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terça-feira, 16 de maio de 2017

Cadeirante, mulher e dois bebês no avião

Família toda embarcada
Pense em uma comissária de bordo tensa... Assim ficou a comissária do vôo Belo Horizonte/Vitória no dia 21 de abril passado. Imaginem o que ela pensou ao ver chegar na porta da aeronave um cadeirante e logo atrás dele uma mulher com um carrinho duplo com dois bebês nele. No mínimo foi "danou-se...". Foi a primeira viagem de avião com os gêmeos. Deixamos o carro no estacionamento do Aeroporto de Confins e começamos a preparação. Para simplificar levamos somente uma mala grande e uma mochila, além da bolsa da Gi que parece uma mala - dessas enormes que cabe um monte de coisa de criança. Para complicar um pouco eu levei o Freewheel, o que na verdade ajudou, pois usei ele como suporte para levar a mala atrás da cadeira!
Para levar tudo improvisei um suporte para mala
Fomos andando do estacionamento até o check in, eu levando a mala atrás e a Gi levando os gêmeos no carrinho duplo. Chegando ao check-in (da Latam) primeiro problema: a atendente disse que não poderíamos viajar na primeira fileira, pois a aeronave tem airbag (!) e com criança no colo não é permitido. Depois de argumentar que eu não ando, e que se fosse viajar em fileiras mais atrás teria que ser carregado, e que a primeira fileira é reservada para pessoas com deficiência, ela conversou com alguém lá dentro e liberou. Aí veio o segundo problema, não poderíamos viajar juntos, na mesma fileira, eu e a Gi com os bebês no colo. Isso porque há somente quatro máscaras de oxigênio em cada fileira de três poltronas, portanto se a terceira poltrona estivesse ocupada, não haveria máscaras para todos. Concordei, mas perguntei: se não tiver ninguém na poltrona, podemos? Ela disse que eu teria que negociar na hora, com as pessoas que organizam o vôo (aqueles que atendem na porta da aeronave).
Ao ver esta turma chegando na aeronave, as comissárias piraram
Despachamos a mala, pegamos mais duas etiquetas para despachar a cadeira de rodas e o carrinho dos gêmeos na porta da aeronave, e nos dirigimos para o embarque. Aí vai a primeira dica para quem está em situação semelhante e vai voar: chegar com pelo menos uma hora e meia de antecedência, pois só nosso check in demorou quase meia hora! Chegamos no embarque e veio mais uma tarefa complicada, passar pelo sensor de metal. Tive que passar, ser revistado manualmente (como é com todo cadeirante) e esperar a Gi entrar com um menino, me entregar, voltar e passar com o outro. E aí ela passou sozinha, tirou sapato, passou toda a bagagem de mão no raio X, e aquele procedimento todo que é padrão nesta passagem.
Passando com o Max pelo sensor de metal
Depois de uns minutos passando pelo raio X chegamos ao guichê de embarque e choramos com os atendentes para nos colocar juntos na mesma fileira. Foram compreensivos, conversaram com alguns clientes e conseguiram! Muito legal da parte deles. Porém no embarque, o velho problema de aeronaves antigas da frota deles, a cadeira não passa nem na porta do corredor. Tive que ser carregado até a poltrona por duas pessoas. Aí tirei a almofada e o Freewheel para guardar e esperei minha esposa trazer o meu filho. Ela veio, deixou o menino, foi buscar a menina e despachar o carrinho de bebês. Uns quinze minutos para embarcar todo mundo...

Na ida, soninho gostoso e brincadeiras no chão
No vôo de ida a Anne dormiu o tempo todo e o Max ficou comigo, eventualmente descia para meus pés para brincar e se comportou muito bem. A Gi estava com medo que nossos filhos fossem como aqueles bebês que passam uma hora inteira de vôo gritando e chorando, passamos ileso desta vez! Chegando a Vitória, mais um transtorno previsto: não há finger (aquele corredor que vai até o avião) e o desembarque é sempre por escada. A ideia era, depois de esperar desembarcar todo mundo, descer com um menino, deixar no carrinho lá embaixo com alguém vigiando, voltar para pegar o segundo, e esperar meu desembarque. Mas um dos auxiliares da companhia se ofereceu para descer com o menino, e assim foi. E eu fiquei esperando vir aquela cadeira que desce escada, assim que chegou veio aquele desconforto de ser carregado até ele. Achei que por ser estreito passaria para o corredor, mas nada feito. Desci as escadas, transferi para minha cadeira e fomos nós para o desembarque. Chegando ao desembarque, meus pais estavam esperando, aí autorizaram minha mãe entrar na sala para ajudar com a bagagem.
Na volta, cada um de um lado do corredor
Na volta, não tivemos a mesma sorte da ida e não conseguimos viajar na mesma fileira. Mais uma vez um funcionário cismou que eu não poderia viajar com um bebê no colo na primeira fileira. Teria que ser na terceira ou quarta. Expliquei os mesmos argumentos da ida, mas o cara não queria dar o braço a torcer. Outro funcionário, mais coerente, percebeu o transtorno e constrangimento que seria e tratou de ligar para o pessoal de bordo para me posicionar na primeira fileira. Assim foi, após o embarque por escada, como todos são no aeroporto de Vitória, me acomodaram na primeira fileira com a Anne e a Gi foi do outro lado do corredor com o Max. Na viagem, mais uma vez meus meninos se comportaram bem, só no finalzinho a Anne ficou um pouco nervosa. Estava entediada, normal nessa idade.
No fim das contas, fomos e voltamos sem maiores transtornos, só um grande trabalho. Foi bom como experiência para as próximas viagens, principalmente se for mais tempo do que uma hora. Já temos outra viagem programada no final de maio para São Paulo, preparem-se, comissárias!!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Hotel Mercure Vila da Serra

Bela fachada do hotel Mercure (Fonte: site www.accorhotels.com)
Nunca fiz uma avaliação da acessibilidade de hotéis em Belo Horizonte porque moro aqui, e ainda não precisei dormir fora de casa (espero que não precise, por isso me comporto...). E recebo muitos pedidos de indicação de cadeirantes que viajam para cá. Neste mês a Sandra, amiga minha de Petrolina, que já colaborou com o Blog em outras oportunidades, esteve visitando Belo Horizonte e também pediu indicação. Quando é assim, quando eu preciso ir para algum lugar e não encontro nenhuma avaliação de cadeirantes sobre hotéis, eu uso o Booking.com e faço a busca por cidade. Aí desço pela página dos resultados e escolho, no menu lateral esquerdo "Filtrar por:", a opção "Comodidades para hóspedes com mobilidade reduzida", como na imagem abaixo.
Exemplo de consulta feita no site Booking.com.
O resultado é que o site filtra só hotéis que disponibilizam quartos adaptados para deficientes. Em seguida eu verifico as avaliações de hóspedes, que tem nota e qualificação (do lado direito da dela em cada hotel) e localização, de acordo com minha programação na cidade. E, claro, comparo os preços. Definidos três ou quatro hotéis que satisfazem minhas necessidades, vou ao site do hotel e ligo para cada um para pegar as informações específicas sobre adaptações. Esta etapa é fundamental para não passar raiva, pois a gente pode perguntar detalhes que o site não informa, como acessibilidade da rua para a portaria, rampas dentro das dependências do hotel, detalhes sobre a largura da porta do banheiro e disponibilidade de cadeira de banho para emprestar. E ainda assim acontecem surpresas...
Depois de consultar para a Sandra as opções de hotéis próximos à programação dela, decidimos pelo Mercure Vila da Serra, hotel que eu conheço parcialmente pois fica bem ao lado do hospital que meus filhos nasceram. Ela ligou para o hotel, fechou a reserva e veio visitar a capital mineira. Assim que pude, fui ao hotel ouvir as impressões dela e verificar os prós e contras da acessibilidade do Hotel Mercure. A vantagem de utilizar grandes redes de hotéis é a padronização, muitas vezes eles seguem os padrões internacionais e sempre disponibilizam comodidades adaptadas para deficientes.
Fachada do Mercure Vila da Serra (Fonte: Google Maps)
A primeira impressão sobre o hotel é boa, já que ele fica recuado da calçada e tem via prórpia para desembarque, ou seja, uma entrada fora da rua em que o carro - táxi no caso - pode parar e desembarcar com calma, sem a pressão de veículos buzinando atrás. Isto faz diferença para cadeirantes, já que nosso desembarque é sempre complexo. Outra vantagem deste hotel é que há duas vagas para deficientes/idosos na frente, após um quebra molas. E logo em seguida há vagas para táxis. No desembarque próprio, há rampa em sua pequena calçada, porém esta poderia ser maior. A porta de entrada é ampla e plana, e o hall bem espaçoso.
Balcão de Check in não tem rebaixamento para atender cadeirantes
A primeira falha percebemos logo no check in: o balcão é alto e não há rebaixamento nem opção de fazer check in em outro lugar. Fica aquela conversa de cima para baixo tentando entender o que o cadeirante está dizendo, enquanto o mesmo se estica para entregar seus documentos. Na hora de assinar, lá vem aquela velha prancheta para firmar a mão. Feito o check in, no caminho para os quartos ainda encontramos outro obstáculo: escadas que levam ao hall dos elevadores, que só podem ser vencidas utilizando um mini elevador na lateral. Falta de planejamento, porque não fizeram o hall dos elevadores no mesmo nível do térreo? Abre porta, entra, desce barra de segurança, sobe, levanta barra de segurança, abre porta e enfim consegue acessar os elevadores. São panorâmicos, bonito visual, e os botões estão em boa altura. Chegando aos andares, como era de se esperar, carpete. Nem considero isto problema, de tão raro que é um hotel que não o tenha.
Para chegar ao hall dos elevadores, tem que pegar outro elevador.
O quarto é bom, tem uma sala-cozinha com bom espaço de circulação. O quarto não é lá muito grande, mas suficiente, dá para circular em volta da cama e girar cento e oitenta graus para voltar ao banheiro. A cama é um pouco alta, mas dá para acostumar. Quanto ao banheiro, tem as adaptações básicas, vaso elevado, pia sem armário embaixo e box com porta de correr ampla. Só que o chuveiro é comum, e como ficamos sentados levamos aquele jato forte na cara. Ideal seria daquele modelo que corre em uma barra e tem chuveirinho grande, de metal. 
H'á uma mini cozinha com fogão, cafeteira e microondas
Por opção dela, solicitou que emprestassem uma cadeira de plástico para utilizar no banho ao invés de uma cadeira de banho. E neste hotel há cadeira de banho para emprestar, só que é com rodas pequenas. Ficaram de verificar se conseguem uma com rodas grandes, mas não é bom contar com isto. Ou então, se for se hospedar, ligar para saber se já há disponível. O fato é que a cadeira de banho comum resolve, já que a porta do banheiro é grande o suficiente para entrar com a cadeira de rodas, e o espaço lá dentro também é bom.
Detalhes do banheiro, do vaso ao chuveiro. Bem adaptado, mas longe do ideal
A desvantagem deste hotel é a localização. Ou melhor, isto é relativo, pois para determinado tipo de viagem, a localização é ótima. A localização é ruim se o viajante pretende explorar os pontos turísticos somente da cidade de Belo Horizonte, aí fica longe da Pampulha, do Mercado Central, da Praça da Liberdade. Mas a localização é ótima se o viajante pretende conhecer, além de BH, cidades turísticas próximas como Ouro Preto, Congonhas, Tiradentes, São João Del Rei, Lavras Novas. Isto porque ele fica próximo à saída para a BR 040, caminho destas cidades todas. E fica próximo ao BH Shopping, o que facilita para dar um passeio breve, e a Macacos, como é conhecido São Sebastião das Águas Claras, a apenas vinte minutos. O hotel tem também estacionamento próprio, o que facilita se for alugar um carro. No fim das contas, é uma excelente hospedagem pela versatilidade. Se quiser vir a Minas conhecer suas belezas, este é um lugar para ficar!

terça-feira, 10 de março de 2015

Cadeirante Viajando de Trem pela Europa - Parte 2

Elevador para cadeirantes na estação Termini em Roma
Outro trecho que eu sabia que seria de trem era de Roma a Modena. Procurei a melhor operadora, encontrei a Trenitália, que também mostrou estar preparada para atender deficientes. Possuem um programa específico para auxilio a pessoas com mobilidade reduzida chamado Sala Blu. Em Roma, na estação Termini procurei a Sala Blu para resolver tudo e comprar as passagens.  Há várias salas desta espalhadas por estações da Itália, veja aqui a relação. Lá eles programam toda a viagem para você e vendem a passagem específica para trens adaptados. Eu deveria pegar dois trens, um de alta velocidade até Bolonha, e outro comum até Modena. Em cada estação que eu fosse descer, haveria uma equipe me esperando com um elevador para me retirar do trem. Achei tudo muito fácil e organizado, comprei a passagem de ida, para oito da matina, uma viagem que duraria pouco menos de três horas - para cobrir mais de 400 km! Não comprei a passagem de volta porque não sabia que hora acabaria tudo na Ferrari - foi aí que vacilei.
Sala para auxílio a pessoas com deficiência
Chegamos cedo à estação e já estavam me esperando com o elevador. Me colocaram para dentro e, assim como o trem de Londres, este também era primeira classe e tinha banheiro adaptado. A poltrona, porém, era diferente, havia uma para o cadeirante e outra igual ao lado para a acompanhante, muito confortáveis e com espaço para estacionar a cadeira de rodas. Porém não há mesa para estas poltronas. Tratei de passar para outra em frente, com mesinha. Apesar de não estarmos em Londres, o trem também foi pontual. Logo começou a pegar velocidade, e monitores ao longo do vagão informam sobre a velocidade e mostram imagens dos trilhos à frente e mapa demonstrando por onde está passando. A velocidade chega a 250 km/h! Impressionante como a paisagem passa rápido. Houve uma parada em Florença, fiquei com vontade de descer para conhecer a cidade mas tinha que continuar. Chegando em Bologna (fala-se Bolonha), me deu vontade de comer macarrão à bolonhesa, mas o elevador já estava esperando e fui retirado para trocar de trem. O pessoal é bem ligeiro no trabalho, saíram me empurrando por dentro da estação (que é enorme) pegando elevadores de carga e comuns, corredores compridos e esquinas tortuosas. Enfim saímos no hall da estação e fui levado direto à Sala Blu. Ficamos esperando cinco minutinhos e logo me pegaram novamente, para levar ao outro trem.
Poltronas para deficiente e acompanhante
Vagão de primeira classe da Trenitalia
O trem que ia para Modena era bem mais modesto que o anterior, e mais lento também, mas ainda assim deve chegar a uns 150 km/h. A viagem foi rápida e o elevador da estação de Modena estava a postos para mim. Engraçado é que era manual, e o operador rodou uma manivela rapidamente para que eu saísse a tempo. Fui passear no museu da Ferrari de lá, fui a Maranello no outro museu, e voltei a Modena por volta das seis e meia da tarde, debaixo de chuva. Me dirigi ao guichê para comprar minha passagem de volta para Roma. Apesar de haver somente três guichês e uma grande fila, logo que me aproximei fui direcionado ao próximo guichê livre. Chegando lá, me atendeu um senhor que não falava inglês. Felizmente estudei um pouco italiano e para auxiliar tinha um aplicativo instalado no celular com expressões e frases utilizadas em viagens. Pedi então a passagem mas o senhor me disse que não seria possível. Oi? Como não? Porque não? Perguntei um pouco aflito. Ele me explicou que não havia mais trens adaptados naquele dia. Além disso, eu deveria ligar para um número com um dia de antecedência para programar os elevadores.
Monitor que mostra a velocidade do trem
Comecei a gelar. Meu vôo para Madri era no dia seguinte às nove e meia da manhã, e eu precisava chegar ao aeroporto duas horas antes. E no outro dia iria embora para o Brasil. Para completar, naquela cidade pequena, dificilmente encontraria um hotel adaptado. Tentei explicar isso tudo para o senhor, e que eu precisava ir para Roma naquele dia, mas ele foi inflexível. Disse que não tinha o que fazer e que eu precisava ligar para aquele número. Fui tentar então. A estação é pequena e logo encontramos orelhões, em um bequinho meio escuro. O número era tipo 0800, pelo menos. Tentei ligar uma vez, chegou naquela gravação dizendo "ligue novamente mais tarde, todos os nossos atendentes estão ocupados". Tentei novamente, caiu de novo na gravação. Mais uma vez, mesma coisa. Lá pela décima vez, cheguei à conclusão que não é só no Brasil que ligações gratuitas não funcionam.
Resolvi voltar ao senhor do guichê, disse que não consegui falar e que precisava ir para Roma de qualquer jeito. Ele continuava falando que não tinha jeito, que eu tinha que ligar para aquele número para programar os elevadores e talvez conseguisse pegar um trem às seis da manhã. Seis da manhã? No way! Ah, esqueci que ele não falava inglês. Como ele estava começando a ficar nervoso, sai de lá e comecei a me desesperar. A Gi, por incrível que pareça, estava calma e rindo. Geralmente é o contrário... Falei pra ela: já te coloquei em muita fria, mas essa bateu o recorde. Estamos presos no interior da Itália, num lugar que ninguém nos entende direito, escurecendo e chovendo, sem hotel nem rumo. Aí ela teve uma ideia, tentar conversar com outro atendente, mais novo, do guichê ao lado. Poderia ser mais receptivo... Fui lá falar com ele então, que também não falava inglês. Na verdade, percebi que dificilmente encontraria alguém que falasse inglês naquela estação. Expliquei para ele em italiano more or less e ele se sensibilizou com meu caso. Disse que conseguia me colocar em um trem comum, sem vagão adaptado, mas eu teria que ligar naquele número. Mesmo eu dizendo que não tinha conseguido, a única solução era essa, pois naquele número eles chamariam uma pessoa para operar o elevador de Modena e programariam os outros elevadores em Bolonha e Roma.
Voltamos para o bequinho para tentar ligar novamente, comecei a tentar, uma, duas, na terceira vez tocou! Atendeu um cara falando em italiano. Perguntei se ele falava inglês e ele disse que não. Perguntei se alguém lá falava inglês, e ele ficou de olhar. Logo atendeu uma mulher falando um inglês bem more or less também. Mas pelo menos falava... Expliquei para ela minha situação e disse que precisava ir para Roma naquele dia. Ela me disse que era impossível, que não tinha ninguém para operar o elevador, que não tinha jeito. Falei quase implorando para ela tentar dar um jeito, pois eu perderia o voo para Madri, ia ferrar minha vida. Ela saiu e eu ouvi ela conversando um tanto com o povo lá, e de repente ela volta. Disse que ia conseguir me ajudar, e eu deveria voltar aos guichês e procurar uma pessoa de verde. Ele ou ela iria me colocar para dentro do trem. Eu não acreditei no que ela disse. E perguntei: quer que eu desligue um telefonema super difícil de conseguir, vá ao guichê e procure uma pessoa de verde que você nem sabe se é homem ou mulher? Ela disse sim. Bom, fazer o que né.
Desliguei e fomos aos guichês, chegando lá não tinha ninguém de verde, perguntei aos atendentes e eles não sabiam de ninguém de verde. Ferrou. Falei pra Gi rodar pela estação e pegar qualquer pessoa vestindo verde, nem que fosse uma pulseira, e puxasse até onde eu estava. Ela saiu correndo, e de repente viu uma mulher com um jaleco verde e um crachá falando ao celular. Ela segurou no braço dela e disse "você que vai ajudar o cadeirante?". A mulher não entendeu nada mas percebeu pelo desespero que tinha a ver com meu caso. Trouxe a mulher até mim e ela já chegou se desculpando por não falar inglês! Tudo bem, eu disse, desde que consiga me colocar no trem. Perguntei também que hora o trem passava, ela olhou para o painel e falou: é agora! Saímos correndo pela estação, ela na frente e nós atrás. Tinha que pegar um elevador, passar por baixo da estação e pegar outro elevador para sair no meio. Depois de demorar o elevador, saiu um senhor rechonchudo, e a nossa ajudante falou "é por isso que ele está gordo, fica pegando elevador ao invés de usar a escada". A essa altura eu já estava rindo, apesar do sufoco. Saímos no meio da estação e ela saiu correndo, nós dois atrás. Ela sumiu de vista mas falei pra Gi não preocupar, não tinha pra onde fugir. Chegando ao final, vi a Paula - nossa ajudante - pegar o elevador ao mesmo tempo que o trem chegava ao meu lado. Ela fez sinal para o maquinista esperar, rodou a manivela de elevador, eu subi, ela girou o troço todo de novo e me colocou para dentro. Ufa! Aí foi só alegria, agradeci ela um monte e fomos embora. Trocamos de trem em Bolonha e chegamos a Roma já tarde, com fome, cansados, mas aliviados! Fica a dica: em qualquer viagem de trem pela Itália, programe tudo pela Sala Blu antes de sair!

quarta-feira, 4 de março de 2015

Cadeirante Viajando de Trem pela Europa - Parte 1

Estação Gare du Nord, em Paris
Viajar de trem pela Europa é um costume antigo, até mesmo para brasileiros. Minha irmã conheceu onze países no final dos anos noventa desse jeito. Desde aquela época já existia o Europass, um bilhete de trem válido por determinado tempo, que pode ser usado em várias companhias e vários países. Conheço várias outras pessoas que já viajaram de trem por lá, mas será que funciona para cadeirante também? A resposta de sempre: com planejamento, sim. Portanto programei alguns trechos da minha viagem pela Europa para fazer de trem, principalmente o trecho mais famoso, entre Paris e Londres. Primeiro porque alguns parentes já haviam me dito que era um viagem super rápida e tranquila, segundo porque eu queria ter a experiência de passar pelo Eurotúnel, por baixo do Canal da Mancha, uma obra surreal que atinge 75 metros de profundidade embaixo do mar! Os outros trechos deixei para a Itália, onde iria a três cidades.
Elevador para cadeirantes na estação Gare du Nord
Pesquisei e descobri a RailEurope, uma das empresas que faz a rota Paris-Londres, e perguntei por e-mail sobre a acessibilidade e condições para cadeirantes. Me responderam rapidamente que a acessibilidade é completa, e há vagões adaptados para deficientes.e descobri também que eles tem toda a estrutura necessária para o transporte de deficientes. E ainda, que a viagem ia ser rápida, duas horas e quinze de Paris a Londres, e barata, somente cinquenta euros! Se considerar o deslocamento até o aeroporto, espera para embarque, etc, dá quase o mesmo tempo de viagem. Comprei duas passagens pela internet mesmo, e imprimi o comprovantes, já que teria que trocá-los pelas passagens na estação.
Chegado o dia, após quatro deliciosos dias em Paris, saímos cedo do hotel e fomos para a estação Gare du Nord de ônibus. O trem saia às dez e meia, mas por precaução chegamos às nove e meia. Na hora de trocar o comprovante pela passagem, um problema: naquele trem não havia vagão comum adaptado. Então ganhei upgrade, para a primeira classe! Problemão, heim? Tudo muito rápido e sem questionamento. Passamos pela imigração - afinal estávamos indo a outro país - e fomos pegar o elevador para a área de embarque. Na hora do embarque, trouxeram uma mini-plataforma-elevador, onde o cadeirante entra, a plataforma se eleva e o cadeirante sai pela outra ponta, entrando no trem. No "hall" do vagão havia um banheiro adaptado bem grande e completo. Entrando no vagão, a última poltrona é dedicada ao cadeirante, e há uma cadeira retrátil ao lado para o acompanhante. Como ela não é tão confortável como as outras, falei para a Gi ir na fileira da frente. Os vagões de primeira classe tem somente três fileiras de poltronas, muito largas e confortáveis, com mesinhas de centro, tomadas e sistema de som com vários canais. Logo apareceu uma "ferromoça" - nome que dei para a "aeromoça do trem" - muito simpática, perguntando se estava tudo certo, se eu precisava de alguma coisa.
Banheiro adaptado no vagão de primeira classe 
Poltrona do vagão de primeira classe, muito confortável
Assim como ônibus leito, apenas três fileiras de poltronas, todas reclináveis
Lugar próprio para estacionar a cadeira de rodas
O trem saiu pontualmente no horário, e logo começou a pegar velocidade. A paisagem passava cada vez mais rápido, e ficava cada vez mais bonita. Os campos do nordeste da França são belíssimos, todos bem desenhados, com vários tons de verde, sem contar as fazendas que lembram filmes antigos. Eventualmente apareciam pequenas cidades, com aquelas casas típicas de interior da Europa. Logo apareceram mais ferromoças com o café da manhã, com várias opções, pães, geléias, iogurte, suco, café e, claro, croissant. Tudo com direito a repeteco, uma delícia. Muitas fazendas, pequenos povoados e uma escala depois, chegamos finalmente ao Eurotúnel. Não dá para ter ideia do que está acontecendo, é tudo escuro lá fora e muito rápido, dura uns trinta minutos a travessia. Saindo do outro lado, mais alguns minutos e entramos em Londres. A chegada foi na estação St. Pancras, onde filmaram Harry Potter. Na estação já estavam me esperando com o elevador, mas assim como nos aviões, precisei esperar todo mundo descer para ir para o elevador. Pelo menos é rápido, pois são poucas pessoas por vagão.
Belos campos franceses
Mais um pouco da paisagem do caminho
Estação St. Pancras em Londres
Ao ir embora de Londres peguei um trem também, para ir para o aeroporto de Gatwick. Há trens de quinze em quinze minutos, saindo da estação Victoria. Na estação há linhas coloridas no chão mostrando o caminho para a linha Gatwick Express, que leva ao aeroporto, o que facilita se orientar. Não há elevador, mas sim uma rampa dobrável que encaixa na porta, colocada na hora do embarque. Na hora de comprar o ticket é só informar que é deficiente, e te direcionam para o vagão adaptado. Todos os trens tem vagão adaptado, com lugar para encaixar a cadeira de rodas e poltrona retrátil para acompanhante. A viagem é rápida e não tem serviço de bordo. Na chegada no aeroporto já havia um funcionário esperando com a rampa móvel. Deu tudo certo, chegamos a tempo e pegamos o avião para a Itália. Naquele país experimentei outros trechos de trem, conto no próximo post!
A linha vermelha leva ao trem para o aeroporto. Prático!

Poltrona retrátil para acompanhante no Gatwick Express

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Cadeirante na Itália - Modena e Maranelo

O prédio onde a Ferrari começou, a oficina do pai do Enzo
Tudo começou nos anos 80, acompanhando minha mãe assistindo Fórmula 1 nos domingos pela manhã. Conheci Piquet, Senna, Prost, Lauda, Berger e as respectivas escuderias que defendiam. Minha primeira simpatia foi pela Mc Laren, que era defendida pelo Senna. Tanto que pintei meu carrinho de rolimã com suas cores! Mais velho, surgiu a paixão por automóveis, e comecei a estudar mais o mundo da Fórmula 1. Nesse estudo me deparei com a Ferrari, e percebi que era uma das mais tradicionais e enigmáticas do circuito. Foi paixão à primeira corrida, e minha admiração pela Scuderia e pelos carros só cresceu ao longo dos anos. Não poderia, portanto, deixar de conhecer mais um pouco de sua história em minha passagem pela Itália. Enviei e-mails para os dois museus da Ferrari, um que fica em Modena, onde a empresa nasceu, e outro em Maranello, onde fica a fábrica, distante a apenas 20 km. Disse que era cadeirante, perguntei sobre a acessibilidade e expliquei que faria uma matéria para o meu blog. Retornaram rapidamente e disseram que estariam me esperando em Modena, com toda a estrutura necessária.
"Esta casa foi vendida por Enzo Ferrari quando tinha vinte anos para comprar seu primeiro carro de corrida"
Pegamos o trem cedo em Roma e antes das onze da manhã já estávamos em Modena. Sobre a viagem de trem conto em outro post. A cidade é muito simpática, preserva aquele ar de interior, com aqueles belos casarões e igrejas. Pegamos um táxi e fomos direto ao Museo Casa Enzo Ferrari, que fica na oficina do pai do Enzo, fundador da Ferrari, Alfredo Ferrari. Ele é composto de duas partes, o prédio original da Oficina de Alfredo, que seu filho Enzo vendeu para comprar seu primeiro carro de corrida, e outro prédio moderno que conta com loja, lanchonete e um salão que é um museu multimídia, que na época contava a história da Maserati, da qual a Ferrari é proprietária. Rodando pelo salão, em determinado momento inicia-se uma exposição de vídeo em todas as paredes, como se toda a sala fosse a tela. Muito bacana. Fui antes à recepção e me apresentei, e eles já tinham preparado uma van adaptada para me levar ao outro museu, em Maranello, e depois à fábrica.
Interior do prédio moderno do Museo Enzo Ferrari
Interior do salão multimídia com carros da Maserati
Entre dois carros clássicos da Maserati
Fui então para o outro prédio, que conta um pouco da história do Enzo e como ele criou uma das marcas mais famosas do mundo. Há vários motores e carros clássicos e icônicos em exposição, como um Alfa Romeu com dois motores V8 que bateu o recorde de velocidade em 1935. Lá também há um modelo da Ferrari Enzo de 2002 e um bólido de Fórmula 1 de 1987 guiado por Gherard Berger. Tem também uma reprodução de uma sala de reuniões da Ferrari no início de sua vida. Depois de curtir tantos objetos incríveis e sua história, dentro do prédio onde tudo começou, fomos para a van. Era um carro enorme, com dezesseis lugares e elevador para cadeira de rodas na parte traseira. Fui dentro do porta malas e a Gi sentadinha com várias opções...
Sala de reuniões dos primórdios da Ferrari
Alfa Romeo de dois motores recordista de velocidadade em 1935
Ao lado da belíssima Enzo Ferrari, com toda a fúria do seu motor V12
F1 1987 pilotado por Gherard Berger
Chegamos a Maranello, que é uma província de Modena, e gira toda em torno da fábrica da Ferrari. Passamos em frente à entrada da fábrica e paramos em frente ao Museo Ferrari. Nas proximidades há várias lojas que alugam Ferraris - e até Lamborghinis - para uma volta pela cidade. Na entrada há um carro de Fórmula 1 "enjaulado" em um emaranhado de metal. Entramos no museu - só a Gi pagou - e demos de cara com uma reprodução de uma oficina de Fórmula 1, com imagens de todos os corredores da Ferrari ao longo dos anos, inclusive o Massa e o Rubinho. Mas para a frente havia um enorme motor de Fórmula 1 e uma placa de incentivo para o Schumacher. Passando por uma lojinha de lembranças entramos definitivamente no museu, que tinha carros de Fórmula 1 e a reprodução de uma estação de controle de corrida, daqueles que aparecem muito na TV, mostrando os diretores com os nervos à flor da pele. Ainda no primeiro andar haviam carros de GT e outras categorias, destacando as vitórias da Scuderia.
Entrada do Museo Ferrari em Maranello
Olha o Massa e o Rubinho ali
Placa de incentivo ao Schumacher
Alguns Fórmula 1 e um painel de controle ao fundo
Passando para o segundo andar, destaque para um boneco de cera do Comendador Enzo Ferrari em uma réplica do seu escritório. Incrível, muito bem feito, dá para sentir o jeitão italiano do criador dessa lenda. Aí vem uma série de carros históricos e icônicos da marca, antigos e modernos. Há também curiosidades e projetos absurdos, como uma interpretação de um americano do design da marca e um com uma bolha enorme no lugar do para brisa. Mas a cereja do bolo foi uma sala dedicada à La Ferrari, em uma câmara escura, as lâmpadas se apagam e aquela luz roxa acende mostrando somente filetes ao longo do corpo do carro. Tem também um painel demonstrando o funcionamento do Kers. Em outra sala há um carro "no esqueleto", demonstrando como é a estrutura por trás de um superesportivo. No terceiro andar (tudo servido por elevadores, com total acessibilidade) haviam carros protagonistas de filmes e seriados famosos, acompanhados por TVs passando os principais trechos. Essa aí de baixo, uma 275 GTB, foi dita como protagonista de um curta de 1976 pelas ruas de Paris a mais de duzentos por hora. Mais tarde descobriu-se que o filme foi feito por uma Mercedes.
Uma clássica 275 GTB
Comendador Enzo Ferrari em seu escritório
Não é à toa que ela tem um nome feminino, com esta bunda avantajada
Um modelo raríssimo e exclusivo, 599 SA Aperta
Esqueleto de uma 599. Até assim ela é linda!
Chegamos então à sala dedicada à Fórmula 1 recente, com carros que ganharam os últimos títulos (a maioria do Schumacher) e a galeria de troféus da Scuderia - vejam o vídeo mais abaixo. Há também uma mini sala redonda com uma TV e diversos auto falantes, onde você escolhe o carro, de rua ou de Fórmula 1, e ouve o ronco do motor, passando marchas e acelerando forte. Muito bacana. Acabando o tour pelo museu, finalmente ia conhecer a fábrica! Mas ao chegar na saída... um temporal desabava sobre Maranello. A van lá me esperando e eu não conseguia chegar nem perto da porta, de tanto que chovia. Fiquei mais uma hora e meia rodando pelo museu, até a chuva melhorar e me deixar ir para a van. Aí só dava tempo para ir embora, direto para a estação ferroviária. Foi aí que começou o maior perrengue que já passei na vida em viagens! Outra hora conto!
Alguns dos muitos troféus da Scuderia Ferrari

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Cadeirante na Itália - Roma

Em frente ao Coliseu - felizmente não tem leões lá dentro mais!
Como passamos a manhã no Vaticano, teria apenas a tarde para rodar pelos principais pontos turísticos de Roma. Começamos pelo mais famoso, o Coliseu. Pegamos um ônibus adaptado em uma praça próxima ao Vaticano - que acabamos andando de graça, pois quando a Gi foi pagar o motorista não aceitou de jeito nenhum - depois descobrimos que deveria ter comprado um ticket. Andar de ônibus em Roma é tranquilo, não é difícil pedir informações e alguns tem o nome dos lugares mais famosos na frente. Há alguns quiosques de informações pela cidade e neles consegue-se mapas e relações de linhas de ônibus. Um pouco mais confuso do que Paris, mas não é difícil se localizar. Consegui explicar ao motorista que iríamos ao Coliseu e nos deixou bem em frente.
Passamos em frente ao Monumento a Vitor Emanuel II
Estava receoso quanto à acessibilidade do lugar, mas me surpreendi. Chegamos por cima e demos a volta, e como em todos os pontos turísticos, me direcionaram para a entrada. É um pouco irregular, na entrada, mas nada complicado. Lá dentro havia uma fila enorme para entrar, mas fui direto para a entrada e nem precisei pagar, nem a acompanhante. Fomos entrando e nos deparamos com uma plataforma que dá para o centro do Coliseu, onde é possível ver o labirinto que há na parte inferior. O tamanho é de um estádio de futebol, mas o mais legal é imaginar tudo que se passou ali dentro. Voltamos para o anel externo e fomos até um elevador que leva aos andares superiores. Há também uma plataforma para vislumbrar melhor o interior, que estava lotada e o povo se estapeando para chegar na beirada. Fui pedindo licença e cheguei até a beirada, onde pude contemplar a grandiosidade do Coliseu. Incrível. Fomos rodando até o outro lado e descobrimos um mini museu com peças antigas do Coliseu, miniaturas e imagens dele antigamente e hoje. Achei muito interessante uma figura que mostrava como ele era e o que sobrou hoje. Muito legal. Além disso, do Coliseu tínhamos uma vista muito boa do Arco de Constantino e do Templo de Vênus e Roma. Foi um belo passeio.
Vista da primeira plataforma no Coliseu
Na segunda plataforma no andar superior do Coliseu
Arco de Constantino
Templo de Vênus e Roma
Depois do Coliseu pensamos em ir à Fontana di Trevi. Bem em frente havia uma estação de metrô, e já sabia que tinha uma linha direto até lá. Lá dentro havia dois lances de escadas, então pedi para acionarem o elevador de escada (igual ao do Vaticano). Desci no primeiro, mas quando foram acionar o segundo, não funcionou. Acabei voltando e pegando um ônibus. Chegando próximo descemos e fui perguntar a uma turista como chegar lá, mas ela me disse que não valeria à pena pois a fonte estava desligada, em reforma, e seria melhor ir à Piazza Navona, que era mais próxima de onde estávamos. Seguimos o conselho e fomos à praça, rodando mesmo. Chegando lá me surpreendi com a beleza das fontes e o tamanho da praça. Na primeira fonte há uma imagem de Netuno lutando contra um polvo, e cavalos saindo da água. É chamada Fonte de Netuno.
Fonte de Netuno na Piazza Navona
Mais embaixo fica a fonte principal, chamada Fonte dos Quatro Rios, que tem uma escultura gigante vazada no centro e com um enorme obelisco em cima. Há vários elementos compondo a estrutura, como seres míticos, leões e até palmeiras. Fantástica! Descendo mais na praça (ela é enorme) me deparei com mais uma fonte menor e um prédio onde havia uma bandeira do Brasil! Imaginei do que se tratava e me informei, era de fato a embaixada brasileira, que ocupa aquele prédio desde 1920. Santa coincidência, Batman! A turista me mandou pra lá sem saber que eu era brasileiro! Tinha uns latinos tocando sanfona, violão e violoncelo, foi o momento que me senti mais próximo da América do Sul. A Piazza Navona toda é bem descontraída, tem várias tribos e muito espaço para passear. Há também vários restaurantes e bares ao redor, convidam a uma paradinha para comer. Mas não estávamos com fome.
Detalhe da Fonte dos Quatro Rios
Embaixada brasileira na Piazza Navona
A tarde estava caindo e tínhamos que voltar para o hotel, para ir a um restaurante recomendado pelo casal de brasileiros que conhecemos no primeiro dia. Mas como eu estava com vontade de ir ao banheiro, resolvemos andar um pouco e procurar um lugar com banheiro adaptado. Fomos andando pela avenida Corso Vittorio Emanuelle, Rodamos um pouco e passamos pela Igreja Santa Maria in Vallicelliana, mas como lá não tinha banheiro adaptado não entramos. Continuamos nossa via sacra, perguntando em alguns restaurantes sobre banheiro, mas nada. Em certo momento avistei um prédio muito bonito ao final de uma rua, como parecia turístico imaginei que lá teria banheiro. Ô vida difícil de um cadeirante apertado...
Igreja Santa Maria in Vallicelliana
Seguimos até lá e o lugar era o Castelo de Santo Ângelo, já havia lido sobre ele. Atravessamos o rio e conversei com o segurança, ele disse que eu só poderia ir em alguns andares, e sim, havia banheiro adaptado. Fui ao banheiro e depois fui comprar ingresso, que para mim e acompanhante custou... nada. Rodamos pelo primeiro andar e pegamos um elevador para a parte superior. Lá em cima havia um corredor que circula o Castelo e ao longo dele haviam algumas salas com esculturas e peças da idade média. Rodamos, visitamos e percebemos que a vista para o rio era linda, com a Basílica de São Pedro ao fundo. Continuamos e nos deparamos com... um boteco!! Eu fiquei que nem criança quando entra no parquinho. Haviam mesas no corredor e lá dentro, e belas e simpáticas garçonetes atendendo. Nos sentamos em uma mesa onde dava para ver a Basílica e o sol se pondo sobre a cidade. Pedimos duas taças de vinho branco e veio um prato com uma mistureba de tira gosto. Tinha batata chips, azeitona, morangos bêbados (em uma taça com açúcar e licor), queijos e mini sanduíches! Para provar vejam a foto abaixo! Curtimos o fim de tarde e o pôr do sol, ao anoitecer saímos do Castelo.
Castelo de Santo Ângelo
Pôr do sol com a Basílica ao fundo
Isso que é acompanhamento!
Fomos rodando pela beira do rio e passamos por um prédio antigo e um carrossel! Com cara de ter uns mil anos, todo decorado. Mas infelizmente estava fechado. Ao longo do rio havia vários camelôs vendendo diversas bugigangas, de discos de vinil a mini estátuas. Mais à frente nos deparamos com o belíssimo prédio do Palácio da Justiça. A esta altura já havíamos abortado o restaurante, então resolvemos pegar um táxi até o hotel. Pegamos uma perua Stilo, carro inexistente no Brasil, e o taxista falava perfeitamente inglês. Fui batendo papo com ele contando que já tive um Stilo no Brasil, e que lá era carro chique. Chegando perto do hotel, resolvemos comprar um lanche pronto em um botequinho e levar para o hotel. Dormimos cansados mas felizes pelo dia divertido por Roma! No dia seguinte, Modena e Maranello! Conto no próximo post!
Carrossel histórico às margens do rio Tibre

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