terça-feira, 21 de outubro de 2014

De olho na acessibilidade para o turismo

Todos Juntos por um Brasil Mais Acessível
É relevante ver quando ações em diferentes partes do país ressaltam a importância da acessibilidade. Um assunto que deve permanecer sempre atual por colocar em jogo a locomoção de vários moradores que na maioria das cidades ainda encontra muitos obstáculos, infelizmente.
O Ministério Público do Paraná, sedia nos dias 23 e 24 de outubro, no auditório do edifício-sede do órgão, um workshop com a missão de dar continuidade  às ações de formação em acessibilidade voltadas a membros e servidores da instituição, e que a partir do encontro as iniciativas sejam multiplicadas.
O evento é organizado pelo Conselho Nacional do Ministério Público e tem  apoio e participação da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR). A abertura do eventro contará com uma palestra intitulada Acessibilidade: conceitos, tendências e desafios”, por Sérgio Paulo da Silveira Nascimento (SDH/PR). Outros assuntos como concurso público, atendimento prioritário, educação inclusiva estarão em pauta, além do debate no final do encontro.
Quem estiver interessado em participar pode se inscrever pelo e-mail nucleoacessibilidade@cnmp.mp.br.  Será expedido certificado de participação pelo CNMP.
Já em Pernambuco, um programa de capacitação nas redes hoteleiras está em curso. A ideia é investir na inclusão de turistas com deficiência. A Empetur -  Empresa de Turismo do Estado começou a atividade com 68 estabelecimentos, treinando seus funcionários. Incluem-se hoteis, bares, restaurantes e pousadas. A primeira etapa foi feita em parceria com o Sebrae, o treinamento foi liderado pela cadeirante Mosana Cavalcanti e por Manoel Aguiar, este último com deficiência visual, ambos consultores em acessibilidade.
Além da capital pernambucana, as cidades Olinda, Jaboatão dos Guararapes e a ilha Fernando de Noronha também tiveram o evento. O plano é expandir para outras cidades que integram as rotas turísticas do estado.
Infelizmente o Brasil anda a passos lentos na implementação de áreas de lazer e turismo preparados para receber turistas com deficiência, ainda há muito o que fazer, porém multiplicar iniciativas e divulgar essas ações corrobora para que a mentalidade da importância da acessibilidade aumente no país. Além de mostrar para uma grande parcela da sociedade que o deficiente deve estar inserido na coletividade igual a todos, na prática de esporte, na saúde, no mercado de trabalho, na vida social, e é claro, seguindo as rotas turísticas.
A locomoção das pessoas com deficiência pode ser facilitada se a cidade estiver preparada para tal, isso implica em oferecer qualidade de vida através de direitos básicos como ir e vir.

E sua cidade, está preparada para receber turistas com deficiência?

domingo, 19 de outubro de 2014

Viajando de Low Cost para (e pela) Europa

Moderno Airbus A330-200 da Air Europa
Viajar para a Europa era um sonho antigo. Após duas adiadas, resolvi colocar em prática meus planos este ano. Comecei a programar em maio, com a compra das passagens. Meu objetivo era passar por quatro países, portanto seriam várias passagens, além da principal, de ida e volta para lá. Recomendado por meu cunhado, que foi ano passado visitar o irmão que morava em Madri, escolhi a cidade como "porta de entrada" na Europa. Busquei por preços de passagens através dos Skyscanner, e as mais baratas eram pela Air China, que meu cunhado utilizou, e Air Europa, uma companhia espanhola. Fui ao site das companhias para comparar preços e datas. Ficaria 14 dias na Europa e queria pegar dia 1º de outubro, para comemorar meu aniversário lá.
O espaço para as pernas até que é razoável - minhas pernas que são enormes!
Após pesquisa sobre opinião de consumidores sobre as companhias e envio de e-mail questionando sobre o preparo para receber cadeirantes, escolhi a Air Europa. Após a compra da passagem, enviei mais um e-mail perguntando se eu poderia ser alocado nas primeiras fileiras, pois poderia esticar as pernas e mudar de posição, afinal seriam dez horas de vôo. Me confirmaram que o assento seria reservado para mim e na reserva estava informado que eu era cadeirante. Cheguei ao aeroporto de Guarulhos, e houve resistência para me alocar na primeira fileira. Mostrei o e-mail da confirmação deles impresso (*isso é fundamental, imprimir todas os e-mails*). Logo chamaram uma pessoa mais "graduada" e ela me fez a seguinte proposta: reservaria para mim uma fileira inteira de quatro assentos no meio, e eu poderia usar à vontade, os braços eram todos removíveis. Aceitei e embarcamos.
Pegamos uma fileira inteira
Me passaram para aquelas cadeiras estreitas para chegar até o meio do avião e transferi para a poltrona. O avião era um Airbus A330-200 para quase 300 pessoas, confortável e com tela individual para cada passageiro. Isso foi ótimo para ver filmes na viagem, vi dois inteiros. E a solução deles de reservar quatro poltronas foi ótima, pude deitar no colo da Gi e dormir, no fim das contas foi menos cansativo do que a viagem de oito horas para Orlando. O atendimento deles também foi muito bom, mostraram que estão preparado para lidar com deficientes, e o espaço entre poltronas não é tão apertado. Durante o vôo serviram vários lanches e refeições, e tem bastante entretenimento a bordo. Na volta não consegui as quatro poltronas porque o vôo estava cheio, mas aí me colocaram na primeira fileira - que na verdade não é a primeira, é só a primeira da classe econômica. Foi bom também porque pude esticar as pernas e mudar de posição, minimizando novamente o desgaste.
"Amarrado" à cadeira de avião
Outra grande preocupação ao fazer uma viagem destas é o banheiro. Não conheço nenhum avião com sanitário adaptado, portanto nem adianta reclamar. Fiquei contando com a experiência dos comissários e minha no vôo para Orlando. Daria um jeito. Quando deu o horário e senti que precisava ir ao banheiro, chamei os comissários. Trouxeram a cadeira, transferi para ela e fomos. Chegando lá, colocaram a cadeira de frente para a porta e sugeriram que eu tentasse transferir. Me segurei nas barras e na pia, e joguei o corpo para a frente, com alguma ajuda deles. Meus joelhos entraram na lateral do vaso, consegui colocar a perna em cima do vaso, mas percebi que não conseguiria virar o corpo. Minhas pernas são muito grandes, e o banheiro muito estreito. Voltei à cadeira e sugeri fazer como fiz no vôo para Orlando, um dos comissários me puxaria de frente e me colocaria em cima do vaso, e então a Gi entraria comigo. Primeira tentativa, ele não conseguiu me girar direito e voltamos à cadeira. Segunda tentativa, o cara já bufando, minhas pernas travaram na porta e voltamos à cadeira. Aí deram a sugestão: como o banheiro ficava entre duas classes, poderiam fechar as duas cortininhas nas laterais e eu faria a sondagem ali. Assim fizemos, e deu certo. Na volta, fiz diferente. Diminuí a ingestão de líquidos à noite (o vôo era às 23:30), fiz uma sondagem antes de embarcar e no vôo tomei pouco líquido, então fiquei até chegar no Brasil sem sondagem, para fazer no aeroporto. Foi melhor assim.
Espaço para as pernas na EasyJet. Melhor que alguns aviões daqui.
De Madri para Paris busquei passagens no mesmo site e o melhor custo benefício foi pela EasyJet, uma das mais famosas Low Cost da Europa - para quem não sabe, significa baixo custo. No site deles já mostram a preocupação com cadeirantes, você escolhe a necessidade que tem e compra sem marcar assento. Uma diferença básica com o Brasil, é que lá fora não tem essa de ficar chorando para ir na primeira fileira, que é reservada para deficientes, que você tem necessidade, que não adianta. A legislação lá proíbe que pessoas com deficiência ocupem as primeiras fileiras, pois são saídas de emergência. Mas eles são experientes com cadeirantes, auxiliam a passar para a cadeira estreita que te leva mais para o fundo, e depois para a sua poltrona. O que se consegue conversando é não ir muito para o fundo. Usei a mesma companhia para ir de Londres para Roma, mas de Roma para Madri usei a Ryanair, outra Low Cost. Vou contar como foi.
Avião da Ryanair. Meio feinho, né?
Viajar de Low Cost dentro da Europa é muito tranquilo. A verdade é que as Low Cost de lá são muito semelhantes às nossas companhias "normais", na EasyJet me senti na Gol, até a cor é igual! Os assentos são apertados - assim como os daqui - e não dão nada a bordo, só vendem - assim como no Brasil. A diferença é que lá eles sabem lidar com cadeirantes, perguntam sempre como podem ajudar e se necessário transferir sabem exatamente como te pegar e orientam com educação. Recomendo usarem sem medo, porém na Ryanair achei a poltrona mais apertada para as pernas, mas mesmo assim nada absurdo. Me acomodei bem, até dormi. O que se deve observar é em que aeroporto estas companhias operam, pois muitas vezes só utilizam aeroportos mais distantes e menores. Foi o caso da Ryanair, que decolou de Ciampino, cidade próxima a Roma. Comprei nela mesmo porque os outros aeroportos também são distantes. A diferença é que para outros há linha de trem direto, para Ciampino havia só ônibus. Acabei indo de táxi, não ficou tão caro, trinta euros. Porém houve outro inconveniente: lá só há embarque na pista, portanto precisei ir de Ambulift. Pelo menos estava funcionando, ao contrário de alguns daqui.
Espaço para as pernas na Ryanair. Apertadinho.
De Paris para Londres, e de Roma para Modena, viajei de trem. E rodei muito de metrô em Madri. Vou contar como foi em outros posts. Vivi o maior perrengue em viagens da minha vida em um desses trechos, fiquei até tenso - olha que isso não é fácil - mas depois ri muito. Vocês também irão rir!
Legal nos vôos pela Europa é o visual.

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