quando comecei a pesquisar, descobri que há um programa do Hospital das Clínicas que faz a fertilização gratuitamente. É preciso fazer uma triagem que começa no posto de saúde, que te encaminha para uma consulta com um urologista, e em seguida para a fila de espera, que costuma durar uns dois anos até ser chamado para os exames finais e a fertilização. Fiz todo o processo, fui chamado e fiz o espermograma, para identificar se há espermas móveis em boa quantidade. No meu caso não havia, portanto o procedimento indicado para colher os espermas seria punção. Neste ponto, em conversa com a Gi, decidimos que ainda não era o momento ideal para termos filhos. Interrompemos o projeto.
Gi pronta para receber os óvulos fecundados
Até que, ano passado, voltamos a conversar sobre isso. Com o avanço das nossas idades, se fosse para ter filhos, era o momento. Na verdade, só precisei convencer a Gi a ter filhos, pois eu não deixei de querer hora nenhuma. Já que chegamos a um acordo, fomos atrás do método. Voltar à fila era impensável, portanto fomos atrás de clínicas particulares. Perguntei a um amigo que havia feito há pouco tempo e ele indicou a Origen. Fomos lá e nos assustamos um pouco com o preço, quinze a vinte mil reais. O preço varia porque a compra dos remédios varia de acordo com a produção de óvulos. Pesquisando outras, descobri a Clínica Vilara, que funciona dentro do Hospital Vila da Serra. O preço era bem melhor, de doze a dezesseis mil. Gostamos do médico e da estrutura, resolvemos encarar.
Vou falar agora do processo de fertilização propriamente dito. Funciona assim: a mulher estimula a produção de óvulos artificialmente, com a utilização de remédios - a quantidade de remédios que a mulher toma depende da idade e da velocidade de produção dos óvulos. O médico vai acompanhando quantos óvulos são produzidos e decide o momento em que já são suficientes. No nosso caso, a Gi produziu oito óvulos, um número razoável, mas o médico sugeriu congelar aqueles óvulos e fazer mais um mês de tratamento para juntar pelo menos mais sete ou oito, por garantia. O problema é o custo, os remédios são muito caros. Resolvemos arriscar com os oito.
A gente acompanha a introdução dos óvulos pela tela - dá pra ver só um pontinho, mas é emocionante!
Como eu já havia feito espermograma, sabia que a retirada dos meus espermas seria por punção, ou seja, retirado direto na fonte, através de uma minicirurgia onde eles abrem o escroto e os buscam com uma seringa. Após a retirada, o médico faz os testes para ver se encontra espermas com boa mobilidade e procede para a inseminação. No mesmo dia, os óvulos da mulher são colhidos, e os espermas bons são colocados em contato com os óvulos, para a fertilização. Os óvulos fertilizados são cultivados em laboratório, e assim que estão evoluindo é marcada a inseminação. Os óvulos são então introduzidos na mulher. Dos oito óvulos retirados, sete estavam bons, o médico separou os cinco melhores e fecundou quatro. Introduziu três na Gi, para acompanhar. É possível que nenhum deles evolua, ou somente um. É muito raro os três vingarem, assim nos disse o médico.
Gi já apresenta uma leve barriguinha - e um grande sorriso no rosto!
A partir daí, o médico foi acompanhando a evolução com ultrassons semanais. Até a quarta semana, os três estavam indo bem! Ficamos um pouco assustados com a possibilidade de trigêmeos, mas se fosse para ser, daríamos conta. Até que na quinta semana um deles parou de evoluir, mas os outros dois continuaram! E continuam até hoje, graças a Deus. Já descobrimos que é uma casal e já demos os nomes, Anne e Max. A Gi está entrando no sexto mês daqui uma semana e eles estão desenvolvendo bem.
E agora começa a luta para montar o quarto dos bebês - adaptado para mim, é claro - e comprar um caminhão de coisas para cuidar deles nos primeiros meses. Aliás, caminhões, porque só de fralda já enche um...

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