quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Iveco desenvolve van acessível a motorista com deficiência

Conceito Daily Life permite que deficiente seja motorista profissional
Mais uma vez a Iveco inova e mostra responsabilidade social. Durante o 2º Iveco Bus Experience, realizado no dia 7 de novembro em Sete Lagoas, foi apresentada a Daily Life, conceito baseado na Daily Elevittá, que mostrei aqui no blog ano passado. A diferença é que neste modelo o assento que é projetado para fora do veículo e desce até o nível da calçada através de um mecanismo de correias e esteira para receber uma pessoa com mobilidade reduzida, e sobe pelo mesmo sistema, é o do motorista. Uma vez dentro da cabine, através de adaptações veiculares convencionais, é possível dirigir o veículo como qualquer outra pessoa. Ao fim do trajeto, basta acionar o mecanismo - tudo por conta própria - e descer até a calçada para voltar à cadeira de rodas, muleta ou acessório de auxílio à mobilidade. A única tarefa não autônoma é guardar e receber a cadeira de rodas. Durante a apresentação do conceito pelo gerente de marketing de produto Gustavo Serizawa, foi sugerida a instalação de um Chair Topper para guardar a cadeira do motorista em cima da van. Porém este mecanismo serve somente para cadeiras dobráveis. Uma sugestão mais abrangente seria o próprio motorista guardar a cadeira no banco do passageiro, assim como fazemos em veículos de passeio. A dificuldade seria a altura da van, mas se houver uma forma de levá-la junto pelo mesmo mecanismo, facilitaria. Enfim, como é um protótipo (e eles já estão pensando nisso) tenho certeza que no produto final haverá uma forma.
O embarque é confortável e seguro com o Elevittá
A Daily Life tem espaço para até 18 passageiros, e pode também ser equipada com um assento Elevittá na lateral, que permite levar até três pessoas com mobilidade reduzida, assim um motorista com deficiência pode transportar outras pessoas com deficiência! Desta forma, será muito mais fácil a comunicação e compreensão das necessidades dos passageiros. Acontece muito de motoristas de vans ou ônibus perderem a paciência ou serem indelicados com pessoas com deficiência por não compreender suas particularidades. Se até o motorista for deficiente, a integração e inclusão serão mais completas e genuínas! Em um setor tão carente de investimentos e produtos que promovam a inclusão, esta solução permite a inserção de cadeirantes no mercado de trabalho, também na função de condutores profissionais. Há muitas pessoas que trabalhavam como motoristas e sofreram um acidente que impossibilitou a continuidade na profissão, e há também os que têm interesse em investir no segmento e esbarravam na falta de acessibilidade.
Agora é possível que motoristas profissionais embarquem com conforto e segurança
O sistema Elevittá leva a outro patamar o embarque e desembarque de pessoas com deficiência. É fácil de operar, pois os controles são simples e intuitivos, é rápido, comparativamente aos elevadores tradicionais, é confortável, pois é feito na poltrona do veículo, e é seguro, pois em todo o processo a pessoa fica com o cinto de segurança afivelado. Não há trancos fortes nem aqueles movimentos bruscos que tanto assustam quem usa elevadores de cadeiras de rodas tradicionais. A transferência da cadeira de rodas para a poltrona é rápida e segura, já que é possível encostar a cadeira nela e encontrar o melhor ângulo para jogar o corpo sem muito esforço. Uma vez na poltrona, basta descer o apoio de braço, colocar o cinto de segurança e acionar o comando para ser levado para cima suavemente. Ele vai primeiro para cima, até o nível do assoalho do veículo, depois para trás, até encaixar no lugar certo. Aí é só girar a poltrona e você está pronto para dirigir! Aponto apenas um defeito: o Elevittá estava sem a plataforma de apoio dos pés, o que deixou as pernas soltas na subida e no giro. Informei e disseram que será acrescentada na versão final. Fora isto, em todo o processo encontrei algumas dificuldades específicas da minha estatura: tive que abaixar a cabeça um pouco para passar pela porta, precisei puxar a perna por baixo do volante e posicionar a outra na diagonal para caber. Porém, tenho 1,95 metro, e mesmo assim eu coube. Poucos centímetros a menos e já não haverá estes problemas.
Dirigindo a Daily Life na pista de teste da Iveco. Alguém precisando de motorista aí?
Após testar o embarque e desembarque na apresentação oficial do produto, seguimos para a fábrica da Iveco, no complexo da CNH Industrial. Lá houveram algumas solenidades e fomos convidados a conhecer a linha de produção dos veículos e detalhes da fábrica. Logo em seguida fomos para a pista de testes da Iveco, única da América Latina destinada a veículos de grande porte. Havia stands de parceiros da Iveco e vários veículos para test drive. O único que me interessava - e que eu poderia efetivamente dirigir - era o Daily Life. Eu já havia dirigido micro-ônibus na Reatech em São Paulo, mas tive que ser carregado até a direção. Entrei novamente pela poltrona do motorista e me posicionei. O veículo estava adaptado com acelerador de aro por cima do volante, freio mecânico por alavanca embaixo do volante, e câmbio manual adaptado com embreagem automatizada. Aí realmente poderia ser melhor, a embreagem automatizada, que é acionada por um botão em cima da alavanca, não é o ideal. Com o acelerador de aro fica um pouco melhor, já que é possível manter uma mão sempre no volante, mas a operação de caixa manual é sempre mais trabalhosa para quem precisa usar as mãos para acelerar, frear, virar o volante e ainda operar seta, luzes e outras funções do veículo.
O controle é simples de operar e tem cabo extensor
Sobre o custo, o gerente Gustavo Serizawa estima que o projeto Life deve começar em valores que representem de 10%, 20% ou até 30% do valor de uma Daily Elevittá, que hoje custa em média algo em torno de R$ 160 mil a R$ 170 mil. Ele aproveita para informar que atualmente, 20% da produção da van Daily é na versão Elevittá, a maioria para o mercado interno. Fica aqui meus parabéns às equipes que desenvolveram o produto e montaram o evento de lançamento. Iniciativas como esta devem ser comemoradas e divulgadas, não conheço nenhuma outra empresa tão engajada com a inclusão e acessibilidade como a Iveco. Que venham novos produtos!!
Vejam a avaliação em vídeo:

Vejam a seguir outras matérias sobre produtos para inclusão da Iveco:
http://www.blogdocadeirante.com.br/2016/08/iveco-daily-elevitta.html
http://www.blogdocadeirante.com.br/2017/04/iveco-soulclass-o-1-micro-onibus.html

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Animal silvestre entra em casa de cadeirante e causa confusão

Flagrado na imagem da câmera de segurança
Anoitecia em uma segunda feira tranquila. Eu e minha família nos preparávamos para descansar. Sou cadeirante, e estava na porta da varanda relaxando enquanto minha esposa preparava o banho dos gêmeos Anne e Max, de um ano e nove meses, que brincavam em cima da nossa cama. De repente, ouvimos um estrondo vindo da sala, barulho de coisa caindo e quebrando. Achando que era um dos meninos que havia caído, eu corri para o corredor e encontrei minha esposa assustada, ela achou que eu havia caído da caeira. Mais barulhos vieram da sala, e fomos juntos, lentamente para ver do que se tratava.
O bicho era bem grande e ameaçador
Chegando na sala nos deparamos com uma ave preta enorme, de quase um metro, empoleirada no parapeito da janela, tentando sair mas impedida pela tela de segurança que havia do lado de fora. Imaginamos que se tratava de um urubu. Voltamos correndo para dentro levando as crianças, que haviam nos seguido até o corredor, e nos fechamos no quarto. Usando uma câmera de segurança posicionada na sala, avaliamos a situação pelas imagens que ela transmite para o celular. O bicho, assustado, tentava freneticamente sair. Ele havia entrado pela janela da área que dá na cozinha, e só tem grades paralelas, é a única da casa sem telas. A única saída fora esta janela da área, que estava escura, seria pela porta do quarto que fica no meio do corredor e dá na varanda, mas o bicho precisaria ser espantado nessa direção, atravessar o corredor e o quarto até chegar lá. Como espantá-lo chegando pela frente dele, evitando bicadas ou suas enormes garras? Eu não conseguiria voltar rapidamente, pois precisaria virar a cadeira completamente e tocá-la até o corredor. Minha mulher estava com muito medo de tentar ir até lá.
A gata Christie foi a primeira convocada para espantar o bicho
A primeira ideia que tivemos foi usar a gata da família, que também estava no quarto com a gente. Levamos o corajoso bichano até o fim do corredor, e este, assim que avistou a ave correu em sua direção, e nós corremos de volta para o quarto para acompanhar tudo pela câmera. A gatinha correu e pulou pelos móveis atrás da ave, até que esta encontrou refúgio em cima do bar da sala, inalcançável pela gata. Elaboramos o plano B: minha mulher vestiu um pesado casaco de inverno de couro, calças, e colocou uma bacia verde sobre a cabeça para protegê-la. A ideia era ir até a sala e espantar o bicho para que ele encontrasse uma saída enquanto eu acompanharia tudo pela câmera. Lá foi ela com aquela bacia fashion na cabeça. Chegando à sala, no primeiro movimento brusco, a ave voou novamente para a janela, chocando-se com a tela. Ela voltou correndo para o quarto.
O plano B foi enviar a corajosa Gi com "equipamento"de proteção
Plano C: ligar para o Eustáquio, porteiro do nosso prédio, para pedir ajuda. Como a porta do apartamento estava trancada por dentro, ele teria que entrar no apartamento ao lado, que está vazio, pular da varanda daquele para a varanda do nosso apartamento, e então ir até a sala tentar enxotar o bicho para a cozinha ou de volta para a varanda. Liguei e não consegui contato, o telefone dele estava desligado. Não dava para irmos até a cozinha chamar no interfone por causa do bicho. Aí liguei para meu vizinho Felipe, do andar de baixo, e pedi para ele chamar o Eustáquio e explicar o plano. Alguns minutos se passaram e ouvimos alguém nos chamando, era ele já entrando na nossa varanda. Abri a porta do quarto e encontrei com ele no corredor para explicar a situação e o plano. Se não desse certo, a gente ia chamar os bombeiros.
Como os antigos cavaleiros da Idade Média, Eustáquio tentou espantar o animal com uma varinha e uma bacia!
Armado da bacia verde, ele foi até a sala, onde viu que a ave havia retornado para cima do bar. Achou o bicho muito grande e disse que era um Jacú, e não Urubu. O Eustáquio então teve a brilhante ideia de abrir a porta do apartamento e enxotar o animal para o corredor, e depois assustá-lo pelas escadas até o hall do prédio. Abriu a porta e Felipe, o vizinho, ficou do lado de fora observando. Eustáquio pegou uma vara de pescar, que serve de bandeira para minha handbike, e foi até o bar cutucar a ave para que ela voasse para a porta. Percebendo a dificuldade dele para se aproximar do bicho, gritei que iríamos ligar para os bombeiros. Felipe ouviu e ligou lá da porta, e disse que mandaram ligar para a Polícia Ambiental. Nesse meio tempo eu também estava ligando, e disseram que iam mandar uma viatura. Enquanto aguardávamos, Eustáquio resolveu atiçar o bicho e este voou rapidamente para a porta. Neste momento, Felipe viu aquele bicho enorme indo em sua direção e instintivamente fechou a porta! Sem ter para onde ir, a ave voltou para a janela. Eustáquio em um pulo foi até lá e fechou ele do lado de fora, entre a janela e a tela de segurança. O problema estava parcialmente resolvido! Mas como tirar aquele bicho de lá?
Bombeiros posicionados para capturar o Jacú
Finalmente chegaram os bombeiros! Eustáquio subiu com eles e foram entrando um,dois, três... cinco bombeiros ao todo! Não imaginei que um pássaro precisasse de tanta gente para ser capturado! Um deles usava até equipamento de rapel! Se fosse o caso poderia até descer pelo lado de fora do prédio. Impressionante o profissionalismo e preparação que eles trabalham. Posicionaram-se pela sala de forma a cercar a rota do bicho caso ele voasse, um ficou filmando, e dois deles ficaram nas extremidades da janela. Um tocou de um lado e o outro abriu mais a janela do outro, quando estava quase pegando o bicho deu uma voadora (literalmente) e saiu voando pela sala e foi para a área, passando pela cozinha! Nenhum dos outros conseguiu pegar, mas o cara do rapel foi para a área, tocou de um lado e de outro até encurralar o Jacú no canto da área e finalmente o capturou!
Dominado pelo bombeiro, o animal estava bem assustado
Chegou na sala segurando o Jacú pelas pernas, como fazem com galinhas, e aproveitou para nos dar informações importantes sobre este animal. O Jacú é animal silvestre protegido por lei, sua captura ou criação é crime ambiental e pode dar cadeira! Algumas pessoas criam Jacú e cruzam com galo índio, para gerar o Jacú Índio, que é forte e agressivo, e é usado em rinha de galo. Atividade ainda mais proibida que dá cadeia do mesmo jeito. O bicho deixou algumas penas, várias penugens e um rastro de cocô por todo o ambiente.
Meu querido e raro relógio disco do Legião...
O pior mesmo foi quebrar meu relógio-disco, que fiz com minhas próprias mão usando um disco do Legião Urbana que ganhei na adolescência... Snif... Se alguém tiver contato com este tipo de animal, chame os bombeiros pelo número 193, ou a polícia militar ambiental, se houver na sua cidade, pelo número 190. E se você for cadeirante, fique ainda mais longe deste bicho, ou ele pode furar sua roda! Ou sua pele...

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