quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Fernando de Noronha para cadeirantes - Parte 4

Com Marcelo, Bodão e Jorge, da Águas Claras
Agora finalmente vou falar sobre o que há de melhor para fazer em Fernando de Noronha - mergulhar! Já falei um pouco no primeiro post, foi uma das primeiras coisas que fiz por lá, e se o primeiro mergulho, que foi com snorkel, já me impressionou com a presença de várias tartarugas e até um tubarão, imaginem o que me esperava nos mergulhos com cilindro.

Golfinhos acompanhando o barco
Mas antes vou contar mais sobre mergulhos livres em Fernando de Noronha. O segundo mergulho livre que fiz lá foi em um passeio de barco - que recomendo que seja feito logo nos primeiros dias, para ter uma visão geral da ilha. Há vários tipos de passeio de barco na ilha, com durações diversas. Recomendo o passeio de três horas com parada para mergulho na praia do Sancho. Fiz com o barco Na Onda I, custou noventa reais e foi bem divertido. O guia é uma figura e conta altas histórias de Noronha, de micos de artistas a lendas da ilha. Ele também se propôs a me acompanhar no mergulho, mas dispensei por ser "mergulhador experiente". Modesto... Para quem não é tão "abusado", não precisa nem saber nadar, usando um colete eles te puxam com a boia. Durante o passeio, muitos golfinhos vão nadando ao lado do barco, bem pertinho. Pena que no mergulho eles não apareceram... Fiz um vídeo com o mergulho no Sancho, dá para ter uma noção do quanto parece que estamos em um aquário, de tão limpa que é a água. Vejam abaixo.

Outro mergulho imperdível, o melhor com snorkel, foi no naufrágio do navio grego Eleani Stathatos, partindo da praia do Porto. Este é outro mergulho que precisa ser guiado, combinamos lá com o guia Francisco, que pediu trinta mas fechou por vinte e cinco reais por pessoa. O problema deste mergulho é o acesso, não há nenhum acesso para cadeira de rodas para a praia do Porto, e a areia é muito fofa. A solução que encontramos foi pedir ao responsável pelo controle de entrada para entrarmos com o Bugue até perto da água. Como disse antes, o pessoal da ilha é muito solícito, não só deixaram a gente entrar como empurraram o Bugue quando ele atolou...

Praia do Porto de Santo Antônio - praticamente um cartão postal
Depois de descer do Bugue e combinar o mergulho com o guia, os outros guias que estavam por lá ainda me ajudaram a chegar na água, carregando. Falei que não precisava, mas insistiram... O mergulho foi incrível, com base na tabela de marés da ilha (toda pousada tem uma) escolhi o melhor horário e pegamos a maré baixa, deu para chegar ao lado do naufrágio só mergulhando em apnéia. Vi cardumes enormes, de peixes também enormes, tanto que quase tampavam a vista da gente. E o navio também é muito grande, são 160 metros de casco, com peças de motor, guinchos, rodas de trem (!) e um pouco do que sobrou da parte interna. Tudo muito lindo. Infelizmente não gravei este mergulho.

Descendo para o barco por rampa, sem stress
Para o mergulho autônomo, com cilindro, escolhi a operadora Águas Claras, por indicação da Mar a Mar, que me disse que o tratamento lá seria mais humano, mais individualizado. E para um cadeirante, isto faz a diferença. Fiz o contato com antecedência e expliquei minhas necessidades. Me garantiram que não teria problema, pois já haviam operado com cadeirantes. Mas ao chegar lá descobri que a sede não tem acesso para cadeirantes, só uma escada na porta. Vieram me atender no Bugue, problema resolvido, mas fica a dica: se adaptem, faz a diferença para o cliente. Minha intenção inicial era fazer o check out lá em Noronha, mas depois que resolvi fazer em Arraial do Cabo, marquei duas saídas de mergulho. Achei o preço salgado, quase quatrocentos reais cada saída. Negociei, negociei, e fechamos por setecentos as duas.

Entre milhares de peixes, a sensação é indescritível
Combinei o primeiro mergulho para a parte da tarde, e um pouco antes apareceu na porta da pousada um caminhãozinho tipo pau de arara com uma galera atrás e o motorista, uma figuraça conhecido como Bodão, uma lenda do mergulho na ilha, tanto que tem até um adesivo "Eu mergulhei com o Bodão!". Tive uma certa dificuldade para subir, o bicho é meio alto, mas com uma mão do Bodão deu tudo certo. No segundo dia pedi para me mandarem um carro menor, e atenderam com presteza, mandando um táxi. Recomendo pedir de cara, para não passar perrengue. Chegando ao porto, depois de conhecer o pessoal, parti para o embarque, que foi bem tranquilo, descendo pela rampa do porto e subindo pela escadinha do barco. Mais uma vez, o pessoal foi muito legal comigo.

Belas cores, contrastes e animais! Com visibilidade total!
Na primeira saída, meu guia foi o Lula e fomos para o ponto chamado Buraco do Inferno, a 12 metros de profundidade no primeiro mergulho, e para a Cagarras Rasa, a pouco mais de vinte metros, no segundo. Lugares incríveis, com visibilidade de até 50 metros. Com pouco tempo de mergulho já me deparei com um tubarão de mais ou menos um metro de comprimento, se alimentando no fundo. O Lula ficou ao lado chamando o pessoal para ver, eu fui o único a ir em direção a ele, quando estava chegando perto o tubarão se virou para o meu lado e passou embaixo de mim, a poucos centímetros! Vi também moreias, cardumes enormes e uma lagosta do tamanho de um cachorro. Ela se escondeu logo, mas só as antenas de fora já metiam medo.

Pronto para ir para o fundo!
No segundo dia, peguei o horário da manhã, achei até melhor. Meu guia foi o Marcelo, um brasiliense radicado na ilha muito gente boa. Ele quis me levar sozinho no primeiro mergulho, e fomos para a Ressureta. No segundo fui com a galera, passamos pela Ilha do Meio, e vimos uma plataforma muito linda, com muita vida marinha, por todo lado. A gente se enfiava por baixo dela para ver os bichos maiores. Tomei um susto, fui visitar uma moreia em um lugar escuro, quando alguém bateu uma foto com flash foi que percebi que ela era enorme e estava a um palmo da minha cara! Show!! Não consegui filmar tudo, algumas vezes a câmera, que estava na minha cabeça, batia em algum lugar e ficava virada para cima. O maior tubarão que vi, com aproximadamente um metro e meio nadando no fundo, só saiu a barbatana. O que consegui filmar, editei e compartilho no vídeo abaixo. Espero que gostem.


Fernando de Noronha é realmente a meca do mergulho no Brasil. Quem vai para lá, não pode perder esta experiência incrível. A vida marinha é diversificada e numerosa, a visibilidade é absurda e as águas são calmas. E é fácil mergulhar, até para quem tem limitação!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Fernando de Noronha para cadeirantes - Parte 3

O museu tubarões é muito bom
Continuando minha jornada por Fernando de Noronha, um programa um pouco mais cultural é conhecer o Museu dos Tubarões. Mesmo porque eu queria conhecer um pouco mais sobre eles antes de mergulhar junto... Fica próximo à capela de São Pedro, ao porto e ao posto de combustíveis (único da cidade). O museu tem informações interessantíssimas sobre este temido predador dos mares, que pode te deixar com menos medo dele - ou mais, dependendo do que ler. Lá descobri que o tubarão é somente o décimo animal que mais mata no mundo, e que o primeiro lugar, por incrível que pareça, é de um animal bem menor - o mosquito. Nem é tão incrível assim, afinal só no Brasil o mosquito da dengue mata gente pra caramba. Por outro lado, o Brasil é o terceiro país com mais mortes por tubarão. E Pernambuco é o estado campeão. Nada animador...

Objetos e obras de arte nos fundos do museu
Informações e temores à parte, há no museu dezenas de arcadas dentárias de tubarões, das mais diversas espécies, e esqueletos completos de algumas espécies. Algumas bocas são beeeem grandes, cabe fácil uma pessoa sentada lá dentro. Há também diversas lembrancinhas relacionadas ao tubarão, desde pelúcias a miniaturas em prata. E para completar tem um restaurante, onde servem bolinhos de tubalhau, coxinha de tubarão e outros petiscos com a carne do predador. Comi os bolinhos e meu amigo Fabrício pagou caro - doze reais - em uma coxinha de tubarão. A carne é boa, lembra um pouco a de cação. Nunca comeu cação? Sinto muito, não tenho outra comparação... Nos fundos do museu há alguns objetos de barcos e esculturas muito bonitas. No por do sol dão um efeito muito legal.
Polvo ao molho de caju do Mergulhão
Além das paisagens belíssimas e praias perfeitas, Fernando de Noronha é um paraíso turístico também para gastronomia. Há restaurantes famosos, peculiares, elaborados e caros, muito caros. Com as dicas da minha colega de trabalho Dalini, fui eliminando um por um os restaurantes indicados. O que mais gostei foi o Varanda, onde comi um delicioso bobó de lagosta, imperdível. Comi também um risoto de frutos do mar maravilhoso. Em segundo lugar, o Mergulhão, que fica bem em frente ao porto, onde comi um polvo ao molho de caju incrível, a mistura do sabor do polvo com o adocicado caju proporcionam uma sensação inédita na boca. Outro prato muito bom que comi lá foi um tartar de atum com gergelim, e a Gi comeu bobó de camarão, excelente.

Belíssima vista do restaurante Mergulhão
Um outro prato que fiz questão de experimentar por lá foi o Tartar de Atum Marinado do restaurante da Pousada Maravilha. O visual da pousada é magnífico, conta com uma piscina com borda infinita e de quebra tem a baía do Sueste ao fundo. O restaurante é aberto ao público, mas é preciso fazer reserva. Quando estive lá dei sorte de chagar cedo e nos deixaram entrar. Não é tão caro quanto pensei, mas não espere gastar menos de 60 reais por pessoa em nenhum destes restaurantes.

Vista da piscina da Pousada Maravilha
Mais uma boa dica gastronômica é o restaurante da Pousada Teiju-Açu, que é o nome de um lagarto da região. Foi lá que os noivos, meus amigos que se casaram na ilha, receberam os convidados, portanto comi vários petiscos, frutos do mar gratinados e um peixe na folha de bananeira delicioso. Esse último prato é servido também na Barraca das Gêmeas na praia da Caçimba do Padre. Fantástico. Todos os restaurantes visitados são parcialmente acessíveis, em alguns há um degrau na porta, e nenhum encontrei banheiro para deficiente. Portanto, faça as necessidades antes de sair de casa e vá de coletor de perna.

Jantando delícias no Restaurante Varanda
Mas nem tudo são flores. No penúltimo dia em Noronha, caímos em uma armadilha. Por indicação de uma fotógrafa, fomos ao restaurante mais caro de nossa visita, o Palhoça da Colina. Nos disseram que é de um chef famoso em todo Brasil e até lá fora. Fomos ansiosos para conferir as iguarias do chef, e nos deparamos com farofa pronta (sério, ele teve coragem de falar), batatas e bananas cozidas, e um atum enorme muito sem gosto. E para fechar, uma bola de sorvete Kibon para cada um. Tudo isso por apenas 120 reais por pessoa. Ai que ódio. Saímos dali e fomos para um boteco no centro tomar cerveja e rir - de raiva -  de tudo. Fiquem longe deste.
Outros restaurantes que me recomendaram e não tive tempo ($$) para visitar, foram o Zé Maria, Tribuju e Beijupirá. No próximo - e último - post sobre Noronha vou falar sobre os mergulhos que fiz na ilha! Aguardem!

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Fernando de Noronha para cadeirantes - Parte 2

A cadeira anfíbia no PIC Sueste
A primeira coisa que sugiro fazer na ilha é conhecer o PIC (Posto de Informação e Controle) da praia do Sueste. Os PICs são feitos nos moldes dos parques americanos, a gente entra e sai por uma loja de lembranças e tem uma estrutura completa, com estacionamento (para deficientes e idosos na porta), lanchonete, banheiros (adaptado inclusive) e sempre com guias treinados e acostumados com cadeirantes. No PIC Sueste há cadeira anfíbia e o guia explica sobre o viveiro de tartarugas que é mantido ali e ainda te leva para entrar na água e, se quiser, mergulhar de snorkel.

Gilson me levando para mergulhar
No mergulho ele te leva mesmo, não precisa nem saber nadar, basta alugar o colete (a máscara e o snorkel são gratuitos) que ele vai nadando e puxando uma bóia (essa da foto acima), onde você se segura e vai só apreciando as belezas do fundo. Me deparei com várias tartarugas, muitos peixes, pedras e até um pequeno tubarão lixa, que passou bem do meu lado e foi em direção à minha amiga Cris. Não há perigo algum, eles estão acostumados com "visitantes" e não atacam. Aliás, esta espécie de tubarão não tem costume de atacar gente. Tudo em uma água transparente como em um aquário. Quem me atendeu e explicou tudo foi o Gilson, muito simpático e atencioso.

PIC Golfinho Sancho
Como segundo programa, minha sugestão é conferir os mirantes adaptados que fazem parte da trilha adaptada do PIC Golfinho Sancho. De lá é possível acessar os mirantes dos golfinhos e do morro dois irmãos. Resolvemos ir para o lado direito, que vai até o mirante Dois Irmãos. São 320 metros de trilha de madeira, a maior parte com corrimão. Me ofereceram o auxílio de um dos guias no PIC, e eu não quis porque achei que seria fácil ir empinando nas descidas, mas depois de descer alguns trechos bem íngremes, eu já estava com as mãos doendo e pedi ajuda para meu amigo Fabrício. Se estivesse com luvas, daria para ir sem ajuda, mas na volta, só alguém empurrando mesmo, a não ser que eu quisesse subir lentamente segurando no corrimão quente. De qualquer forma recomendo ir com luvas, nem que seja para ajudar a frear ou subir.

As trilhas são feitas com material reciclado e imitam madeira
E adivinhem quem eu encontrei lá embaixo, no mirante? O Gilson! Cada dia eles ficam em um PIC diferente, e dei sorte de encontrá-lo novamente. Ele não só me levou na volta como foi nos contando várias histórias no caminho. Há dois mirantes nesta trilha, no primeiro é possível ver a bela praia do Sancho, com cores incríveis e algumas manchas marrons... calma, não é poluição, não, é que a água é tão clara que dá para ver cardumes nadando! Haviam algumas pessoas mergulhando e era legal ver os cardumes se afastando quando os mergulhadores avançavam. Parecia que estavam dançando!

Mergulhadores em meio aos cardumes na praia do Sancho
Mais alguns metros na trilha de madeira, bem na beirada do paredão de pedras, e chega-se ao cartão postal mais famoso de Fernando de Noronha: o morro Dois Irmãos. É de tirar o fôlego. A cor da água, a beleza dos morros, o mar azul ao fundo, e até mesmo a posição privilegiada do mirante, tudo te deixa de boca aberta. Dá para pensar na vida, na pequenez do ser humano frente à natureza, no nosso papel nesse planeta... Mais uma experiência inesquecível neste paraíso. Ah, um detalhe, no caminho há um mirante bem peculiar. Os mirantes em Noronha são todos ótimos, lindos, perfeitos, mas este... é uma bosta! Literalmente, uma bosta só. É que acima dele ficam algumas árvores "eleitas" como casas pelos pássaros da região. São centenas deles! Dá para imaginar porque o mirante é uma bosta, né?

O mais famoso cartão postal de Noronha
Voltando para o PIC, para o lado direito está a trilha Sancho/Mirante Dois Irmãos, com 320 metros. Chegamos ao mirante e nos deparamos com uma vista maravilhosa da baía dos Golfinhos. Tem esse nome porque é para lá que os golfinhos da região se dirigem pela manhã para descansar, para depois saírem para o alto mar. Havia uma estagiária do PIC lá que conta os golfinhos que entram na baía, e naquele dia passaram por lá 360! Para quem anima acordar cedo (cedo mesmo, tipo umas 5 da manhã para chegar às 6) vale a pena ir lá para ver a saída dos golfinhos.

Vista do mirante dos golfinhos
Outro programa muito bacana é curtir o por do sol no Forte do Boldró. Há um mirante no alto do morro, onde há um bar, em que eles tocam Bolero de Ravel assim que o sol se aproxima do horizonte. Belíssimo espetáculo. Não é adaptado, e mesmo empinando é difícil passar pelo chão de terra com buracos e pedras. Vale o esforço, é bem legal. E ainda tem outro por do sol fantástico, na capela de São Pedro, padroeiro dos pescadores. É outro lugar bem complicado de ir, até mesmo de Bugue, pois ela fica em um morro com uma estradinha bem ruim. Mas se tiver um motorista fera como meu amigo Fabrício, pode arriscar. É outro que vale a pena! E você ainda pode conhecer a capela, são dois degraus na porta.

Visão panorâmica do por do sol na capela de São Pedro
No próximo post tem mais Noronha!

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Fernando de Noronha para cadeirantes - Parte 1

Em frente ao morro Dois Irmãos, um dos mais famosos pontos turisticos
Sim meus amigos, Fernando de Noronha é um destino que pode ser aproveitado por cadeirantes. E bem aproveitado. Hoje é possível curtir quase todas as atrações turísticas e gastronômicas como qualquer pessoa sem limitação. É verdade que muitos lugares demandam uma ajudinha para serem acessados, mas o pessoal da ilha é extremamente prestativo e solidário com cadeirantes. Até para rodar pela areia da praia o pessoal tem a manha!
O primeiro desafio é a acomodação. Procurei em sites de hotéis e encontrei poucas opções; busquei na internet e apareceram mais algumas. Mandei então um e-mail para a Econoronha (atendimento@econoronha.com.br), concessionária responsável por construir as trilhas adaptadas para deficiente que estavam sendo divulgadas na internet, e me responderam rapidamente, com uma relação das pousadas adaptadas disponíveis, além dos restaurantes com acessibilidade, e também as matérias divulgadas sobre a acessibilidade na ilha.
Pousada Monsieur Rocha, muito agradável
Procurei saber sobre os preços das pousadas e hotéis, e depois de descartar as carrérrimas, disparei e-mails buscando mais informações - e negociando os preços. Fiquei entre a Topázio, a Solar das Andorinhas e a Monsieur Rocha, e acabei decidindo por esta última, que fez um preço melhor e oferecia boas comodidades. Por boas comodidades, entenda que não é perfeitamente adaptada, eu já sabia que não tinha cadeira higiênica, mas eu já me acostumei a passar sem isso. Depois faço um post sobre a pousada.
A chegada no arquipélago é show
Depois de pagar a taxa de permanência na ilha (pouco menos de 50 reais por dia), embarcamos, eu, Gi e um casal de amigos. Tínhamos outro motivo para ir para lá, o casamento de um grande amigo. Saindo de BH, passando por Recife, a viagem durou pouco mais de quatro horas e meia. A chegada no arquipélago já é um espetáculo, a visão da ilha lá de cima impressiona pelas cores da água e desenho das ilhas. Chegando ao aerporto, não espere um finger ou Stair Tac (que ele insistem em chamar de Star Trek) para descer do avião, é na mão mesmo. Disseram que há um Stair Tac, mas está estragado. Então tem que ser no muque. As pousadas geralmente tem traslado e te pegam no aeroporto, no caso da Monsieur Rocha, o próprio Rocha foi nos buscar no aeroporto. Ele é muito simpático e está na ilha há muitos anos, portanto conhece tudo e todos, e sabe muita história.
Se locomover na ilha também é um desafio. Há alguns táxis, alguns ônibus, e dezenas e dezenas de Bugues, daqueles que a gente só vê em praia, a maioria disponível para alugar, com preços entre cem e duzentos reais. Nos primeiros dias resolvemos andar de ônibus, fui informado que há adaptados, que passam de meia em meia hora.  Descemos da pousada por uma rua muito esburacada e fomos para o ponto. O motorista (que também é o trocador) apanhou um pouco para descer o elevador, pois era a primeira vez que ele o utilizava. Fomos para a praia do Sueste, onde parou bem ao lado e depois utilizamos o ônibus adaptado para sair à noite para ir a um restaurante. Outra vez o motorista disse que eu era o primeiro cadeirante a utilizar o ônibus. Para nós, a passagem é gratuita. Funciona bem, é suficiente, mas percebi que acabaria sendo uma limitação, pois não é em todo lugar que tem ponto próximo.
Alugar um Bugue é fundamental para agilizar o transporte
A solução, então, seria alugar um Bugue. Os mais baratos são bem simples, não tem nem banco traseiro. Recomendo alugar o modelo Selvagem, é mais espaçoso e tem banco atrás. Desenvolvi uma técnica para entrar nele em segundos. Sair não é tão simples... mas nem tão complicado, é só fazer o processo inverso. Encontramos para alugar por 180 reais, mas negociamos por quatro dias e a diária baixou para 150. O banco atras ajuda, só que para quatro pessoas, falta espaço para a cadeira... a solução foi colocar a cadeira no banco de trás, e a Gi ir sentada em cima! Deu certo, ela ficou bem confortável. Vejam abaixo um video demonstrando como entro no Bugue e como a cadeira vai atrás.
No próximo post tem mais!

sábado, 23 de novembro de 2013

Voo experimental de parapente em Alfredo Chaves

Iniciando o voo, direto para os ares!
Em agosto publiquei aqui uma matéria com o Weverson, primeiro piloto de parapente cadeirante de Minas Gerais, quem sabe até do Brasil. Fiquei fascinado com a ideia, pois eu sempre gostei de voar; antes de ser cadeirante, há muitos anos (quase vinte) eu fiz um curso de paraquedismo em Juiz de Fora, saltei sozinho e tirei até brevê de paraquedista! Já cadeirante, em 2011 fiz um salto duplo de parapente em BH, foi muito bom sentir novamente o prazer de voar. E agora, com essa possibilidade de pilotar, minha vontade voltou com força! Ainda mais que meus pais moram em Guarapari, o que facilita a aventura.
Preparado para voar, curtindo o visual
Peguei o contato do Marcelo Ratis, instrutor do Weverson, e marquei um voo experimental em Alfredo Chaves, onde ele mora e dá o curso. A diferença deste voo para o voo duplo é que o instrutor dá uma noção geral dos controles do parapente e permite que o futuro aluno conduza por alguns instantes o parapente, para sentir o comportamento do velame (o tecido do qual ele é formado) em pleno voo, trazendo uma emoção a mais à experiência.
Momentos antes de decolar
O diferencial do Marcelo, além de já ter treinado com sucesso um cadeirante, é que ele morou nos EUA por um bom tempo, aperfeiçoando suas técnicas, e trabalhou em uma empresa de cadeiras de rodas, aprendendo assim a manusear como ninguém um cadeirante na preparação para o voo. Diferentemente do meu salto em BH, ele prefere iniciar a decolagem com o cadeirante fora da cadeira, sendo sustentado por dois ajudantes pelos tirantes que ligam o duplo ao condutor. Assim fica mais fácil, se necessário, correr um pouco para levantar voo. No voo que fiz, não foi necessário, pois o velame se inflou rápido e saímos do solo.

Visão do parapente em pleno voo
Pilotar o parapente foi emocionante, uma sensação ainda mais libertadora do que o voo em si. E a didática do Marcelo impressiona, ele é mesmo fera no que faz. O voo foi super tranquilo, e o pouso mais ainda, não senti impacto algum, ele "freiou" o parapente no momento certo e pousamos suavemente no chão. Gravei tudo com uma câmera no capacete, abaixo compartilho com vocês o vídeo. O Marcelo está vendo se pode vir a BH dar o curso para mais alunos, quem tiver interesse me contacte por e-mail ou facebook.
Após o pouso perfeito, com o Marcelo e o Dario
Para um cadeirante pilotar sozinho, porém, são necessárias muitas aulas, além de um acessório para a decolagem, chamado Flychair, este da foto acima. Encontrei no site Flychair.fi, fabricado na Finlândia, e custa mais de três mil euros. O Weverson não quis desembolsar essa grana toda e fabricou seu próprio Flychair, e se prontificou a fabricar para quem tiver interesse, sob encomenda. Vejam abaixo o vídeo do voo que fiz. Agradecimentos ao Marcelo, ao Dario e ao pessoal que auxiliou lá em Alfredo Chaves.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Pousada Pilar - Arraial do Cabo/RJ

Decoração rústica e ambiente agradável
Uma pousada, por definição, é um hotel modesto, rústico, ou próximo à natureza. Adaptar uma pousada para deficientes, portanto, demanda mais do que boa vontade, muitas vezes é preciso alterar a estrutura existente e perder um pouco do charme natural. Além disto, como são poucas acomodações, não vale a pena adaptar, certo? A Pousada Pilar, que fiquei em Arraial do Cabo, prova que não é bem assim. Com alguns equipamentos estrategicamente instalados e pequenas mudanças de layout, eles adaptaram dois dos oito quartos disponíveis para deficientes.
A recepção já remete ao fundo do mar
Instalaram um pequeno elevador externo que possibilita a um cadeirante e um acompanhante acessarem os quartos adaptados, no segundo e terceiro andares. Como a pousada tem decoração rústica, o elevador não podia ficar de fora, e tem aquelas grades treliçadas que fecham por segurança. É pequeno, mas suficiente para um cadeirante e um acompanhante utilizarem sem aperto.
Elevador panorâmico cabe um cadeirante e acompanhante
O quarto é bem amplo, tem uma cama gigante, tão grande que eu ficava com saudades da Gi pela manhã! E o banheiro também não fica atrás, dá para fazer uma festa do roupão lá dentro. A pia é enorme, tem vão livre embaixo para entrar com a cadeira e fácil alcance às torneiras. O chuveiro, porém... não tem chuveirinho. E eles só tem uma cadeira de banho. Como o Gustavo chegou primeiro, pegou a cadeira de banho, sobrou para mim somente uma cadeira de plástico, que não resolve, mas ajuda. A cadeira de banho deles, como me contou o Vagner, gerente/proprietário da pousada, não é adequada, pois não solta os braços. O ideal é uma cadeira com braços removíveis e rodas grandes, como a deste link.
Área externa, com piscina e restaurante gourmet
Nos quartos há varanda com vista para a piscina da pousada, que fica nos fundos em meio a muito verde. Há rampa para chegar lá, e além da piscina há uma churrasqueira e uma cozinha gourmet, com forno de pizza e tudo. Por todo lado há bandeiras, enfeites, um lustre feito de cabaças, e até um espelho feito de escotilha que reflete a água da piscina, dando a sensação de estar vendo o mar. Bem original! Na foto dá para perceber, ao centro. Tem também uma sauna, mas esta não é acessível para cadeira de rodas.
Hall/restaurante/bar/sala de descanso/etc/etc. No meu colo, a gata pirulita!
A parte mais charmosa da pousada, na minha opinião, é o hall principal, que é também o restaurante, o bar, a recepção, tem uma salinha de descanso e de TV, e tem até uma fonte de água e um pequeno altar. Muita coisa, né? Mas tudo em seu espaço, muito bem decorado e confortável. E há uma saída para uma varandinha que também dá para a piscina. As janelas da cozinha são escotilhas de um antigo navio japonês, e há vários itens como abajures e mesas com peças de navios antigos. Muito legal!
O chão do estacionamento é bem irregular
O ponto mais negativo, entretanto, fica por conta da garagem. Ela é muito apertada, é preciso parar os carros próximos para caberem todos, e o chão é de pedras irregulares cheias de ressaltos, bem difícil de passar com a cadeira. A única forma de minimizar o problema é parar próximo ao início da rampa que dá acesso à pousada. A rampa tem um início mais íngreme, mas é tranquila de ser vencida. Tem corrimão ao longo de toda a rampa. Além disso, se necessário o Vagner auxilia a subir ou descer, ele tem experiência com cadeirantes.
Vagner mostrando uma das inúmeras bandeiras da cozinha gourmet
O ponto mais positivo da pousada é o tratamento. Seu João e seu filho Vagner tratam os hóspedes com muito carinho e cuidado, procurando saber as necessidades e limitações de cada um. Estão totalmente abertos a sugestões e reclamações, inclusive ficaram de providenciar uma outra cadeira de banho mais adequada e pensar em uma forma de melhorar o estacionamento. Eles estão de parabéns por pensar nos deficientes, com poucas alterações a pousada ficará totalmente acessível. Recomendo muito a pousada, pelo charme e experiência diferenciada.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Check Out do curso de mergulho adaptado em Arraial do Cabo

Gustavo, Will e eu, ao final do check out. O sinal é de "OK" viu?
Sabe aquela expressão "aos 45 do segundo tempo?" Foi assim meu check out, ou batismo, do curso de mergulho adaptado que fiz no início de outubro. Este batismo é necessário para concluir o curso e receber a certificação da HSA, que regulamenta o mergulho adaptado. É necessário que seja em águas abertas, conhecido popularmente em Minas por "marzão". E foi aos "45 do segundo tempo" porque no dia seguinte ao check out estava marcada minha viagem para Fernando de Noronha. E eu precisava da certificação para aproveitar bem os mergulhos em Noronha. Dividimos a turma ao meio, pois só há duas pousadas em Arraial do Cabo que tem dois quartos adaptados cada uma. Gilberto e Múcio ficaram na maior, Varandas ao Mar, e eu e Gustavo fomos para a Pousada Pilar. É uma pousada pequena, apenas oito quartos (e ainda assim dois adaptados!), mas bem charmosa, com belíssima decoração, bem próxima do porto, de onde saem os barcos de mergulhadores. Falarei dela em outro post.
Na estrada, depois de trânsito e chuva, consegui andar bem.
Como eu trabalharia até o dia 1º de novembro, precisaria fazer o check out nos dias 2 e 3, para então viajar para Fernando de Noronha no dia 4. Tudo bem, dava tempo, mas o detalhe é que Arraial do Cabo, no estado do Rio, fica a 600 km de BH! E a única opção seria ir de carro, dirigindo sozinho o tempo todo (a Gi não "curte" estrada). Mas topei o desafio, trabalhei na parte da manhã, saí às 16hs, peguei a Gi, abasteci o carro, e saímos de BH às 16:30. Pela previsão do GPS, levaria 7 horas para chegar lá, só que o GPS não me contou que haveria chuva e trânsito no caminho... Mesmo assim, aproveitando os trechos "bons" da BR 040 e de algumas estradas no Rio, cheguei em Arraial do Cabo exatamente às 00:00hs, na frente da pousada, que na minha cabeça era "Varandas ao Mar". Tocamos na recepção, entrei com o carro na garagem, a Gi tirou a cadeira, pegou uma das malas, fomos para a recepção, e todo mundo olhava pra gente com cara de surpresa. Enquanto procuravam a reserva inexistente, a Gi preenchia a ficha e eu conferia o e-mail da Daniela da Mar a Mar, quando cai em mim e percebi a confusão. Quase apanhei da Gi, que teve que guardar mala, cadeira, e tocamos para a pousada certa. 
Cadeirante a bordo!!
Desfeita a confusão, chegamos, desembarcamos, tomamos um banho e fomos dormir por volta de uma e meia. Eu estava exausto, capotei na cama e acordei às sete e meia, tomamos café e fomos encontrar o Will na outra pousada, de onde saímos para o porto. O primeiro desafio foi entrar no barco, pois mesmo ancorado ele se mexe bastante devido às ondulações do mar, mas com jeitinho e três caras ajudando, fui "içado" para dentro do barco. Me posicionei de lado e travei a cadeira, e saímos para o primeiro ponto de mergulho. Assim que o barco parou o William nos deus as primeiras instruções e começou a "luta" para vestir a roupa de neoprene. Assim como na piscina, a melhor forma de vestir é deitado no chão do barco, com alguns ajudantes para agilizar. 
Murchando a barriga para colocar o cinto de lastro.
Depois vem o cinto de lastro, bem apertado na barriga para não descer, e o equipamento, colete com cilindro e regulador, tudo bem fixado e apertado. Coloca-se a máscara e snorkel e é só cair na água! Ou ser jogado, sei lá... A gente fica bem na beirada do barco, põe o regulador na boca e a mão na máscara, e cai na água já virando para ficar com o rosto para cima. Estando tudo ok, fazemos o sinal para o barco e para os colegas de mergulho. Mais algumas instruções do Will, e fazemos o sinal de "afundar", com o dedão para baixo. A primeira dificuldade que encontramos é estabilizar as pernas na descida. Como não controlamos, é necessário descer devagar, mantendo o tronco ereto, evitando que as pernas subam muito e causem uma "cambalhota". Ao atingir uma boa profundidade, o instrutor faz o comando para virar de peito para baixo, e iniciar o mergulho. Neste check out, fizemos vários exercícios e simulações, para ver se estamos aptos às possíveis situações que podemos encontrar em um mergulho. Outro desafio é manter a flutuabilidade, sem ficar afundando ou subindo demais. Uma vez dominada esta técnica, nosso trabalho é nadar utilizando somente as mãos, sem encostar na vida marinha.
Ao fim do curso ganhamos uma "chuva de champagne"!
Depois de "passar" nos exercícios, a gente pode curtir um pouco o visual. Dei muita sorte nas mergulhos que fiz, logo de cara nos deparamos com uma tartaruga, nadando tranquila, consegui seguir ela um pouco. Depois vi moréia, estrelas do mar, diversos peixes e outra tartaruga, que estava comendo alguma coisa no fundo. Fui em direção a ela e filmei um tempão ela se alimentando. A água é muito fria naquela região, na saída da água é importante nos aquecer bem. Saí da água e aguardei o tempo necessário para voltar a mergulhar - é importante dar um tempo entre um mergulho e outro, isso a gente também aprende no curso. Há até uma tabela que mostra o tempo mínimo entre um mergulho e outro.
Ao final de dois dias de mergulhos, tudo OK!
No domingo saímos cedo novamente, fizemos mais exercícios, vimos mais animais, corais, esponjas e peixes, e ainda deu para curtir um pouco o balanço das ondas e o sol na proa do barco. Depois dessa maratona, almoçamos, fechamos a pousada, preparamos o carro e caímos na estrada de novo. Mais 600 km até BH, sete horas e meia, e finalmente, caminha de casa! Para dormir um pouco antes de sair para o aeroporto de Confins, pegar quase cinco horas de vôo, troca de avião, e enfim, Fernando de Noronha! Foi muito legal voltar a ver de perto este mundo tão diferente do nosso! O Will realmente é um tremendo instrutor, mandou tão bem no mar quanto na piscina. Fiz muitos vídeos, mas não tive tempo para editar. Nos próximos posts vou contar sobre a experiência de mergulhar em Noronha!

UPDATE: Confundi os mergulhos, o tubarão lixa eu vi foi em Noronha! É que um foi dois dias depois do outro, dá um desconto... rsrs
Vejam abaixo o depoimento do Gilberto Porta, que fez o check out com o Múcio, nos dias 31 e 1.
http://www.bhlegal.net/blog/mergulho-adaptado-em-aguas-abertas/

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Surf adaptado na pororoca

André arrepiando nas ondas - Foto: arquivo pessoal
O título ficou com dupla interpretação, mas pororoca não é o que você está pensando, é só o fenômeno natural caracterizado por grandes e violentas ondas que são formadas a partir do encontro das águas do mar com as águas do rio. A mais famosa é do Rio Amazonas, muitos surfistas vão para lá se aventurar. E não é que um cadeirante do Rio, o André, conhecido como Andrezinho Carioca, cismou de surfar estas ondas? Corajoso o cara!
Ele conheceu o surf adaptado no Rio de Janeiro, onde mora, e se apaixonou pelo esporte. E logo já se impôs um desafio: surfar na pororoca! Muita coragem dele, a pororoca é uma onda interminável, dura vários minutos, e pode ser bem traiçoeira.
Me identifiquei muito com o André em algumas coisas, como o bom humor, o otimismo e a superação da condição física. Logo após o acidente ele já comentou com a mãe que a sequela que ele iria carregar seria "virar atleta paralímpico". Mais fácil do que contar em detalhes a história do André é ver os vídeos dele, vejam abaixo.

domingo, 20 de outubro de 2013

Tiro com Arco Paralímpico

7º Campeonato Brasileiro de Tiro com Arco Paralímpico
Mês passado, estava eu na sala de espera de um médico e chegou uma cadeirante, muito bonita e simpática. Comecei a conversar com ela sobre modelos de cadeiras de rodas, e ela disse que foi em uma feira na Alemanha parecida com a Reatech, chamada RehaCare, que geralmente acontece no fim do mês de setembro. É uma ótima oportunidade para conhecer o que há de melhor no mundo em tecnologia assistiva. Boa dica para quem pretende ir à Europa. Trocamos contatos e nos adicionamos no Facebook.
Anne atirando no Capeonato Brasileiro
Há alguns dias vi fotos dela praticando tiro com arco, uma modalidade paralímpica que tem poucos adeptos no Brasil. Nas fotos ela estava participando do 7º Campeonato Brasileiro de Tiro com Arco Paralímpico, que aconteceu aqui em Belo Horizonte nos dias 9 a 13 de outubro. Tiro com Arco é o nome correto do esporte, que a maioria das pessoas conhece como Arco e Flecha. É um esporte que demanda concentração, disciplina e postura, além de uma técnica bem apurada, e é um dos mais antigos esportes olímpicos.
Área para treinos e competições da Federação Mineira
A iniciativa de buscar o esporte foi da Anne, ela presenciou atletas praticando em Londres e aqui em Belo Horizonte entrou em contato com a Federação Mineira de Arco e Flecha, e o Evandro Azevedo, um dos instrutores credenciados, topou o desafio de treiná-la e hoje ela é a única mulher cadeirante credenciada em todo o Brasil! Em apenas três meses ela já participou do campeonato brasileiro e fez uma excelente pontuação. Mesmo sendo a única mulher, e obviamente ficando em primeiro lugar, ela seria segunda colocada se competisse com os homens. Parabéns Anne!
Testei minha mira no tiro com arco, achei bem divertido.
Os treinos acontecem ao lado do Mineirinho, na Pampulha, onde eles tem duas grandes áreas com a estrutura necessária para a prática do esporte. Há rampas para circular de cadeira, mas há um pequeno trecho de grama para chegar à área de treinos. Nada muito complicado para rodar, a grama é bem cortada. Eu também dei alguns "tiros" com o arco, e descobri que é bem mais difícil do que parece. À primeira vista, parece fácil esticar o arco, mirar e soltar a flecha, mas não é simples não. Para quem tem uma lesão medular então, é ainda mais complicado. E é aí que está uma das vantagens do esporte para nós, a necessidade de manter o corpo estável e equilibrado na preparação da flecha e na mira. Isto exige que a gente utilize toda musculatura existente de abdômen e quadril. Na ausência desta musculatura, é preciso compensar como puder. A Anne me mostrou uma técnica para "armar" o arco levantando-o para o alto antes de puxar a corda. Desta forma é possível conseguir um equilíbrio. Quem me instruiu foi o Denis, ele explicou os fundamentos básicos do esporte e o que um cadeirante precisa fazer para praticar. Ele tem muita didática e paciência, explica muito bem.
Momento em que a flecha saiu do arco... em direção ao céu!
Senti dificuldade em manter o corpo estável ao mesmo tempo em que segurava o arco e ainda precisava mirar. E deve ser bem por aí o treinamento, segurar o corpo, manter a respiração e focar no alvo. Gostei bastante da experiência, achei divertido, apesar de não ter acertado nenhuma flecha no alvo. Já tive uma pistola de chumbinho e treinava com alvo há muitos anos. Quem tiver interesse, pode procurar o pessoal lá no Mineirinho, os treinamentos são às terças e quintas pela manhã e à tarde, e nos finais de semana. Para mais informações, entrem no site da Federação Mineira (www.arcoeflecha.org.br) ou liguem para (31) 9362-7473, com Viviane. Tem ainda a página da Federação no Facebook. Obrigado à Anne e ao Denis pela introdução ao esporte!

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