domingo, 30 de maio de 2010

Hidroterapia

Semana passada comecei a fazer hidroterapia na Aquafisio BH. Eu já sabia que a água faz muito bem a quem tem lesão medular, mas não imaginava que fosse tanto. Quando estou na água a dor crônica que sinto quase desaparece, e como o corpo fica leve fica mais fácil visualizar qualquer movimento abaixo da lesão. E é um excelente exercício.
Dei sorte em encontrar esse lugar, a Joyce, minha fisioterapeuta, é especializada em fisioterapia neurológica e tem outros pacientes lesados medulares. Já estou fazendo exercícios de movimentação nas pernas e fiquei de pé na piscina com as talas, o que é bem mais fácil do que fora dela. Mas o que realmente ajuda no meu caso é a diminuição da dor, o que me permite fazer mais força. E não fico dolorido depois, pois relaxo um pouco no final e saio da água sem dores.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Migalhas

Se tem uma coisa que impressiona quando se vira cadeirante é perceber a quantidade de migalhas que caem quando a gente come. Quando estamos na mesa, dá pra ver as migalhas caindo, mas quando cai no colo, ainda mais de calça preta, a coisa fica preta. Ou melhor, se for uma daquelas roscas de padaria com açúcar por cima, a coisa fica branca. Parece que acabei de chegar do Polo Norte. E lá vem a pergunta: "Você já usou Shampoo Clear? É ótimo pra caspa!"
O pior é que percebo isso na hora do café no serviço, todo mundo comendo um lanchinho, minhas pernas enchendo de farelos e eu tentando esconder. E pra tirar os farelos é dose, bato nas pernas, tento tirar do assento da cadeira, mas quando passo pro carro é que vejo como a cadeira ainda guarda metade do pão da tarde.
Outro dia comi um pastel doce de banana com canela. A cada mordida eu via uma chuva de canela caindo no colo. Pior que o pastel estava uma delícia e comi uns quatro, minhas pernas ficaram que nem fuligem, tive que ir ao banheiro tentar tirar um pouco. Das pernas até consegui, mas quando fui pro carro vi a cadeira com quase um quilo de canela. Pelo menos deu pra aproveitar quando cheguei em casa, pra jogar em cima do arroz doce...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

De quem é a culpa?

Quando se trata de um casal, 99% das vezes a culpa é da mulher. Mesmo porque nestes um por cento que faltam nós assumimos a culpa só pra fazer média.
Claro que essa postura machista não tem nada a ver comigo, mas listei alguns momentos em que a culpa é obviamente da mulher, e revelo algumas verdades.
- Dirigindo, um homem comete uma barbeiragem:
- Culpa da mulher que o distraiu ou não avisou do perigo. Na maior parte das vezes a distração foi causada por outra mulher passando na rua, mas não dizemos por respeito. Vejam como somos legais.
- Quando erramos o caminho pra algum lugar:
- Essa é clássica, culpa total e absoluta da mulher. Ela não viu a placa que passou, uma função básica de co-piloto, obrigação de quem está no banco ao lado. Neste caso também não vimos a placa porque tinha uma gostosa bem na frente dela.
- Quando saímos com roupas que não combinam:
Ah, fala sério, não tem nada cuja culpa seja mais da mulher do que neste caso. Ela tem por obrigação ser nossa consultora de moda. Na verdade nos vestimos sem prestar atenção porque estávamos pensando na gostosa da placa.
- Quando compra alguma coisa e na loja ao lado tinha mais barato:
- Culpa da mulher que não pesquisou preços pra ele, afinal ela adora pesquisar no supermercado. Nesse caso compramos na loja que tem a vendedora mais gata, independente do preço.

Enfim, se você, mulher, não gostou deste post, culpa sua, pois não tem senso de humor apurado. Afinal, nós homens não cometemos erros. Depois de cometer o erro fatal do casamento, não tem espaço pra mais nada.

domingo, 23 de maio de 2010

O verdadeiro altruísta

Certa vez entrei numa discussão sobre a existência ou não do verdadeiro altruísta, uma pessoa que faz o bem para outro sem querer nada em troca. Nada mesmo, nem mesmo um obrigado. É a pessoa que não pensa que o outro é mal agradecido se não lhe dá ao menos um obrigado.
Fazer o bem, ajudar, ensinar, pode sim ser uma atitude desinteressada. Foi o que eu defendi. Mas muita gente acredita que um mínimo de "recompensa" é sempre esperado, seja numa oportunidade em que você precise da outra pessoa e ela tem a "obrigação" de te ajudar, já que você o fez no passado, seja uma atitude qualquer que lhe faça valer o esforço, um agradecimento, uma oferta de algum benefício. Fato é que se você faz o bem, a probabilidade de receber o bem de volta é grande, mas nem por isso deve exigir que isso aconteca.
Há alguns testes pra saber se você é um verdadeiro altruísta, ou altruísta puro. Pense em uma situação em que você ajudou alguém e essa pessoa nem sequer lhe deu obrigado, ou pior, saiu xingando e dizendo que não precisava. O que sentiu? Que o indivíduo é um mal agradecido, que não devia ter ajudado? Ou que quem perde é ele por não saber dar valor a uma ajuda?
Nós cadeirantes estamos sempre precisando de auxílio, por mais independentes que sejamos. Afinal, sempre pinta uma escadinha no caminho, mesmo com dois degraus, aí só alguém pra ajudar a subir mesmo. Deste ponto de vista, podemos perceber com mais facilidade quem ajuda por prazer e quem ajuda porque pedimos. Não desmereço quem ajuda só porque pedimos, são boas pessoas com certeza. Mas que é raro encontrar um altruísta de verdade, isso é.
E você, deficiente ou não, pode se dizer seguidor do lema "fazer o bem, sem olhar a quem" ou no fundo no fundo espera alguma coisa em troca de uma atitude de bondade?

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Gases

Taí mais um problema que cadeirantes enfrentam, o acúmulo de gases. Mas os lesados medulares tem outro probleminha junto, a falta de controle. E isso pode causar situações muito constrangedoras. E engraçadas.
Até que não passei tanta vergonha com isso, no trabalho foram poucas vezes, e só numa delas saiu um pouco mais alto, que não dava pra disfarçar.
Na empresa em que trabalho tem massagem rápida duas vezes por semana (chique né?), e é feita naquelas cadeiras próprias que a gente senta de bruços apoiando o peito e põe a cara num buraco almofadado. Como a cadeira é toda regulável, o assento fica na altura da minha cadeira e consigo passar pra ela. Mas demanda um certo malabarismo e esforço. Tem que colocar de frente pra minha cadeira, eu coloco os pés paralelos, seguro na cadeira de massagem e jogo o corpo de uma vez, me segurando pra não voltar. Numa dessas "artes", no meio do caminho, no auge do esforço veio aquele peido sonoro, seguido de um "ahhhhh" que eu dei pra disfarçar um pouco. Mas não teve jeito, a menina da massagem já soltou um "Êpa!!" e o resto do povo que estava na sala ficou segurando o riso. Como não tinha o que fazer, enfiei a cara no buraco e falei qualquer coisa pra tirar o clima. Depois fiquei quietinho.
O problema é que muitas vezes o excesso de gases causa dores no peito, então toda semana eu tomo luftal pelo menos duas vezes (em casa, claro) e solto alguns rojões. Minha namorada já acostumou, afinal, é função da mulher conviver com o peido do marido...

Repórter paraplégico faz rapel e tirolesa em programa de TV


Paraplégico desde os 24 anos de idade, o repórter José Luiz Pacheco (48 anos atuais) do Programa Especial, exibido na TV Brasil, prova que turismo de aventura também pode ser praticado por pessoas com deficiência. No dia 21 de maio, às 19h30, vai ao ar a primeira da série de quatro reportagens em que ele mesmo é o protagonista, fazendo rapel, trilha e tirolesa, num parque ecológico adaptado, cheio de aventuras radicais, em Socorro, no interior de São Paulo.
No primeiro programa da série, Zé Luiz desceu uma tirolesa adaptada, com mais de mil metros de extensão, que começa em São Paulo, em Socorro, e termina em Minas Gerais, em Bueno Brandão. No segundo programa, usou uma cadeira especialmente desenvolvida e fez uma caminhada ecológica em uma trilha, junto com Gerônimo, que é deficiente visual. Depois, entrou na água para outra aventura radical, o rafting.
No terceiro programa, conheceu Bia, de oito anos de idade, também deficiente física. Os dois fizeram um passeio de charrete adaptada, e Bia ainda andou a cavalo, usando uma sela especial. No último programa da série, Zé Luiz fez o que nenhum cadeirante ainda havia feito no parque: desceu um rapel de trinta metros de altura, usando uma cadeirinha adaptada.
 
SOBRE O PROGRAMA ESPECIAL
O Programa Especial, exibido há seis anos, é dirigido por Ângela Patrícia Reiniger e apresentado por Juliana de Oliveira, tetraplégica desde 98, em consequência de um acidente de carro. O Programa conta ainda com a participação de Fernanda Honorato, que faz reportagens e tem síndrome de Down. Voltado para a inclusão social de pessoas com deficiência, sua abordagem trata o assunto de forma leve e informativa.
Segundo Ângela Patrícia, o Programa Especial, que apresenta episódios semanalmente de meia hora de duração, ajuda na desmistificação da imagem da pessoa com deficiência. "A sociedade ainda tem muito o quê avançar em relação a minimizar o preconceito", afirma.

SOBRE ZÉ LUIZ
Carioca, formado em Agronomia, José Luiz Pacheco é movido à adrenalina. Surfista da Zona Sul desde adolescente - quando a prática ainda não era levada a sério como esporte -, não se deixou abater pela deficiência imposta por uma queda de um telhado que o deixou paraplégico em 1976. Nesta época, percebeu que sua limitação não era o seu limite e seguiu os planos que já havia traçado, que era morar em um sítio em Nova Friburgo, na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro. Lá, enfrentou terra, barro, trilhas e buracos por 12 anos, onde era proprietário de uma loja comercial. Por conta disso, hoje, ele considera mais fácil passar com sua cadeira de rodas por locais, infelizmente, ainda não acessíveis na cidade.
O maior desejo de Zé Luiz era comprar um jipe, mas o fabricante não possuía carro adaptado para pessoas com deficiência. Com a solicitação atendida, o primeiro passo foi entrar no carro e colocar a cadeira dentro. Depois disso, seu carro o levava para lugares incríveis, podia mergulhar em uma cachoeira e rodar pelo mundo afora.
Em 2005, Zé Luiz viajou por oito países da América Latina no projeto Percepções, sendo ele próprio o motorista. Saiu do Rio de Janeiro junto com uma equipe de oito pessoas - quatro com deficiência - para uma expedição pela América do Sul. O projeto ganhou destaque e foi acompanhado durante dois meses e meio pelo programa Fantástico da TV Globo. O projeto passou pelo Uruguai, Argentina, Chile, Peru, Equador, Paraguai, Bolívia e Colômbia. Zé Luiz conheceu lugares como o deserto de Atacama (Chile), Machu Pichu (Peru), Bariloche (Argentina). Recebeu diversos relatos de pessoas contando que mudaram a sua vida depois de acompanhar pela tevê a expedição percebendo a viagem como exemplo de superação.
Em 2006, Zé Luiz participou do Rally dos Sertões, estreando na modalidade rally competitivo. Nunca havia feito um rally nem visto uma planilha de navegação. Atravessou rios, enfrentou trilhas acidentadas, pedras, areia e comeu muita poeira durante nove longos dias e por cerca de 3.880 quilômetros. Ficou em 12º (entre 18 competidores) na categoria Turismo, dirigida aos iniciantes da modalidade Regularidade que possuem um tempo ideal a cumprir. Na sexta etapa, de Barra a Seabra, ambas na Bahia, o carro capotou e teve sérias avarias, mas não desanimou, o Toyota foi consertado e ele continuou seu desafio passando por Goiás, Tocantins, Maranhão, Piauí, Minas Gerais e Bahia. Na festa premiação, recebeu o troféu Espírito do Rally por simbolizar o verdadeiro espírito de superação da prova.
Em 2007, participou do campeonato paulista de kart, nas 500 Milhas da Granja Viana, onde correu ao lado de grandes feras como Rubens Barrichello, Felipe Massa, Tony Kanaan, Bia Figueiredo entre outros. Com dois anos de experiência nessa modalidade, ele já conquistou mais de dez troféus.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Singela homenagem

Já tem um tempo que eu queria mostrar aqui a homenagem que minha namorada fez pra mim na semana santa. Fomos a Guarapari na casa dos meus pais, e meu cunhado resolveu passar no tatuador em que ele fez uma tatuagem em homenagem à minha irmã e ao filho deles, o nome dos dois em japonês no braço, por dentro do bíceps. Aí a Gi animou com a coisa e resolveu fazer também uma tatuagem, na nuca, do mesmo tipo, meu nome em japonês. Meu nome não, meu apelido, que na verdade me identifica até mais que meu nome, já que noventa por cento das pessoas que conheço me chama assim: Sam.
Ficou muito lindo, o pescocinho dela é branquinho e com o cabelo curto aparece mais a tatoo, cujo desenho ficou bem harmônico e discreto. Foi pra mim uma grande surpresa, pois ela não é do tipo "ousada" nem muito chegada a dor, foi mesmo uma forma de me homenagear, que me deixou muito feliz. E ela ficou ainda mais linda! Te amo, minha fofa!!

domingo, 16 de maio de 2010

Vaga pra quem?

Não acreditei quando fui ao Shopping Ponteio ontem degustar uma comida japonesa. Repintaram as vagas de deficiente, mas de onde é que tiraram esse símbolo de deficiente? Será um novo modelo de cadeira de rodas que deixa o cara mais de pé? Ou mais deitado, sei lá. Tudo bem, é só um detalhe, pois é o lugar com mais vagas reservadas que eu já vi, tem umas dez em sequência, e olha que o estacionamento não é tão grande assim. Mas que ficou engraçado, ficou. Confiram:

Fim da novela

É gente, com o fim da novela, os cadeirantes vão sair de moda. Mas não tão rápido, a cadeirante que inspirou a trama, Flávia Cintra, estreará um novo quadro no Fantástico, e continuaremos na moda!
Mas o importante não é estar na moda, é ser conhecido e compreendido por todos, o que evita o preconceito e facilita a inclusão. As pessoas não ficam cheias de dedos para lidar com um cadeirante, e dão mais valor a quem vive em uma cadeira de rodas. A Globo é muito legal nesse sentido, está sempre abordando problemas sociais ou deficiências em suas novelas, o que leva informação e curiosidade a toda população, contribuindo para a superação e inclusão.
A novela trouxe também esperança. Mas não esperança de voltar a andar, mas sim de viver o mais próximo possível da normalidade, trabalhar, estudar, viajar, se envolver com alguém, deficiente ou não, sair com amigos, ter filhos e curtir a vida. Acabou com aquela imagem de inválido, de dependente e isolado da sociedade.
E no fim das contas, todo mundo percebe o que é mais do que óbvio: somos pessoas normais que tem limitação motora, dependemos de uma cadeira para nos locomover. E só.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Aquela força

Quando fiz o post sobre o valor que devemos dar às mulheres de cadeirantes, que fazem o serviço "pesado" que homem geralmente faz, teve gente que disse que eu exploro a coitada da namorada, que deixo ela carregar coisas pesadas, e tudo mais. Mas não é verdade, eu ajudo muito, dou aquela força nas tarefas do dia a dia. Este fim de semana, por exemplo, fomos fazer compras do mês e dividimos bem as compras, ela carregou o carrinho cheio, como podem ver:
E eu levei o item mais pesado, e por coincidência o mais importante:
Tá vendo como sou legal? Quem não queria um namorado desses? E na hora de beber também fico com a maior parte!!
Depois das compras fomos ao Applebee's encontrar um casal de amigos e a Gi pediu um drink chamado Appletini, uma coisa verde sabor maça com uma cereja no fundo e tive uma grande sacada: se o cara quer sair do armário mas não sabe como, é só chamar os amigos e pedir um negócio desses. Quem tinha alguma dúvida, passa a ter certeza. É a bebida mais boiola que eu já vi!
P.S.: Vou começar a cobrar pelo merchandising, neste post tem pelo menos três marcas aparecendo!

sábado, 8 de maio de 2010

Dica pra motorista

Com a prática aprendemos macetes que tornam a direção mais segura e precisa. No meu caso pós-lesão, passei bons arregos até prestar mais atenção em um detalhe importante.
Num dos arregos, estava saindo do zoológico com o afilhado da Gi e senti o carro pesado, não desenvolvia, por mais que eu acelerasse. Demorou uns dois quilômetros pra eu perceber que estava com o pé no freio, e só o peso do pé estava apertando um pouco e segurando o carro.
Outro dia sai de casa e assim que cheguei na esquina e fui diminuir a velocidade o carro não freou. Sorte que não vinha nenhum carro na rua (minha rua dá em uma descida em que o povo desce a mil) e consegui puxar o freio de mão e parar o carro antes de bater na pracinha (que tem em frente à minha rua). Desta vez o pé estava por baixo do pedal de freio, impedindo que fosse apertado.
Em outra ocasião o susto foi maior. Estava saindo de casa, entrei no carro, liguei e engatei ré. Assim que engatei o carro saiu de uma vez, acelerando tudo, e quase bateu na parede. Sorte minha foi o reflexo que tive de apertar logo o freio e colocar em Neutro (ponto morto). Eu havia deixado o pé sobre o acelerador, e como o carro é silencioso, não percebi que estava acelerando fundo. Parei a meio metro da parede da garagem, aliviado por não ter sido pior.
Desde este último episódio fiquei esperto e sempre que entro no carro e coloco as pernas pra dentro, verifico se não estão em lugar inapropriado, encostando em algum dos pedais. Essa é a dica, sempre verifique onde os pés estão, já que não conseguimos perceber. Ainda mais se você tiver pés gigantes como os meus, número 45 (bico largo)...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Benefícios do sexo para cadeirantes

O Ministro da Saúde já recomendou e o Fantástico testou: sexo faz bem à saúde. Mas e para um cadeirante, especificamente um lesado medular, quais os reais benefícios? Além dos comprovados na reportagem, quais outros nos atingem?
Como muita gente já está sabendo, cadeirantes podem ter uma vida sexual ativa e saudável, como todo mundo. Há as diferenças no preparo e as limitações de posição, mas a criatividade e o Kama Sutra estão aí pra isso. Os benefícios pra saúde do cadeirante englobam várias áreas. Primeiro, pra saúde mental, além de inserir socialmente (literalmente), fazer sexo minimiza a sensação de deficiência, afinal é uma coisa que todo mundo geralmente faz deitado. Traz também a revelação de que somos capazes de levar uma vida bem próxima da normalidade, poder satisfazer outra pessoa mostra mais uma capacidade que ainda se preserva.
Em muitos casos (no meu, por exemplo), a atividade sexual aumenta a sensibilidade, e a cada transa aparecem novas sensações, músculos ou até mesmo na pele sentimos novas atividades. E o melhor, o orgasmo é a cada dia mais sentido, o arrepio no corpo, a sensação de satisfação depois. Quanto mais nos concentramos no momento, mais essa confusão de sentidos traz bons resultados.
O benefício pra circulação também é nítido. Com o "exercício" do sexo, mesmo com movimentos limitados, nos esforçamos para encontrar boas posições e ter participação ativa no ato, proporcionando melhoria da circulação nos membros inferiores. E nos superiores também, claro.
E como o cadeirante pode ter mais prazer? No homem o orgasmo está muito ligado à ejaculação, e os lesados medulares descobrem o que as mulheres já sabem: há outras formas de sentir prazer e chegar ao orgasmo. Não vou me estender nisso, vou colocar links ao final, só acrescento dizendo o quanto é importante explorar outras áreas do corpo, outras formas de prazer. Mas é claro que a parceira tem que ser compreensiva e dedicada. Logo no início da lesão, tive uma namorada que não via sentido em fazer sexo oral comigo, já que minha sensibilidade era zero. Expliquei pra ela que só a imagem já me ajudava a ter mais vontade e prazer. A lição aí é que o diálogo, independente da situação, é o maior aliado do prazer.
É isso aí, o Ministro tem razão, sexo é muito importante pra saúde, inclusive de cadeirantes. E é bom demais da conta, né?
Links sobre sexo de lesados medulares:

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Festa no interior

Este fim de semana fomos pra roça, participar da III Festa do Chapéu de Paula Cândido. A cidade fica a 24 km de Viçosa, e é a terra da minha namorida, a Gi. No caminho já inventei uma aventura: no meio da estrada tinha uma placa indicando um atalho por uma estrada de terra, resolvi arriscar. Mas a estrada não estava tão boa assim no início, e de repente começaram as bifurcações. Sem placa, claro. Fomos pela intuição mas achei melhor perguntar, e felizmente estávamos no caminho certo e chegamos bem.
Bem na hora do almoço, diga-se de passagem, e pegamos uma costelinha com quiabo que minha sogra faz que não tem igual. Com tutu, linguiça de frango e farofa, só pra vocês babarem. Pra sobremesa, pé de moleque feito com rapadura e canudinho de doce de leite. Acho que engordei uns 5 quilos.
A festa era bem perto da casa da minha sogra, uns 50 metros. Só que a casa fica numa descida de pedra fincada (asfalto lá só na rua principal). Mas resolvi ir de cadeira mesmo, afinal meu concunhado tava lá pra isso mesmo. Sempre digo que se cunhado fosse bom não começava com cu, por isso concunhado tem que dar o dobro do trabalho. Na ida foi tranquilo, ele foi aparando a cadeira de ré até a parte mais difícil e depois foi empinando até a festa. Lá chegando me impressionou o preço, R$ 10,00 por cabeça, pra interior isso é muita grana. O lugar é gramado, mas cheio de buracos, e fica ao lado do campo de futebol da cidade. É meio apertado, mas acho que a ideia era pra ficar cheio com pouca gente.
Quando chegamos lá estava totalmente vazio, mas estava cedo, depois encheu. A grande atração da noite era "Raul Seixas cover", depois da banda "Energia". Chique, né? Ficamos lá na cervejinha e tira gosto até a Gi fazer a graça da noite: foi pegar uma cerveja e ela caiu no chão. E mesmo eu avisando, ela abriu a cerveja e deu um banho no meu concunhado, foi abaixar a latinha e deu banho em mais uns quatro. Ainda bem que tava todo mundo de costas e ninguém percebeu, senão a gente tinha apanhado.
Acabou o show do "Raul" e fomos embora. Na hora de subir... meu concunhado viu estrelas. Quase noventa quilos morro acima em chão de pedra fincada não foi fácil não. Mas as meninas ajudaram "guinchando" na frente e chegamos bem.
O fato é que acessibilidade ainda é uma palavra desconhecida no interior, mas acho que é falta de cobrança das autoridades (nem que seja dos vereadores), afinal eu sei que existem cadeirantes por lá também, mas caem na bobeira de achar que devem ficar em casa, que vão incomodar. Que bobagem, é só arrumar um concunhado!

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