sábado, 31 de julho de 2010

Novidades em célula-tronco

Alguém viu o Jornal Nacional ontem? Destacaram a notícia que já é possível testar células-tronco em humanos nos EUA. Não sou iludido daqueles que vê finalmente um horizonte, que em breve vai estar caminhando de novo, mas a notóicia não tem como animar quem está nessa situação. Isso me fez refletir sobre quanta gente passou a vida esperando alguma coisa acontecer pra resolver seus problemas, pra voltar ao normal, pra voltar a viver. Isso é uma perda de tempo e de vida, é melhor tentar viver da melhor forma possível hoje do que ficar esperando, esperando, esperando...
Temos sim, que acompanhar os avanços e sempre ter esperança, mas não dá pra ficar olhando o tempo passar esperando algum milagre acontecer. Enfim, a notícia é muito boa, pra quem não viu tá aí o link:
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2010/07/pesquisadores-ja-podem-testar-celulas-tronco-em-seres-humanos.html

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Tapa na cadeira de banho

Todo cadeirante sabe que cadeira de banho nunca é confortável, por mais cara ou moderna que seja. Cansado de ficar com a bunda doendo a cada banho, resolvi dar um "tapa" na minha velha cadeira de banho e comprei um assento almofadado. Não encontrei um com aquela abertura na frente, aí comprei normal mesmo. E descobri pra que serve, afinal, aquela abertura: pra faclitar a limpeza na "porta dos fundos". Porta de saída, diga-se de passagem. Mas como pra tudo tem jeitinho, dá pra limpar pela lateral da cadeira. E o assento ficou mesmo mais confortável, aprovei.
A propósito, tem uma situação que é sempre um saco, apesar de ser menos constrangedora do que quando o cara tá de pé: quando o sabonete escorrega e cai no chão. Geralmente cai bem embaixo da cadeira ou atrás dela. Pra pegar o sabonete, a gente tem manobrar a cadeira, se equilibrar segurando na lateral e tentar pegar com a ponta dos dedos. E o danado sempre escorrega. Pior é que muitas vezes uma banda escorrega pra dentro do assento dando aquele medo de acabar de escorregar e cair no chão. Não é uma cena bonita, mas pior é se escorregar de vez e estabacar no chão do banheiro. Comigo nunca aconteceu. Ainda...

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Fênix

Como uma fênix, a partir de hoje estou renascendo das cinzas no mundo virtual... Sei que isso ficou meio bichoso mas foi a forma mais fácil de visualizar como me sinto com a chegada do meu notebook novo.
Não que eu não estivesse vendo meus e-mails ou verificando as coisas mais importantes na internet, pois no trabalho dava pra quebrar o galho, mas agora vou poder voltar a escrever no blog, pagar minhas contas, fazer compras e tudo mais que essa fantástica ferramenta pode me proporcionar no aconchego do meu lar. Pra nós cadeirantes é ainda mais importante contar com essa mão na roda pro dia a dia. Imagina ter que ir ao banco pra pagar tudo quanto é conta, pesquisar de loja em loja pra comprar um produto ou viajar toda semana pra ver o sobrinho que não para de crescer.
Agora vou tirar o atraso dos posts que imaginei publicar aqui nesses vinte dias desconectados. E aprendi duas lições: jamais entregar um computador antes de chegar o novo e deixar de ser murrinha pra nunca mais escolher frete grátis numa compra desse porte (não pude nem reclamar que estava demorando pra chegar).
Mas vamos à máquina: notebook Acer 5740, core i3 2.13Ghz, HD 320, 4GB de RAM, tela de LED e leitor de Blu-ray. Como diz o ditado, estou que nem pinto no lixo com meu brinquedinho novo. Agora paro de reclamar da lentidão e limitação da tecnologia...

terça-feira, 13 de julho de 2010

Esperando no carro

Semana passada passei por uma situação que já havia passado antes: fui fazer vistoria para renovação do seguro do meu carro e entrei na vistoriadora (se é que o nome é esse) de carro, falei com o porteiro que precisava que alguém viesse até meu carro pra me atender, pois estava na cadeira de rodas e ele disse pra eu parar o carro perto da mesa dos vistoriadores e aguardar. Havia duas mesas para atendimento e os caras estavam acabando de atender um senhor.
Fiquei na minha, aguardando ser atendido, até que acabaram de atender, um foi pro escritório e o outro ficou na mesa, a uns cinco metros do meu carro, só olhando pro computador. Como vi que ele não estava fazendo nada, perguntei se poderia me atender, ao que ele falou, sem nem olhar pra mim:
- Você pode se sentar aqui na frente - apontando pra cadeira vazia.
Como já passei por isso, e apesar de saber que não era necessário sair do carro, falei com a maior humildade:
- Sou cadeirante e pra chegar até aí preciso tirar a cadeira aqui do lado, se aguardar um minuto eu monto ela e chego até aí.
O cara na hora mudou completamente a fisionomia, pediu desculpas e disse que eu não precisava sair do carro e ia me atender naquele minuto. Pediu o documento do carro e fez a ficha rapidinho, tirou as fotos do carro e entregou a ficha pra mim, se desculpando muito, dizendo que não sabia que eu estava na cadeira, etc, etc. Mesmo eu dizendo que entendia e não tinha problema, o cara continuava se desculpando.
Aí saquei o porque de tanta desculpa: nem era tanto pela atitude, mas sim pelo que deve ter pensado, que eu devia achar que ele estava ali pra me servir, que eu era um playboy folgado e nem ia sair do carro, e por aí vai. O que ocorreu foi preconceito "pensado", muito maior do que o realizado. Tá aí a lição, só porque o cara é jovem e não se mexe, não dá pra tirar conclusão precipitada e achar que ele é folgado, vai ver é só um quebrado!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Abstinência

Essa semana vendi meu notebook e o novo só chega semana que vem. E já começaram as crises de abstinência. Não é um absurdo uma coisa dessas? Não consigo imaginar como é a vida sem computador. Estou tendo delirius tremum, ontem à noite eu até li um livro! E conversei com minha namorada! Estou preocupado com o fim de semana, é bem provável que eu encontre com amigos de verdade, sem ser pelo msn ou redes sociais...
Ai ai ai, se não chegar logo esse computador este que vos escreve não sobreviverá...
É brincadeira, claro, mas tem muita gente assim mesmo, tão fissurado por informática que se esquece da vida real. Felizmente eu sei dosar bem, apesar de que eu chegava em casa e ligava o computador antes de qualquer coisa. Mas fazia isso porque ele era lento pra ligar, até eu tomar banho ele acabava de iniciar. Espero que com o novo isso mude. É um core i3 com 4 GB de ram, tem obrigação de ser mais rápido. Quando chegar conto minhas impressões... (fico que nem menino com essas coisas, adoro tecnologia)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

De bandeja

Sei que todo mundo quer ajudar um cadeirante, mas tem umas coisas que acabam irritando. Sempre que vou a um self-service, alguém se oferece pra colocar a comida pra mim. Oferecer uma vez, tudo bem, não sabem como um cadeirante vai se virar segurando prato, colocando comida e tocando cadeira, mas três ou quatro vezes já é demais. Parece que os caras não confiam que a gente consiga pegar o rango sem fazer uma cag... Foi o que aconteceu no hotel que estive em Brasília. Fiquei três dias, e todo dia, no café e no jantar, os garçons vinham oferecendo para pegar a comida do buffet. Mesmo eu dizendo que preferia uma bandeja e me servir sozinho, alguns ficavam "tem certeza? Não prefere que eu sirva pra você?".
Perto do trabalho tem um restaurante ótimo onde almoço toda semana, o povo já me conhece e quando chego logo aparece minha aliada: a bandeja. É só colocar a bandeja no colo, o prato em cima, e ir servindo. Mas tem um detalhe: dependendo da cadeira ou da pessoa, a bandeja pode ficar inclinada, e o prato desliza, possibilitando um desastre (prato de comida no colo ou no chão). Minha solução é cruzar as pernas, deixando as coxas mais estáveis. Outro jeito é colocar um objeto qualquer de um dos lados da bandeja como calço. E pronto, é só ir tocando e servindo a comida. Depois devolvo a bandeja e entro no rango (geralmente meio quilo de comida, afinal tenho que alimentar a "jabulani"). Taí a dica.

sábado, 3 de julho de 2010

Capote no hotel

Cheguei ao hotel Tryp Brasil 21 em Brasília e já fui confirmando na recepção: "o quarto é adaptado, né?" Ao que me sorriu positivamente o atendente, afirmando ainda que havia mais outros dois quartos adaptados. Nem pedi ajuda aos carregadores, já que minha mala estava no colo, e subi tranquilo, e ao chegar no quarto já encontrei uma incoerência: a porta é ao lado de uma viga, o que dificulta a curva de entrada e saída. Tudo bem, era só um detalhe, uma curva mais aberta não ia me atrapalhar.
O quarto é bem bacana, tem uma salinha com TV de LCD, sofá e uma mesa de estudo. E um frigobar com mini bar e um armário. Fui até a mesa de estudo, que fica ao lado do sofá, pois queria ver a vista, mas eis que a cadeira não passava entre os dois. Como nenhum dos dois se movia com empurrão, fui até o quarto pra ver se conseguia ver a janela. No quarto, mais um vacilo: camas altas demais, difíceis de subir. E no canto, um abajur alto, que contribui muito com a luminosidade, com um pequeno detalhe: para ligá-lo, basta PISAR no interruptor, como podem ver abaixo. Fala sério, heim?? Em um quarto adaptado??
Tudo bem que dá pra chegar ao lado do interruptor, se inclinar até o chão e apertar o botão, mas precisava deste esforço? Era só ter um interruptor no meio. Mas o pior estava por vir. Fui conhecer o banheiro, e já na entrada tem um ressalto, não chega a ser degrau, mas incomoda pra passar toda hora, tem que fazer uma força. O vaso não tem absolutamente nada de adaptado, nem uma barra lateral para apoio. E o chuveiro? Além de um ressalto para entrar, não tinha cadeira fixa, nem móvel, nem mesmo um chuveirinho! A única coisa que lembra remotamente uma adaptação é uma barra na altura da saboneteira. A foto ficou ruim, mas dá pra ver:
Como, então, eu iria tomar banho? Liguei pra recepção, e depois de perguntar se estava no quarto certo (adaptado pra deficiente), expliquei a situação e a recepcionista ficou de arrumar pelo menos uma cadeira pra eu tomar banho. Alguns minutos depois chega a cadeira, daquelas mais simples que existem pra banho, com rodas pequenas e braço fixo. Gente, não sei se sou só eu, mas cadeira de banho com braço fixo é um convite ao tombo. É muito difícil de entrar, mais ainda de sair, e ainda mais sozinho. Olha ela aí (e percebam o degrau para o banheiro):
Mas não tinha outra, lá fui eu tomar um desafiador banho. Primeiro coloquei a cadeira sobre a privada, posicionei a minha de rodas ao lado e fui vagarosamente escorregando até ela, até dar um saltinho e cair nela. Fiz o que tinha ido fazer e comecei a operação para ir para o box. Me empurrei pela parede até alcançar a pia. Puxei pela pia e manobrei para o lado, em direção ao box. Cinquenta e oito manobras depois consegui me posicionar dentro do box. Abri o chuveiro, daqueles que tem que temperar e já tomei água gelada no corpo. Resumindo: lavei o que pude sem chuveirinho, jogando água pra todo lado.
Aí fui sair. Sem ter como tocar a cadeira, fui puxando pela pia, jogando peso em um lado da cadeira pra sair do ressalto, até conseguir. Continuei puxando por onde consegui: pia, porta, parede ou quina. Cheguei no quarto, posicionei a cadeira bem travada e encostada na cama ao lado da de rodas e fui passar. Quando suspendi o corpo tentando sair dela e estava no meio do caminho, tentando me equilibrar em direção à cadeira de rodas, abriu-se um espaço entre as duas e fui pro chão. Por sorte caí com as pernas de lado, sem forçar as juntas, mas a porrada foi boa.
E agora, como voltar pra minha cadeira? Como a cama era muito alta, não dava pra subir. Resolvi então ir me arrastando até a sala, subir no sofá e então na cadeira. Essa hora, juro, foi a primeira vez que senti o tamanho da limitação que a paraplegia causa. Eu dava um pulo pra trás e puxava as pernas, outro pulo e as pernas de novo. E ainda empurrava a cadeira pra trás. A sensação é muito, muito ruim. Pelo menos era carpete no chão.
Cheguei ao sofá, e não conseguia subir porque a almofada era muito macia. Tirei a almofada, consegui subir, passei pra cima da outra almofada e fui tentar ir pra cadeira. Como ela é bem mais alta, foi outra luta e quase outro tombo. Fiquei muito dolorido ao final, mas consegui.
Nos outros dias, eu ia na cadeira de banho me arrastando até a sala, passava pro sofá e depois pra minha cadeira. Passava frio no caminho, dor nas transferências complicadas e ficava exausto pela dificuldade no processo. Deveria ser muito mais fácil, afinal o quarto não era adaptado? Não recomendo, se forem a Brasília, procurem outro lugar.

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