quarta-feira, 29 de junho de 2011

Universidades sem acesso

Novinho, lindão, e quase todo acessível
Universidades Federais são, por definição, locais onde todos (da Federação) podem ter a oportunidade de ampliar seus conhecimentos, correto? Sendo assim, devem ser obrigatoriamente acessíveis a todos, de forma que a acessibilidade seja uma requisito mínimo em todas suas dependências, não é mesmo? A prática mostra que não.
Hoje fui defender meu projeto de dissertação e, por incrível que pareça, mesmo todos no departamento já me conhecendo há muitos anos, marcaram para mim um auditório sem acesso. E olha que o prédio, esse bonitão aí de cima, é novinho, tem menos de três anos. Já fiz um post sobre ele aqui, elogiando, mas dessa vez venho para criticar. É em uma parte que eu não conhecia, onde há três ou quatro auditórios, tem elevador para a parte de cima e tudo, mas no auditório 2, em que apresentei, não havia acesso, só tinha uma entrada por trás do auditório, cujas cadeiras são em níveis. Aí o jeito foi apelar para meu professor, que teve que me levar pelos cinco lances de escada até chegar ao computador e colocar minha apresentação.
A capa do meu projeto. Lindo, não?
Não tirei foto porque estava preocupado com a apresentação, mas deu tudo certo e fui aprovado, com poucos comentários da banca.

Denúncia do Marcelino, foi até pro jornal
Coincidentemente, pouco antes eu havia visto pelo celular um e-mail com a história do Marcelino, major da Polícia Militar de Pernambuco que ficou paraplégico devido a um acidente de carro em serviço, que recebeu uma homenagem na Universidade Federal de Pernambuco e teve que ser carregado para subir no palco, pois não tinha acesso. Uma situação constrangedora, que poderia ser evitada se tivessem pensado nisso antes.  Podem dizer que foi falta de tato de quem planejou os dois eventos, mas o fato é que uma Universidade deve ter acesso para tudo, né? Que vergonha, heim Governo Federal?

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Ônibus acessível??

Cadê o elevador?
Uma coisa sempre me deixou injuriado: porque é que existem tantos ônibus de viagem com o símbolo da acessibilidade? De onde é que eles tiram que esses ônibus são acessíveis? Felizmente não uso muito, mas nas poucas vezes que precisei usar esse tipo de ônibus, geralmente voltando do aeroporto de Confins, foi uma luta danada. Tive que ser carregado para dentro do ônibus por pelo menos duas pessoas, que fazem uma força colossal para me puxar escada acima, primeiro pelo peso, segundo pelo espaço extremamente pequeno que estes ônibus tem até chegar nas poltronas. 
Ah, que bom que tem lugar pra mim! Mas pra chegar nele....
E o pior é a virada, a porta é minúscula, imagina o cara ter que passar com os braços meio abertos e segurando outro? Aí tem vem o outro cara segurando as pernas, e como as minhas tem mais de um metro, fazer a curva segurando e subir as escadinhas é um desafio. Já quase caí várias vezes, numa delas o cara sentou no painel para descansar, de tanto que foi a luta. Outra vez o cara agarrou para fazer a curva e passar pela portinha e até conseguir passar eu já senti meus braços escorrendo pelas mãos suadas do cara (eca!).
Mais um?
Na verdade nunca vi um ônibus de viagem acessível. Alguns me dizem que aquele de dois andares tem acesso, mas nunca comprovei. Tudo bem que muitas vezes o símbolo é colocado para deixar as primeiras poltronas para quem tem dificuldade de locomoção ou outra deficiência, como no ônibus acima, mas isso é básico, né gente? Precisa colocar tanto sinal por aí??

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Estudando e ralando

Tô sofrendo...
Estamos no meio do feriado e os seguidores do blog devem estar se perguntando: qual será a próxima aventura desse maluco sobre rodas? Nem te conto... Nos últimos dias, assim como nas últimas noites dos dias úteis, estive estudando. Muito.
Para quem não sabe, faço mestrado em finanças na UFMG, e estou em prazo final para defesa do projeto. Ainda não é a dissertação, apenas o projeto, a chamada qualificação. Antes que digam que deixei para a última hora (digamos que foi para a penúltima) o que atrasou tudo foi falta de orientação. E um pouco de falta de atenção minha. Acontece que trabalhar e estudar já é complicado, ainda mais fazer mestrado. E sendo cadeirante, complica mais. Não exatamente o fato de ser cadeirante, mas meu caso em particular: mais uma vez as dores crônicas me atrapalham. Eu poderia ir mais à universidade em busca de orientação e para estudar mais, mas na maior parte dos dias saio do trabalho doido para chegar em casa e poder deitar e esticar o corpo. Esse é outro assunto que vou abordar aqui em breve.
Mas esse post é para lembrar que só porque ser cadeirante não devemos parar de estudar, pelo contrário, a qualificação é o melhor caminho para busca de um bom emprego sem depender das vagas obrigatórias para deficientes oferecidas pelas empresas, que muitas vezes são para cargos mais baixos e pouco valorizados, no caso das empresas privadas. Nas empresas públicas, felizmente, ainda há cargos bons reservados para deficientes, mas mesmo para entrar neles é fundamental estudar, tanto para conseguir um diploma quanto para passar, pois a concorrência até mesmo para os cargos de deficientes já está super acirrada. E até para inclusão social o estudo é importante.
Sua carteira é a única que tem rodinhas!
Um problema que encontramos é a falta de estrutura nas escolas e faculdades. Já recebi vários relatos de pessoas com problemas para conseguir estudar, falta de rampas, falta de banheiros adaptados, e até de carteiras adequadas para cadeiras de rodas. Mas quando a gente quer e exige nossos direitos, até isso dá para driblar. Um dos leitores me contou sobre uma rampa que acabaram fazendo para atendê-lo na faculdade.
Só não dá para parar. Nem de rodar, nem de estudar!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Coloque-se no lugar

Coloque-se no lugar de quem tem dificuldade de acesso
Na sexta passada fui ao Expominas acompanhar a apresentação do TIDIR (trabalho interdisciplinar dirigido) dos alunos de publicidade da UNA. Aconteceu num evento chamado ExpoUna, lá no ExpoMinas, onde vários cursos expõe seus trabalhos e são avaliados pelos professores e pelo público. Este Tidir é uma grande sacada, é um trabalho em que os alunos tem que aplicar os conhecimentos de todas as disciplinas cursadas no semestre de forma que demonstrem que assimilaram o conteúdo. E tem ainda que escrever um artigo. Acontece todo semestre até o quinto período, se não me engano.
E um dos grupos escolheu o tema "Dignidade por meio da acessibilidade: o papel da comunicação na luta pelo direito de ir e vir", e me contactaram para que o blog servisse como se fosse um clientes deles. A partir daí, desenvolveram várias ideias para divulgar e auxiliar na busca da acessibilidade de várias formas. 
Fizeram um vídeo demonstrando como superei várias barreiras, mas ainda sou impedido pelos problemas de acesso da cidade; pensaram em um aplicativo a ser desenvolvido para celulares em que a pessoa possa tirar uma foto de um lugar sem acesso para todos e compartilhar com outras pessoas através de redes sociais; e o que achei mais criativo: montaram uma "instalação" em que a pessoa tinha que se sentar em uma cadeira de rodas e digitar no computador a palavra "acessibilidade" para ver uma mensagem. Só que as teclas do computador foram embaralhadas, e a pessoa tinha que encontrar as letras para conseguir digitar a palavra. Foi incrível ver o quanto as pessoas se enrolavam para conseguir digitar. E a mensagem que aparecia era assim: "a dificuldade que você sentiu é muito pequena perto do que algumas pessoas passam todos os dias nas ruas". Muito legal, né? E sempre ficava um deles explicando qual a ideia do projeto, e que muitas vezes uma coisa que achamos simples, se houver alguma barreira já é muito difícil se adaptar para conseguir passar por ela. E ainda entregavam um cartão com os dizeres "eu me coloquei no lugar de quem não tem acesso". Genial! A apresentação deles ganhou nota máxima, merecidíssmo.
Aproveito para agradecer aos alunos que fizeram o trabalho, principalmente a Juliana, Tiago(s), Eduardo e Alan. Iniciativas assim nos fazem pensar que é mesmo possível termos um lugar melhor para se viver no futuro. Para TODOS viverem. Sem barreiras.
Os alunos que fizeram o trabalho e as professoras que avaliaram

domingo, 19 de junho de 2011

Falta acessibilidade perto de casa

Muita gente fala que eu não posso reclamar de acessibilidade porque moro na zona sul, região bem cuidada e acessível. Muita gente falou que a esquina que considero a mais "inacessível" da região, que mostrei aqui no blog, não é nada perto de outros lugares muito piores por onde passam. Até não discordo dessa afirmação, mas como eu disse, é a mais inacessível "da região" - em outros lugares sei que tem coisa bem pior. Mas não é por causa disso que vou ficar quieto passando arrego cada vez que saio de casa.
Casa Rio Verde
Para provar, algumas fotos de locais sem acesso - em plena Savassi. Locais nobres, como a Casa Rio Verde, uma das melhores casas de bebidas, tem escadas na frente. E fiz questão de perguntar: não tem nem uma rampa móvel para colocar por cima. Outro exemplo é o Stad Jever, boteco um pouco mais embaixo. Tem só um degrau, mas é um exemplo ainda pior, pois não é difícil de "transformar" em acessível.
Vila Arábia
Mais alguns metros pra baixo fica o Vila Arábia (antigo K-bab), que foi reformado e ainda assim continuou com três degraus na frente, e mais três lá dentro. Estava fechando e não deu pra pegar uma foto boa.
Na esquina seguinte mais um exemplo. E mais um boteco: o Frei Tuc, famoso por ter dezenas de marcas de cerveja em seu cardápio. E agora famoso também por não pensar em todos e em inclusão social.
Frei Tuc - fácil de resolver com uma rampa móvel
Tudo isso em um espaço de menos de trezentos metros, e pouco abaixo de onde moro. Mas o pior de tudo não são os lugares sem acesso: é a condição das calçadas. Buracos, degraus, pedras soltas, tipos diferentes de piso, e o pior, não tem rampas em todas as esquinas.
Calçada com desnível e buracos na Contorno
Assim o cadeirante fica em casa mesmo, desanima de sair. A não ser que seja como eu, que gosta de um esporte radical, e é isso que acho das calçadas de BH. Só que não curto esse esporte.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Jovens estudantes dando o exemplo

Desde que criei o blog recebo quase semanalmente solicitações e consultas de estudantes de todo o Brasil com assuntos relacionados a acessibilidade e deficiência. Sempre que posso contribuo com o maior prazer, e nas últimas oportunidades fiquei surpreso com o profissionalismo e consciência social destes alunos, que abraçam a ideia de tal forma que extrapolam o objetivo do trabalho em questão e tomam atitudes para divulgar e melhorar a acessibilidade em geral.
Recebi hoje um vídeo que o Cláudio Dornellas, estudante de jornalismo da UNI-BH, fez como trabalho acadêmico em seu curso e ficou muito bom, explorando de forma adequada as dificuldades que um cadeirante enfrenta numa cidade como BH. Ficou tão grande o vídeo que ele chamou de mini-documentário, gostei muito do resultado e agradeço a ele e seu grupo pela participação.
No vídeo tem uma demonstração de como tirar a cadeira do carro, mas as dificuldades que tive não são comuns, pois parei o carro em 45º numa subida, e o peso da porta pesou contra e a cadeira agarrou na porta na hora de montar. Geralmente é um processo que não dura nem 30 segundos, acho bem mais fácil do que colocar no carro. Mas valeu para se ter uma ideia das dificuldades que um cadeirante enfrenta. Confiram o video:
Participei também de um trabalho muito bacana com alunos do curso de comunicação da UNA, que apresentaram no evento Expouna, no Expominas, que contou também com um vídeo. Mas depois faço um post mais completo, com o material que eles me enviarem. Parabéns aos jovens estudantes pela iniciativa e comprometimento, é de gente assim que o Brasil precisa.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Desrespeito nas ruas e calçadas

Desrespeito não só com cadeirantes, mas também com pedestres
Sabe aquele ditado, quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece? Tem hora que me sinto assim, tanto brigo pelos nossos direitos e denuncio abusos e cada dia descubro um absurdo maior que o outro. Hoje fui almoçar perto do trabalho, e para minha surpresa, tinha uma caçamba enorme no meio do caminho. Já encontro dificuldade para vencer o morro, que tem dois níveis, e eles colocam a caçamba bem em cima da parte menos íngreme. E quando estava passando, travei o caminho, pois não cabia mais ninguém. Deu até fila esperando o coitado do cadeirante passar. E essa situação não atrapalha só cadeirantes, em um lugar movimentado desses aumenta muito a chance de alguém levar um trombada. Quase presenciei isso na volta, o cara vinha de trás da caçamba e o outro subindo não viu, quase que um joga o outro no chão. Mas ninguém fala nada, não procura saber quem foi o sem noção que mandou colocar aquilo ali e nem denuncia na prefeitura. Mas vai ser a primeira coisa que vou fazer amanhã...  Triste é ver um lugar desses, amplo e com piso tátil, sendo estragado por uma coisa horrenda dessas.
Outro flagrante de desrespeito com deficientes me foi enviado pela Anamaria, que precisou estacionar seu carro, devidamente credenciado pela BH Trans, na rua Curitiba, região nobre de BH, e olha quem estava ocupando a vaga de deficiente: a polícia civil! Um absurdo e enorme desrepeito, não só com ela, mas com a população, que vê uma cena destas de um órgão que deveria, em primeiro lugar, dar o exemplo. Triste.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Como a cadeira trata sua coluna?

Essa foi a pergunta que martelou na minha cabeça desde que virei cadeirante. Eu já tinha alguns probleminhas de coluna antes do acidente, devido à minha altura e prática constante de esportes - uma lordose e uma escoliose - ou seja, minha coluna já era em forma de "S" (deve ser de Sam). Aí fiquei paraplégico e desde a primeira cadeira de rodas que sentei imaginei como minha lombar iria reclamar. Mas como eu não tinha sensibilidade nenhuma, ela ficou quieta. Mas sofrendo.
Cadeira em X cede o encosto
Depois de um tempo fui recuperando a sensibilidade e comecei a sentir a coluna lombar dando umas pontadas. Eram dores frequentes e as pontadas vinham quando me transferia ou movimentava bruscamente. Tanto incomodaram que fui a um ortopedista, e no raio X não deu outra: lordose e escoliose (e outra "ose" que não me lembro). Bem mais graves do que tinha antes da cadeira.
O problema da minha primeira cadeira era o encosto maleável, já que era uma Aktiva, que dobra em "X". Esses encostos sempre cedem com o uso, ainda mais se o cara for pesado, e quando percebemos nossas costas estão envergadas. Além disso o assento mais alto e macio também cede e novamente a coluna fica "empenada". Ainda mais eu, que já me sentava com postura errada, ia entortando as costas, e a cadeira piorou a situação.
Agora com uma cadeira monobloco, outra situação: se por um lado o encosto rígido resolveu o problema de envergar a parte de cima da coluna, por outro a posição que o "pano de bunda" me obrigava a ficar mantinha a curvatura da lombar. Chamo de pano de bunda aquele que liga o assento ao encosto por velcros, e que na verdade é o que tampa nossa bunda (e o cofrinho, que é o mais importante). O que acontece é que ele acaba empurrando a bunda pra frente, e não deixa ela encaixada, como é recomendado numa boa postura. Nesse caso, a coluna lombar fica sendo constantemente forçada para a frente. E minhas dores pioraram por isso.
"Pano de bunda" já modificado para ficar mais baixo
Quando estive na casa do Alfredo, do Scooter Vita, ele me perguntou porque eu tinha uma postura mais ereta do que ele na cadeira, já que usa o mesmo modelo. Aí que entra minha solução "Tabajara" para o pano de bunda: colei uma extensão do velcro no encosto, o que me permite colocar o pano mais para baixo, e consigo assim encaixar a bunda e manter as costas mais retas. Depois disso, melhorou muito minha dor na lombar.
É só colar um pedaço de velcro para melhorar a posição
E a dica é essa: perceba mais sua postura, procure ficar mais ereto. Sentado na cadeira ou fora dela. E cuidado com o pano de bunda!

sábado, 11 de junho de 2011

Novas rodas dianteiras

Lembram quando falei que minha cadeira estava rebaixada, pois eu tinha colocado rodas da Frog Legs menores? Na hora achei legal, mas depois de quatro quase tombos perdeu a graça. Felizmente meus braços são enormes e quando a cadeira trava a frente eu consigo apoiar as mãos no chão antes de cair completamente e me estabacar. Só que não consigo voltar sozinho, pois geralmente acontece numa descida e fico com o peso do corpo todo nas mãos. Felizmente sempre aparece uma alma caridosa para ajudar.
Mas como não dá pra contar com a sorte o tempo todo, resolvi trocar as rodas, que tinha acabado de adquirir. Já estava pensando em mais um rombo no bolso, mas o Andrés, que me vendeu as rodinhas anteriores, foi super gente boa e trocou pelas rodas de cinco polegadas, e mesmo elas demorando um pouco para chegar (já que vieram de fora), ele deixou que eu devolvesse as de quatro polegadas mesmo já tendo usado por mais de um mês. Aí paguei só a diferença, pois as rodas anteriores eram usadas, e agora peguei um par novinho em folha.
E volto a afirmar, como são melhores estas rodas da Frog Legs. A qualidade da borracha, o acabamento, o desenho, em tudo bate as originais da M3. Achei até mais bonitas que as menores, pois os raios são vazados. Mas o mais importante é que resolveu o problema, agora a cadeira passa bem mais fácil pelos obstáculos, e não fico com medo de virar. Chega de tombo!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Comando manual Europa Lever

A Hélio Adaptações vem nos apresentar uma adaptação que resolve dois problemas de uma vez: a Europa Lever. É um comando manual de acelerador e freio da Guidosimplex que possui um sistema de aceleração inovador: abaixando a alavanca. Desta forma, resolve uma queixa muito comum entre motoristas cadeirantes, o casaço do braço ao puxar a alavanca para acelerar, pois o sistema possibilita ao condutor acelerar usando somente o peso do braço. Assim a gente não cança de acelerar nem em viagens longas. A foto acima foi tirada em um Fiat Linea, não pude fazer o test drive porque estavam acabando de instalar, mas acionei para baixo e deu para perceber o quanto é leve. Para frear, basta empurrar a alvanca na direção do painel. Tem ainda uma trava de segurança que impede o motorista de acelerar em freiadas bruscas.
O outro problema que resolve é acabar de vez com um receio que muita gente tem sobre carros automatizados: o medo de o carro voltar quando se para em uma subida. Isso porque o sistema permite ao condutor começar a acelerar antes de soltar o freio. Aí é só ir soltando lentamente assim que o carro se movimentar. E sem voltar nem um centímetro! Ele é recomendável também para quem tem um carro manual com embreagem automatizada, dá muito mais segurança na aceleração.
No site da Hélio tem mais informações e até um vídeo demonstrativo do produto, é só clicar aqui. O preço do acessório já instalado é de R$ 2.280,00 e pode ser instalado do lado esquerdo ou direito do volante. Segurança não tem preço!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Voando na Serra da Moeda

Segura peão! Senão é cadeirante morro abaixo!
Neste fim de semana realizei um antigo sonho e cumpri uma promessa deste ano: um salto de parapente! Não foi a primeira vez que voei aparado por um velame de nylon, aos 20 anos fiz um salto de para quedas no aeroclube de Juiz de Fora, e apesar de ter bem viva na memória a emoção daquele dia, foi bem diferente desta vez, pois fiz vôo duplo e saindo de uma cadeira de rodas! Além disso, é sempre uma nova aventura reviver fortes emoções.
A sensação de um vôo como este é indescritível, posso relatar de várias formas aqui e não será suficiente. Mas dá para imaginar o corpo solto no ar, a adrenalina correndo solta, o vento batendo na cara, a sensação de liberdade e o visual fantástico abaixo dos seus pés e no horizonte. Um dos instrutores, que já voou com um cadeirante, me contou o veredito do cara depois do salto: pra que pernas se eu posso voar? Isso resume bem o sentimento de um cara que não anda e de repente se vê voando, com as pernas pairando no ar.
Tudo pronto para lançar o cara ao ar. Mas a cadeira fica.
E foi tudo muito tranquilo. O pessoal da BH Fly, que fez o vôo comigo, foi muito bacana e deram total apoio, sempre preocupados com minha segurança. Eu não senti medo nenhum e curti cada minuto. Na hora de levantar vôo me levaram para o pé da rampa, seguraram a cadeira e o vento fez o resto: inflou o velame e me levou para o céu, sob comando do Vandão, que mandou bem o tempo todo. Demos sorte com o tempo, estava um lindo dia com ventos fortes, e pude apreciar como nunca as lindas montanhas de Minas, recortando o horizonte em cores e formas maravilhosas. Ah, como eu amo as montanhas de Minas... E como são ainda mais belas lá de cima!
E como sou bonzinho, depois do meu vôo empurrei também a Gi morro abaixo. Com parapente, claro... Ela até pensou em amarelar, mas dei aquela força, dizendo o quanto ela iria se arrepender se não fosse, e o quanto a sensação de voar é única (e o quanto eu já tinha pago), e ela se animou. Depois do vôo ela chegou toda serelepe dizendo o quanto gostou e me agradeceu pelo "empurrãozinho". E se você tem vontade e coragem, recomendo: faça um vôo duplo de parapente. Acho que todo mundo devia experimentar pelo menos uma vez na vida. Garanto que você terá outra visão do mundo depois disso!!
Abaixo dois vídeos, o primeiro a Gi fez da minha decolagem, reparem na cadeira ficando, o outro fiz lá em cima, em pleno vôo! Dá pra ver o Topo do Mundo e a Lagoa dos Ingleses ao fundo. É ou não é um show?

domingo, 5 de junho de 2011

Scooter Vita

Este brinquedinho bacana aí é o Scooter Vita, fabricado pela Freedom, que faz também cadeiras de rodas e muitos outros produtos para cadeirantes na fábrica de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Fiquei sabendo do produto através do Luciano, da Casa Ortopédica de São Paulo. Ele veio trazer o Vita para o Alfredo, que é daqui de Belo Horizonte, mas tem chácara num condomínio na Serra do Rola Moça (ao fundo na foto abaixo).
O Scooter é elétrico, e além de ser muito bonito, me surpreendeu pela qualidade e tecnologia. Até achei que fosse importado! A poltrona é super confortável e toda regulável, até gira para facilitar a entrada. Ele é meio alto, por isso deve-se ter muito cuidado ao subir. Mesmo eu sendo alto tive um pouco de dificuldade.
Uma vez sentado, é possível também regular a distância do guidon através de uma alavanca. Aí é só girar a chave. O painel é completo e todo digital, mostra velocidade, distância percorrida, carga da bateria, hora e até temperatura externa. Além disso tem computador de bordo com mais um monte de informações. O acelerador e ré são controlados por duas aletas (uma preta e uma vermelha) com dupla função: a do lado esquerdo, empurrando para frente, ele acelera, para trás, dá marcha a ré, e o contrário do lado direito, de forma que a pessoa pode escolher. Muito fácil de controlar e ainda conta com um botão pra regular a sensibilidade. E o freio é automático, é só parar de acelerar que ele freia. Para completar tem ainda buzina, farol, lanterna traseira e até seta!
Dirigir o Vita é muito fácil e prazeiroso. No começo a gente estranha o balanço, mas logo percebe que é só o trabalho da suspensão. É muito estável e encara numa boa as imprfeições do piso. Segurando um pouquinho o acelerador ele pega velocidade, mas nada exagerado, chega no máximo a dez quilômetros por hora, mais do que suficiente para passear por aí. De acordo com o manual, ele tem autonomia para rodar 80 quilômetros com a bateria carregada.
Eu adorei o brinquedinho, deu até vontade de comprar um, mas primeiro tenho que comprar o sítio. Só falta o dinheiro... E por falar em dinheiro, achei o preço dele extremamente justo pelo que entrega: em torno de 14 mil reais. Se pensarmos que uma cadeira manual importada geralmente passa dos 8 mil, um scooter elétrico bonito e bem feito, pela liberdade que dá vale cada centavo, Alfredo está bem satisfeito. Aproveito para agradecer imensamente ao Alfredo e sua esposa Bete, que nos receberam com muito carinho e simpatia. E nos ofereceream um delicioso almoço, sem contar o bate papo e a cervejinha. Deixo aqui um grande abraço para eles e também para o Walter e família, que conhecemos lá. Foi uma ótima tarde de sábado!
Fiz dois vídeos andando no Vita, um na rua e outro na terra. Confiram abaixo:

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Hotel Fazenda com falhas de acesso

Siriemas gigantes te recepcionam
No últimos dois dias estive "hospedado" em um hotel fazenda perto de BH: O Canto da Siriema. Entre aspas porque fui a trabalho, mas aproveitei para avaliar a acessibilidade do lugar. Como não fui eu que reservei, deixei claro que precisava de um quarto adaptado, e que os lugares onde iria deveriam ser acessíveis.
A primeira impressão foi razoável. A recepção tem uma longa passarela de pedras, e se parar o carro bem em frente é fácil chegar lá. Mas logo na entrada já tem um mini-degrau. Disso nem reclamo, é só um pequeno ressalto, facilmente vencido com uma pequena força nos aros da cadeira. Portanto, acessível.
Fui para o quarto e tudo me pareceu bem, dava para rodar bem pelo quarto, apesar de ter duas camas, uma de casal e uma de solteiro. Desnecessário, já que eu ia ficar sozinho. Só uma cama daria mais liberdade para a cadeira, o que acabou limitando o ângulo de entrada (o ideal é que ela fique entre 30 e 50 graus em relação à cama, depende do modelo).
Aí fui para o café da manhã. Primeiro problema, a rampa de acesso é íngreme. Não o suficiente para impedir que o cara desça sozinho, mas subir sem auxílio só para marombeiro (ou um cara muito forte). O restaurante é acessível, mas para ir para a varanda há escadas, impedindo o acesso. Perdeu pontos.
Tudo bem, lá fui eu para o salão de reuniões, que fica numa parte mais baixa. Um funcionário percebeu que eu ia descendo e correu para me ajudar. Falei que não precisava, mas devido à insistência aceitei. Depois descobri porque.
Há uma longa rampa, que até dá pra descer sozinho, mas no meio dela tem um desnível mais íngreme, muito perigoso. E desnecessário, poderiam ter suavizado a inclinação. Na volta, aí sim acho fisicamente impossível subir sozinho, mesmo se o cara tiver braço ele vira para trás.
Mas foi na hora do banho que descobri a pior falha do lugar: a cadeira de rodas simplesmente não passa entre as "gigantes" barras de apoio do vaso e a pia. Como é que eu ia tomar banho?
Faltou noção de espaço
Sujo não ia ficar. E como sou abusado, dei um jeito: enfiei o bico da cadeira até onde deu, coloquei os pés no chão e me apoiei na barra e na cadeira, "pulando" para o vaso. Cheguei a cadeira de plástico para perto, me apoiei na cadeira de rodas e "pulei" de novo, para a de plástico. Me arrastei e consegui tomar o banho. Mas chuveirino, que é bom, não tinha. Perdeu pontos de novo.
A barra não devia ser fixa. E o vaso,tão feio.
O problema quando o cara é abusado, aventureiro, é falta de planejamento. Pular de cadeira em cadeira na ida foi fácil, mas na volta... Primeiro que eu estava meio molhado. Segundo, o chão também estava molhado, dificultando aos pés pararem quietos. E pra completar, a cadeira de rodas é bem mais alta que o vaso, que a propósito, não é o adequado para deficente. Sofri um pouco, me arrisquei, mas deu tudo certo. Mas não recomendo: se estiver difícil, peça ajuda.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Do trabalho pra casa "à roda"

A esquina "mardita"
Ontem deixei meu carro na Automax para a revisão de 30 mil km e já comecei a sentir a falta que o carro faz para quem é cadeirante. Fui almoçar rodando, numa boa, mas fiquei dolorido depois de pegar um "morrinho" perto do trabalho (e enfrentar oito buracos no caminho). Na hora de ir embora, desci a avenida Contorno pela esquina mais inacessível que conheço na região (Av. Contorno com rua Levindo Lopes), cheia de buracos, desníveis e outros obstáculos, encarei os carros na esquina seguinte, que não tem rampa, e finalmente consegui atravessar. Como a avenida é muito movimentada, procurei um lugar mais tranquilo para pegar o táxi, mas até encontrar esse lugar foram mais três desníveis e uma esquina sem rampa, que tive que pular.
Finalmente encontrei um lugar mais amplo e dei sorte, o primeiro táxi que vinha era uma Palio Weekend. O cara subiu na calçada e entrei com mais tranquilidade, e ele conseguiu colocar a cadeira inteira no porta malas. Muito mais prático do que esses carros com mini-porta-malas. Felizmente cheguei em casa bem, porém dolorido.
Hoje fiz diferente. A Gi veio do trabalho andando (pobre tem que andar mesmo) e me encontrou na porta da empresa. Pensamos em pegar ônibus, mas tinha que atravessar a avenida e ainda esperar passar um adaptado. Pensamo num táxi, mas como gosto de uma aventura dei a ideia: vamos andando. E rodando. É só um quilômetro, mas cadeira de rodas em BH enfrenta uma maratona. Além dos inevitáveis morros, há todo tipo de obstáculo, sem contar as travessias, que nem sempre tem um semáforo para quebrar nosso galho e parar o trânsito frenético. Mas felizmente ainda tem alguns motoristas educados e tem gente que para o carro, mesmo com mais gente atrás, para deixar um pobre cadeirante atravessar. Aconteceu duas vezes no trajeto de hoje. Para terem uma ideia, fiz um pequeno vídeo de um trecho do trajeto, que podem conferir abaixo. É gente, é difícil ficar a pé. Ou melhor, a roda.

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