sábado, 12 de março de 2016

Transferências

Utilizando a técnica certa é possível ganhar muita autonomia fazendo transferências
As transferências fazem parte do dia a dia da maioria dos cadeirantes. Quanto melhor o cadeirante fizer as transferências, mais independente ele será, e terá mais qualidade de vida. Porém é uma atividade que envolve riscos, pois uma queda durante uma transferência pode trazer sérios problemas. Por isto é preciso utilizar algumas técnicas para fazer as transferências com segurança.
O primeiro lugar que nos ensina a fazer transferências com rapidez e segurança é o Sarah. Lá aprendi as primeiras técnicas, e no dia a dia desenvolvi mais formas de transferir. No Sarah aprendemos o básico, transferir da cama para a cadeira, da cadeira para o carro, da cadeira para o vaso sanitário e vice versa. No dia a dia aparecem mais desafios, como transferir para a poltrona de um avião, para uma cadeira de banho com braços fixos, para cadeiras de escritório com rodas, para um banquinho para tirar radiografia e por aí vai. Já fiz cada transferência que muita gente duvida.
A tábua de transferências ajuda quem tem dificuldades
Com a técnica certa, é possível transferir para quase qualquer lugar. Só que não há uma técnica que sirva para todos, pois cada cadeirante tem suas limitações e características. Por isso desenvolvi uma teoria das transferências, que pode te ajudar a encontrar a técnica certa para você. Há pessoas, porém, que não conseguem fazer transferências por falta de força nos membros superiores. Nestes casos, podem ser utilizadas as tábuas de transferência, para escorregar o corpo até o local desejado.
Eu divido as transferências em três etapas: aproximação, preparação e transferência. Na aproximação, o cadeirante estuda as características do lugar a transferir e chega o mais próximo possível dele. Nesta etapa a cadeira de rodas deve ser posicionada em um ângulo em que a quina do assento dela fique o mais próximo possível da borda para onde se está transferindo. O que atrapalha nesse caso é a roda dianteira da cadeira, pois ela limita esta aproximação. Deve-se procurar entrar com a roda dianteira embaixo do assento para a aproximação ser mais eficiente.
Transferência para cadeira de banho é um exemplo de necessidade diária
Na etapa de preparação, o cadeirante faz o posicionamento do corpo para fazer a transferência com segurança. Nesta fase eu jogo o corpo para a frente, perto da beira do assento da cadeira de rodas e coloco um pé no chão. Então, apoio uma mão próxima ao centro da outra cadeira e a outra mão próxima também ao centro da cadeira de rodas. A ideia é centralizar os pontos de apoio para que não haja desequilíbrio no meio do caminho, por isso fica um pé na cadeira e outro no chão, e as mãos próximas ao centro das duas. 
Na transferência propriamente dita, jogo o corpo direto no alvo, e aí pego as pernas e faço o ajuste. Este movimento deve ser feito somente se o cadeirante sentir segurança no equilíbrio, pois é aí que está o maior perigo de queda. Dependendo do equilíbrio, é possível fazer a transferência lentamente, garantindo que o corpo chegue com segurança no destino. Mas muitas vezes é preciso fazer mais rapidamente para evitar que um espasmo ou desequilíbrio comprometa a transferência. Quem define a velocidade e forma de realizar a transferência é o próprio cadeirante. E para atingir a técnica correta, somente com a prática. O que não pode é ficar com medo de transferir, pois esta prática ajuda muito a ter mais independência.

14 comentários:

  1. Olá, Alessandro! Excelente seu blog, descobri ontem, muito útil e bem organizado. Minha mãe é cadeirante porque perdeu uma perna, teve trombose. Sente muitas dores nas costas, já li seu post sobre isso. Gostaria de saber se você já testou a "Almofada Ortopédica Anatômica Pro-Coluna - Ortho Pauher". Obrigada, um abraço. Janaína Penna.

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    1. Olá Janaína, não conhecia esta almofada. Se tiver oportunidade, experimento e te conto!

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Parabéns, dicas muito úteis. Obrigado Amigo, me ajudou muito, vou repassar para Os sócios e Diretores Cadeirantes da ADET - Associação dos Deficientes de Tabira - PE, Um Abraço. Heleno Trajano blog: www.trajandocidadania.com.br

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  3. Olá Alessandro, acompanho os Post no seu blog pq me ajuda a cuidar melhor do meu esposo, suas dicas são excelentes parabéns!
    É possível utilizar a tábua de transferência para ir da caveira para a cama quando a cama é mais alta?Qual é o peso dessa tábua de transferência do Sarah?
    É possível uma pessoa sem forças nos membros superiores fazer transferência utilizando a tábua sem auxílio de um cuidador?
    Obrigada!
    Suzana Quinto

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    1. Olá Suzana, obrigado por acompanhar o blog! É possível utilizar a tábua para transferir para uma cama mais alta ou mais baixa, se a diferença não for muita, tomando o cuidado de encaixar bem embaixo do corpo. A tábua é bem leve, feita de compensado. Com pouca força é possível, pois a pessoa precisa apenas escorregar o corpo por cima dela.

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    2. Olá Suzana, obrigado por acompanhar o blog! É possível utilizar a tábua para transferir para uma cama mais alta ou mais baixa, se a diferença não for muita, tomando o cuidado de encaixar bem embaixo do corpo. A tábua é bem leve, feita de compensado. Com pouca força é possível, pois a pessoa precisa apenas escorregar o corpo por cima dela.

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  4. Olá Alessandro. Tudo bem? Primeiramente, parabéns pela sua perseverança na vida. Estou montando um material para um curso sobre Acessibilidade e é muito difícil achar alguma coisa sobre transferência. No seu blog achei mais sobre transferência individual. Você poderia comentar, por favor, qual seria a melhor maneira das pessoas te ajudarem a fazer uma transferência de uma cadeira de rodas para uma poltrona de avião, por exemplo? Muio obrigada

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    1. Oi Sabrina. Obrigado. O correto é pegar por baixo do sovaco, enquanto o cadeirante segura as mãos, e se necessário, outra pessoa segura as pernas e leva até a poltrona, o mesmo procedimento para a volta. Fiz um vídeo uma vez, não ficou muito bom mas dá para ter uma ideia: https://www.youtube.com/watch?v=buvm7LFslys

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  5. Obrigado. Na Technocare tinha, é difícil encontrar, mas vale a tentativa. Abraços

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  6. Entrei sem querer neste blog e estou gostando já de início.
    Parabéns, também sou paraplégico.

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  7. Boa tarde Alessandro. Sou fisioterapeuta, estou pesquisando sobre um certo produto e gostaria de fazer uma entrevista. Pode me responder pelo svlima.fisio@gmail.com

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  8. E quem não consegue de maneira nenhuma ficar de pés como eu

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