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quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Sexualidade da pessoa com deficiência

Este tema é sempre controverso e gera muito interesse por parte das pessoas com deficiência - e também das sem deficiência. É um tema muito amplo, e há muita informação na Internet, muitas vezes infundada e superficial. Se você quer saber mesmo sobre o assunto, nada melhor do que se informar com quem entende e estuda o assunto. Na feira Mobility & Show que aconteceu em Belo Horizonte no final de novembro, foram proferidas várias palestras, uma delas com o tema Sexualidade da Pessoa com Deficiência, foi ministrada pela Dra Maria de Mello, que é terapeuta ocupacional e vem estudando o tema há anos, trabalha na área e já atendeu centenas de pessoas. Na palestra ela comentou sobre os mitos que envolvem a sexualidade de quem tem deficiência, explicou o termo e desenvolveu passando por várias situações e alternativas de intervenção possíveis.
Veja abaixo os slides que ela passou durante a palestra para ter uma ideia da riqueza do conteúdo, e se você se interessou pelo assunto, contate a Dra Maria de Mello para conversar e tirar todas suas dúvidas!
Slides da palestra:
Dra Maria de Mello
Technocare
Rua Piauí, 69 loja 03

terça-feira, 14 de junho de 2016

O amor da minha vida

Sabe quando tudo parece se encaixar e não precisa mudar nada? Assim é nosso amor!
Nossa história começa em Viçosa, onde estudamos, no final dos anos 90. Na época ela fazia graduação em engenharia civil e eu fazia pós graduação em administração. Uma amiga da pós me chamou para sair e chamei um amigo, e ela ficou de chamar uma amiga também, e nos encontramos em um boteco. Ela era a amiga dela, conterrânea da mesma cidade. Ficamos batendo papo, eu já estiquei um olho para ela e comecei a lançar minhas cantadas infalíveis. Depois de algumas cervejas, dei a ideia de ir para outro bar. Depois de algum tempo jogando charme dei o golpe de misericórdia e a beijei. 
Ficamos juntos até eu levar todos em casa, afinal era o que único que tinha carro. Fui deixar ela em casa por último, e tentei arrastar para “um lugar mais tranquilo”, mas ela resistiu, não sei como. Fui embora e ficamos um tempo sem nos ver, até nos esbarrarmos em uma boate. Conversamos um pouco até ela não resistir novamente ao meu charme. Depois de muitos beijos ardentes usei a mesma estratégia, fui deixar ela e as amigas em casa deixando ela por último. Mais uma vez ela resistiu a ir para outro lugar. Estava se fazendo de difícil.
Depois disso ficamos mais uma vez em um bar, mas eu precisei ir para casa mais cedo já que tinha namorada na época e morava com ela numa cidade perto de Viçosa. Depois disso ficamos muito tempo sem nos ver, alguns meses. Até que um belo dia eu estava comprando pão em uma padaria e a vi. Mexi com ela e ela fingiu que não me conhecia, mas logo se lembrou - afinal, com 1,95 metro eu não era tão fácil de esquecer. Fui levar ela em casa, como estava de bike, fui acompanhando ela a pé. Chegando lá dei uns pegas nela na porta da casa dela. Depois disso começamos a ficar com mais frequência, e ela finalmente descobriu que eu tinha namorada. Depois de me chamar de cachorro várias vezes, caiu na velha história que eu estava mal com a namorada, terminaria com ela logo, e continuei enrolando. Algum tempo depois ela começou a pressionar para eu terminar com a namorada. Aí percebi que a Gi era uma pessoa bacana, gostava mesmo de mim, então terminei com a outra.
Namoramos por quatro meses, até que resolvi partir para novos horizontes. Terminamos algum tempo depois do baile de formatura dela e nos distanciamos um pouco, mas ainda mantivemos contato por e-mail. Eventualmente trocávamos mensagens e nos encontrávamos. Até que, 2006, eu estava solteiro, fazendo mestrado na UFSC em Floripa, e vieram as primeiras férias. Vim para BH e liguei para ela – eu sempre dava uma olhadinha se alguém estava mexendo nas minas gavetas. Ficamos juntos e na semana seguinte fui a Viçosa para encontrar outra ex namorada e no dia de voltar para BH sofri o acidente. Como eu estava na casa daquela ex-namorada, acabamos voltando o namoro. Dali a dois meses acabou tudo de novo, e comecei a namorar uma das enfermeiras do hospital em que eu estava. Nesse meio tempo, o contato com a Gi se intensificou.
Ela estava morando em Salvador, mas disse, em um certo momento, que sempre gostou de mim e mudava pra BH o mais rápido possível se eu largasse a enfermeira e investisse nela. Resolvi aceitar a proposta e em um mês ela estava em BH e reiniciamos o relacionamento. Logo ela já mudou de mala e cuia pra casa dos meus pais, onde eu estava morando, e em pouco tempo nos mudamos para um apartamento "só nosso".
Desde então somos companheiros em tudo, viagens, aventuras, enfrentando os problemas de acessibilidade e para completar nossa linda história de amor, fizemos duas pessoinhas lindas!
Em suma, temos um relacionamento maravilhoso, como já namoramos antes pulamos aquela parte chata dos ciúmes descabidos, das briguinhas bobas, vivemos muito bem há nove anos e meio e nos amamos profundamente. O negócio é ser feliz, independente das diferenças!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Posições sexuais para lesados medulares

Com jeitinho a gente se encaixa!
Como estou meio safadeeenho essa semana, aí vai mais um post sobre sexo. Vi um post com este título no blog Ser Lesado mostrando dois vídeos sobre o assunto e achei muito interessante, tanto que gostaria de complementar as informações. São vídeos produzidos pelo Dr. Mitchell Tepper, sexólogo americano, demonstrando posições sexuais específicas para quem tem lesão medular. O título dos vídeos já dá uma pista do caminho para descobrir as melhores posições: criatividade, adaptabilidade e senso de humor.
O primeiro vídeo é sobre posições para homens com lesão medular, e o Dr. Mitchell é o próprio protagonista, já que ele também é lesado medular:
No vídeo, o Dr. Mitchell explica que é importante ter muitas espumas e travesseiros na cama, pois auxiliam na estabilidade e posições. Achei o vídeo limitado, pois apesar do título, "posições sexuais", ele demonstra somente uma com penetração. Vou tentar complementar. Na única posição que ele demonstra, ele utiliza um encosto triangular de espuma, no qual se encosta para que a parceira venha por cima. Essa posição é muito boa pois proporciona olhos nos olhos, muito contato e visão da penetração se a mulher se afasta.
Uma variação que gosto dessa posição é quando a mulher vira de costas para o parceiro, e ela fica praticamente de quatro. Além de estimular mais o pênis, forçando-o para baixo, essa posição permite carícias, apertões e outros, e uma bela visão. Para quem curtia a posição de quatro, é a mais próxima que conheço.
A outra dica do vídeo é para melhorar o sexo oral, com auxílio de almofadas também, de forma que a mulher fique confortável e o homem faça menos esforço do que se estivesse deitado. Uma variação desta posição que sugiro é deitado mesmo, utilizando o triângulo por baixo do homem e um travesseiro embaixo da bunda da mulher.
Ainda tem outra posição que funciona: a mulher deitada de bruços com as pernas esticadas, e o homem vira por cima dela, que abra as pernas para permitir a penetração. E um pouco mais trabalhosa e exige um pouco de esforço, mas funciona e é uma boa variação. Só não rola quando o homem é muito pesado, ou muito grande. Aí a mulher tem dois prazeres, quando goza e quando o cara sai de cima... rsrs
O segundo vídeo é sobre posições para mulheres com lesão medular:
Também utilizando espumas e travesseiros, nesse vídeo a Ann, que tem lesão completa na T9, demonstra uma maior variedade de posições que a mulher pode adotar com conforto. Quando está por cima, ela explica que consegue maior controle corporal e da penetração se apoiando na cabeceira da cama para puxar e empurrar o corpo. Ela explica também que a força do parceiro ajuda, já que ele pode puxar e empurrar ela fazendo o famoso movimento de vai e vem. Em seguida ela mostra como faz para subir no namorado e dar início à posição.
A posição seguinte é ela por baixo, e para facilitar a penetração, ela joga as pernas para trás esticadas. Dessa forma o parceiro tem mais liberdade de movimento, não precisa segurar as pernas dela abertas.
O Dr. Mitchell em seguida explica a importância dos travesseiros e espumas, e acrescenta uma coisa interessante: a utilização de velcros para sustentar o corpo e minimizar o esforço. Creio que isso é especialmente importante para tetraplégicos.
Outra posição que a Ann demonstra é uma variação da posição "cachorrinho", utilizando as almofadas para apoiar o corpo. Ela disse que gosta da posição porque tem muita dor nas costas, considera essa a mais confortável para quem tem este tipo de problema.
A última posição é deitada sobre as espumas, com a perna para cima também, como na primeira posição. Ela acha mais confortável para ela do que a primeira porque deixa as costas arqueadas. Convenhamos que essa moça é bem flexível, o que ajuda na  hora do "malabarismo".
Outra dica fundamental é esvaziar a bexiga antes do sexo. Como não temos controle, é possível algum  "vazamento", e para isso é importante ter capas impermeáveis sob o lençol. Mas isso acho básico, todo cadeirante com lesão acaba passando por isso, então a capa deve fazer parte da rotina.
O Dr. Mitchell cita também a influência do espasmo durante o sexo, que pode ajudar ou atrapalhar, depende da situação. Geralmente o espasmo estimula, pois é mais movimento, mas se atrapalhar o parceiro, basta tomar remédio anti-espasmo, ou segurar a perna até parar. Ele comenta também que a temperatura do corpo de quem tem lesão varia muito durante o sexo, ficando quente acima da lesão e frio abaixo dela. Fica embaixo do edredom que resolve!
Todas essas opções são excelente na cama, e há ainda as posições na cadeira de rodas, algumas estão demonstradas na figura que ilustra esse post. Bem, agora cumpri uma "promessa de campanha": fiz praticamente um mini kama sutra de cadeirante! Claro que tem mais, mas o importante mesmo é a criatividade e, claro, o bom humor! Se já dá para dar risada durante o sexo quando a gente é "normal", quando não temos controle do corpo, acontecem coisas hilárias... experimenta!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Cadeirante sente prazer?

Tá bom pra você?
Essa é umas das primeiras questões que vem à cabeça de uma pessoa quando ela vira cadeirante. Principalmente quando ela sofre uma lesão medular. A impressão que se tem é que a vida sexual acaba depois de uma lesão na coluna, afinal perde-se os movimentos e sensibilidade da lesão para baixo. Eu mesmo já pensei isso há muitos anos, vendo um cadeirante. "Perder os movimentos é complicado, mas deve ser triste ficar sem vida sexual". Felizmente, eu estava enganado. Vou falar nesse post do ponto de vista masculino, pois posso falar por experiência própria.
Em primeiro lugar, nem todos os movimentos são perdidos. A ereção ainda ocorre na grande maioria dos casos, de maneira involuntária e reativa, mas relativamente normal. A duração é que vai diminuindo. No início, pelo menos no meu caso, ocorreu o contrário. A ereção durava muito tempo. Enquanto houvesse "atividade", ele continuava lá, firme e forte. Com o tempo, a duração foi diminuindo, diminuindo, e ainda hoje é menor que o normal. Mas é só ter paciência, estimular novamente, que volta a ficar animadinho. Mas muitos cadeirantes tem dificuldade em manter e só conseguem a ereção com remédios. Isso não é vergonha para ninguém, é só uma condição, que felizmente tem "cura". Mas esse post não é sobre ereção, e sim sobre prazer. Só aproveitei para falar um pouco disso.
Acontece que o prazer não é dependente da ereção. Para os homens, é difícil entender isso, pois ligamos muito o prazer à ereção e à ejaculação. E temos a falsa impressão que só é possível dar prazer a uma mulher se a ereção ocorrer. A verdade é que prazer é muito mais do que isso. No homem o orgasmo está muito ligado à ejaculação, e os lesados medulares descobrem o que as mulheres já sabem: há outras formas de sentir prazer e chegar ao orgasmo. Um dos maiores responsáveis por ela é o cérebro, e isso não é afetado pela lesão. Então o prazer começa na imaginação. Por isso é importante que as coisas aconteçam da forma mais normal possível, com sexo oral, toque, amassos e tudo mais. Tem mulher que não vê sentido em fazer sexo oral no homem que tem lesão porque ele não está sentindo. Mas está vendo, e assim estimula o cérebro e busca o prazer.
Além disso, podemos buscar prazer na sensibilidade da pele, que no caso de um lesado medular, se limita, ou é mais nítida, na área acima da lesão, geralmente parte do tronco, braços e cabeça. E nessas áreas há muitas formas de sentir prazer, não só com os sentidos que citei. No quesito pele, podemos explorar áreas erógenas pouco exploradas pelos homens, como nuca, pescoço, braços, e principalmente, mamilos, que já tem uma sensibilidade maior. Me lembrei da "aula" sobre sexo no Hospital Sarah. Tinha um cara lá meio machista, mas engraçado. A médica explicou isso que falei acima, que seria importante explorar outras zonas erógenas, como cabeça, nuca, mamilos... e o cara solta: "quer dizer então que todos nós viramos moças?" Tive que rir! E completei: "é cara, agora que vai mamar no peitinho é a mulher!" kkkkk
Então, como todo mundo, cadeirante também sente prazer. Ouvi falar de casos de tetraplégicos que vão à loucura só com carinhos na nuca. Independente da limitação que seja imposta ao nosso corpo, é possível sim encontrar formas de sentir prazer. Cabe a nós explorá-las. Não falei sobre o caso das mulheres porque não tenho muito conhecimento mesmo, mas creio que seja até mais fácil do que os homens, pois elas já tem o hábito de explorar outras áreas. Então é isso, relaxa e goza!

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Amor sem barreiras

A Ivonete, repórter da Folha Universal que já fez algumas reportagens comigo, me mandou essa semana uma bela matéria sobre relacionamentos com pessoas com deficiência. Nela foi ressaltada a força do amor entre duas pessoas que independe da condição física, mostrando o quanto é possível vencer todos os obstáculos e ser feliz com deficiência. Ela contou com a ajuda da psicóloga Karla Garcia, do blog "Koisas com K". Achei muito interessante, e compartilho aqui com vocês:
"Quando se ama de verdade, não há barreiras, não existem fronteiras, nada é capaz de destruir o que começou, germinou e deu frutos, nem mesmo as diferenças, muitas vezes aparentes, como é o caso do jovem casal Juliana Schorck e João Eudes. Ele é deficiente físico, aos 4 anos sofreu um acidente elétrico (rede de alta tensão), queimou parcialmente o corpo e teve de amputar o braço esquerdo. Ambos estão juntos há 2 anose meio, são felizes, se completam e, sobretudo, se respeitam. Mesmo sendo fisicamente diferente do namorado neste detalhe em especial, Juliana garante que o relacionamento de ambos não está solidificado no exterior, naquilo que as pessoas chamam de “normal”.
Ela conheceu João no ambiente de trabalho e, segundo relata, encontrou nele características de suma importância em relação à vida a dois. “Além dos assuntos em comum e afinidades diversas da profissão, percebi no João valores bem parecidos com os meus”, comenta.
Juliana não se incomoda com a deficiência dele, pois, conforme ela mesma define, “condição física não determina a conduta de um ser humano, tampouco o caráter ou os valores”. Mas, por séculos e até hoje, as pessoas com deficiência foram e muitas vezes ainda são vistas apenas como de pendentes, doentes, inválidas e incapacitadas, segundo explica a psicóloga Karla Garcia, especialista em Educação Especial e integrante do Núcleo de Pesquisa da Deficiência da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
“Conceder um valor de ‘pessoa’ aos defi cientes é uma batalha que vem sendo travada, principalmente, nas últimas décadas. Nos relacionamentos afetivos não é diferente: ainda existem barreiras atitudinais, até mesmo vindas da família, que acredita que seu parente com deficiência não possui capacidade de amar. Dificuldades são inerentes a todo relacionamento entre homem e mulher, e assim também ocorre quando pessoas com e sem deficiência se envolvem. Se há amor, carinho, respeito e determinação, é importante persistir contra os preconceitos e olhares de estranheza da sociedade”, orienta Karla.
Quem quiser ver a matéria como saiu no jornal, clique aqui.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Eles são diferentes e deram certo

Esse é o título da reportagem especial para o dia dos namorados que o IG fez e contou com minha participação (e da digníssima). Muito legal a matéria, focando como pessoas diferentes ou distantes enfrentam tudo para ficar juntas. Ah, o amor...
Demos a entrevista por telefone e depois veio aqui em casa um fotógrafo muito gente boa tirar fotos nossas para o site. Parabéns a eles pelo profissionalismo e qualidade! Vejam aqui a matéria.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

De quem é a culpa?

Quando se trata de um casal, 99% das vezes a culpa é da mulher. Mesmo porque nestes um por cento que faltam nós assumimos a culpa só pra fazer média.
Claro que essa postura machista não tem nada a ver comigo, mas listei alguns momentos em que a culpa é obviamente da mulher, e revelo algumas verdades.
- Dirigindo, um homem comete uma barbeiragem:
- Culpa da mulher que o distraiu ou não avisou do perigo. Na maior parte das vezes a distração foi causada por outra mulher passando na rua, mas não dizemos por respeito. Vejam como somos legais.
- Quando erramos o caminho pra algum lugar:
- Essa é clássica, culpa total e absoluta da mulher. Ela não viu a placa que passou, uma função básica de co-piloto, obrigação de quem está no banco ao lado. Neste caso também não vimos a placa porque tinha uma gostosa bem na frente dela.
- Quando saímos com roupas que não combinam:
Ah, fala sério, não tem nada cuja culpa seja mais da mulher do que neste caso. Ela tem por obrigação ser nossa consultora de moda. Na verdade nos vestimos sem prestar atenção porque estávamos pensando na gostosa da placa.
- Quando compra alguma coisa e na loja ao lado tinha mais barato:
- Culpa da mulher que não pesquisou preços pra ele, afinal ela adora pesquisar no supermercado. Nesse caso compramos na loja que tem a vendedora mais gata, independente do preço.

Enfim, se você, mulher, não gostou deste post, culpa sua, pois não tem senso de humor apurado. Afinal, nós homens não cometemos erros. Depois de cometer o erro fatal do casamento, não tem espaço pra mais nada.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Singela homenagem

Já tem um tempo que eu queria mostrar aqui a homenagem que minha namorada fez pra mim na semana santa. Fomos a Guarapari na casa dos meus pais, e meu cunhado resolveu passar no tatuador em que ele fez uma tatuagem em homenagem à minha irmã e ao filho deles, o nome dos dois em japonês no braço, por dentro do bíceps. Aí a Gi animou com a coisa e resolveu fazer também uma tatuagem, na nuca, do mesmo tipo, meu nome em japonês. Meu nome não, meu apelido, que na verdade me identifica até mais que meu nome, já que noventa por cento das pessoas que conheço me chama assim: Sam.
Ficou muito lindo, o pescocinho dela é branquinho e com o cabelo curto aparece mais a tatoo, cujo desenho ficou bem harmônico e discreto. Foi pra mim uma grande surpresa, pois ela não é do tipo "ousada" nem muito chegada a dor, foi mesmo uma forma de me homenagear, que me deixou muito feliz. E ela ficou ainda mais linda! Te amo, minha fofa!!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Aquela força

Quando fiz o post sobre o valor que devemos dar às mulheres de cadeirantes, que fazem o serviço "pesado" que homem geralmente faz, teve gente que disse que eu exploro a coitada da namorada, que deixo ela carregar coisas pesadas, e tudo mais. Mas não é verdade, eu ajudo muito, dou aquela força nas tarefas do dia a dia. Este fim de semana, por exemplo, fomos fazer compras do mês e dividimos bem as compras, ela carregou o carrinho cheio, como podem ver:
E eu levei o item mais pesado, e por coincidência o mais importante:
Tá vendo como sou legal? Quem não queria um namorado desses? E na hora de beber também fico com a maior parte!!
Depois das compras fomos ao Applebee's encontrar um casal de amigos e a Gi pediu um drink chamado Appletini, uma coisa verde sabor maça com uma cereja no fundo e tive uma grande sacada: se o cara quer sair do armário mas não sabe como, é só chamar os amigos e pedir um negócio desses. Quem tinha alguma dúvida, passa a ter certeza. É a bebida mais boiola que eu já vi!
P.S.: Vou começar a cobrar pelo merchandising, neste post tem pelo menos três marcas aparecendo!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Benefícios do sexo para cadeirantes

O Ministro da Saúde já recomendou e o Fantástico testou: sexo faz bem à saúde. Mas e para um cadeirante, especificamente um lesado medular, quais os reais benefícios? Além dos comprovados na reportagem, quais outros nos atingem?
Como muita gente já está sabendo, cadeirantes podem ter uma vida sexual ativa e saudável, como todo mundo. Há as diferenças no preparo e as limitações de posição, mas a criatividade e o Kama Sutra estão aí pra isso. Os benefícios pra saúde do cadeirante englobam várias áreas. Primeiro, pra saúde mental, além de inserir socialmente (literalmente), fazer sexo minimiza a sensação de deficiência, afinal é uma coisa que todo mundo geralmente faz deitado. Traz também a revelação de que somos capazes de levar uma vida bem próxima da normalidade, poder satisfazer outra pessoa mostra mais uma capacidade que ainda se preserva.
Em muitos casos (no meu, por exemplo), a atividade sexual aumenta a sensibilidade, e a cada transa aparecem novas sensações, músculos ou até mesmo na pele sentimos novas atividades. E o melhor, o orgasmo é a cada dia mais sentido, o arrepio no corpo, a sensação de satisfação depois. Quanto mais nos concentramos no momento, mais essa confusão de sentidos traz bons resultados.
O benefício pra circulação também é nítido. Com o "exercício" do sexo, mesmo com movimentos limitados, nos esforçamos para encontrar boas posições e ter participação ativa no ato, proporcionando melhoria da circulação nos membros inferiores. E nos superiores também, claro.
E como o cadeirante pode ter mais prazer? No homem o orgasmo está muito ligado à ejaculação, e os lesados medulares descobrem o que as mulheres já sabem: há outras formas de sentir prazer e chegar ao orgasmo. Não vou me estender nisso, vou colocar links ao final, só acrescento dizendo o quanto é importante explorar outras áreas do corpo, outras formas de prazer. Mas é claro que a parceira tem que ser compreensiva e dedicada. Logo no início da lesão, tive uma namorada que não via sentido em fazer sexo oral comigo, já que minha sensibilidade era zero. Expliquei pra ela que só a imagem já me ajudava a ter mais vontade e prazer. A lição aí é que o diálogo, independente da situação, é o maior aliado do prazer.
É isso aí, o Ministro tem razão, sexo é muito importante pra saúde, inclusive de cadeirantes. E é bom demais da conta, né?
Links sobre sexo de lesados medulares:

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Nóis de novo!!

Contribui em mais uma matéria, desta vez pro UOL, também sobre sexualidade. Pelo jeito o negócio tá em alta mesmo, literalmente. Felizmente.
Dei a entrevista por telefone ontem à noite e já saiu hoje, estrategicamente depois da cena em que a Luciana da novela transou pela primeira vez depois de tetraplégica. Ficou muito boa a matéria, abordou o lado da mulher e do homem, com informações importantes sobre a realidade sexual e a fertilidade de cadeirantes.
A foto acima tiramos no hotel Ouro Minas, passamos um fim de semana lá mês passado pra comemorar três anos de namoro!
Vamos aproveitar essa onda e mostrar pro mundo que estamos aí, vivendo bem e amando muito!!!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Reportagem no R7

Há algum tempo dei uma entrevista por telefone para uma repórter do portal R7, e agora a reportagem saiu!! Ficou bem bacana, falei sobre a vida a dois, como é o namoro sobre rodas e planos para o futuro. Enfim, cliquem aqui pra ler a reportagem. A foto foi feita na Praça da Liberdade, aqui em BH. Ficamos lindos, né?

terça-feira, 13 de abril de 2010

Pau pra toda obra

Mulher de cadeirante tem mesmo que ser valorizada. Não é só porque tem que ajudar o cadeirante, nem porque passa raiva junto com ele pela falta de lugares acessíveis, muito menos porque tem que lidar com suas limitações todos os dias. Se tem uma área que mulher de cadeirante se desdobra é nas tarefas de macho em casa. Coisinhas simples como montar uma estante, colocar uma tv no suporte de parede ou trocar o chuveirinho do banheiro. Não são tarefas tão difíceis, mas convenhamos que são geralmente tarefas masculinas, que a grande maioria das mulheres não tem habilidade natural pra resolver. Colocar uma TV pode ser mais complicado, dependendo do modelo, se for uma de "tubo", de mais de 20", haja braço pra segurá-la no ar até conseguir encaixar direitinho no suporte. 
Então dedico este post a estas guerreiras, que além de encarar as dificuldades, o preconceito e as diferenças do dia a dia, ainda tem que fazer o papel de faz tudo em casa. Claro que dá pra chamar um parente ou amigo pra resolver estes probleminhas, mas em alguns momentos tem que por a mão na massa mesmo.
Mas tem seus benefícios. Além da nossa força, reconhecimento e amor, tem também a admiração por batalhar pra resolver os pepininhos e deixar nossa casa funcionando em pleno vapor!

sábado, 3 de abril de 2010

Como chegar em um cadeirante?

Das diversas "consultorias" que já dei desde que comecei com o blog, desde dicas para comprar um carro adaptado até questionários para projetos de TCC, os que mais me surpreendem (e me deixam feliz) são os relatos de pessoas que se apaixonaram por um cadeirante e não sabem como chegar. Não sabem porque ficam com medo de o cadeirante achar que não gosta dele de verdade, que é por pena, ou que é "pegadinha", a menina não pode estar gostando de verdade do cara, afinal ele "é só meio homem". E eu já vi relato real de um cadeirante que deixou de ficar com uma garota que estava afim dele e acabou ficando com uma outra cadeirante, talvez por achar que ela sim, tá na mesma que ele e pode aceitá-lo daquele jeito.
Essa é a pior forma de preconceito, o autopreconceito. É o que a Luciana, da novela, andou fazendo antes de "aceitar" a relação com o Miguel. Não acreditar que dá conta do recado, ou que possa stisfazer uma pessoa "nomal", é o pior erro de um cadeirante nesse momento. O que afirmo é que sim, independente da cadeira de rodas, somos capazes de satisfazer a parceira em todos os sentidos. E que as limitações físicas podem ter até seu lado bom, abrem espaço pra criatividade, pra busca de alternativas que podem se mostrar melhores do que as vias normais. Acontece que nem todo mundo sabe disso (ou procura saber).
Mas se há essa barreira do autopreconceito, o que fazer para chegar no cadeirante, mostrar a ele que não se importa com a deficiência e que quer investir no cara, vencer as barreiras e ser feliz? A receita do sucesso não é segredo, é o que sempre sugiro a quem me pergunta: diálogo. Tem que conversar e se abrir, ter coragem para expor os sentimentos e dizer na cara dura que o lance da deficiência é só um detalhe, assim como há outras tantas imperfeições em outras pessoas. Não digo um detalhe como sendo uma coisa simples, mas como uma coisa pequena em relação a um sentimento. Se a pessoa gosta de verdade da outra, não haverá barreira que impeça de ficar junto, nem desaprovação de amigos e família (acontece muito), nem dificuldade de acesso a algum lugar
Mas é necessário um certo tato. Um cara numa cadeira pode estar mais sensível, ou pode ficar mais desconfiado. A mulher pode, então, mostrar que o interesse é real através de dedicação, se informar bem sobre o assunto, saber como pode ser uma parceira nos desafios típicos de um cadeirante. Mostrar programas acessíveis, equipamentos que melhorem a vida dele, e casos de casais que deram certo. Podem me usar como exemplo!!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Cadeirante macho X cadeirante fêmea

Cadeirante - assim como andante - é mais um daqueles substantivos comuns de dois gêneros que faz pouca diferença semântica - mas faz uma grande diferença romântica. Vendo novela - ah, fala sério, todo mundo vê, ainda mais quem é do "ramo" - estive pensando na diferença entre o relacionamento de um cadeirante e uma andante e uma cadeirante e um andante. Não tenho nada a reclamar sobre a vida que levo com minha andante, a não ser o fato de que ela detesta dirigir e sou eu que sempre dirijo, mas convenhamos que a vida é bem mais fácil e "acessível" para um casal de cadeirante "fêmea" e andante "macho".
A principal vantagem é que é bem mais fácil o andante carregar a cadeirante do que o inverso acontecer. Dessa forma, para entrar em tudo quanto é lugar e chegar a lugares difíceis é bem mais fácil. Qualquer coisa é só carregar a cadeirante no colo. Claro que o cara não pode ser fracote e a cadeirante não pode engordar demais, mas na maior parte das vezes a regra vale. Nesse esquema, fica fácil o casalzinho ir até a areia da praia namorar, visitar aquele amigo que mora no terceiro andar sem elevador e nem muda a noite de núpcias, o cara entra no quarto carregando a noiva como deve ser.
Mas a mulher não carrega o cadeirante. No máximo ajuda a vencer um degrauzinho. A não ser que seja uma descendente de alemã, daquelas de 1,80m com braços mais grossos que a perna do cadeirante. Mas dessas aí dá até medo...
Diferenças de relacionamento à parte, muitas são as diferenças entre a vida de um cadeirante e de uma cadeirante. Uma das que acho favoráveis ao cadeirante é a "coleta" de urina. Aliás, é uma curiosidade que tenho. Homem usa o coletor de perna, amarrado na canela, quase imperceptível, e se urina durante o dia não faz diferença nenhuma, é só esvaziar depois. E a mulher? Existe um coletor feminino?
Outra vantagem masculina é a força física: mais acostumados a usar braços e peitorais, homens tem maior facilidade em acostumar com as transferências. Mas mulheres levam vantagem na cama, quando o assunto é sexo, pois não precisam de "esforço" para fazer a coisa funcionar. E ainda tem mais costume de explorar outras zonas érogenas além da genitália, tem mais sensibilidade acima da cintura e consequentemente tem mais facilidade para sentir prazer.
Enfim, são muitas as diferenças, mas fica a questão: quem leva mais vantagem quando vive numa cadeira de rodas?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Cadeira para cadeirante fazer sexo

Um dos assuntos mais polêmicos envolvendo cadeirantes, paraplégicos, tetraplégicos e mamulengos em geral é o sexo. Quem não é deficiente não sabe se é possível, alguns que são às vezes ficam com medo de tentar e piorar sua situação e outros não estão nem aí e querem mais é se divertir. Me encaixo no último grupo e afirmo que problema não traz não, pelo contrário, algumas vezes sinto até melhora de sensibilidade em alguns pontos e até alguma resposta muscular.
Para auxiliar e incentivar pessoas que tem alguma dificuldade motora, já existe nos Estados Unidos uma empresa que desenvolve uma série de produtos que facilitam a vida tanto de cadeirantes quanto de pessoas com outros problemas físicos ou musculares, é a Intimate Rider. Para se ter uma ideia, o vídeo abaixo mostra uma cadeira própria para praticar sexo com cadeirantes, sejam paraplégicos, tetraplégicos ou atrofiados. O vídeo está em inglês, mas basicamente diz que a cadeira auxilia nos movimentos e exemplifica algumas posições sexuais que ela facilita.
Mas convenhamos, não é necessária uma cadeira própria pra isso, basta criatividade, amor, e, às vezes, um pouco de paciência. Mas fica a dica, pode ser bom até para apimentar a relação!
De brinde uma linda cena de amor de uma novela mexicana chamada Mientras Haya Vida (Enquanto há vida) que retrata a vida de uma cadeirante.

domingo, 28 de junho de 2009

Post da Gi


O Sam sempre me pergunta porque não escrevo no blog dele, aí resolvi escrever hoje , apesar de não gostar muito, mas ele merece minha dedicação.
Conheci o Sam qdo ele ainda era um big dog, não faz mto tempo que ele deixou de ser, mas faz um tempão que nos conhecemos, num buteco em Viçosa, também estudei lá. Não foi paixão a primeira vista, como as pessoas gostam de dizer, tanto é que um dia encontrei com ele e nem o reconheci (isso faz muiiito tempo), mas a partir daí começou minha historia de amor (apenas a minha, porque ele demorou um pouquinho para descobbri que eu era a mulher da vida dele, rsrs). Algum tempo depois, namoramos, terminamos, mudamos de cidade, nos reencontramos algumas vezes, até que ficamos juntos definitivamente. Foi um longo caminho que não vem ao caso agora, pois o que tenho a dizer é sobre ele e o quanto me faz feliz. O Sam é simplesmente uma pessoa extraordinaria, de bem com a vida, não tem tempo ruim não. As vezes fico triste por algum motivo do dia a dia e rapidinho ele me faz enxergar que tenho varios outros motivos para ficar feliz. Há dois anos e alguns meses estamos juntos e só aconteceram coisas maravilhovas nas nossas vidas, nosso amor e dedicação um ao outro só aumenta. 
Quanto a paraplegia nunca tive "medo" de como seria conviver com uma pessoa com limitações, na verdade nunca parei para pensar sobre isso, pois meu amor por ele é maior que qualquer limitação.
Meu Amor, a cada dia amo mais a nossa vida, adoro estar com você em todos os momentos, estaremos sempre juntos para comemoramos nossas vitorias e conquistas e também para lamentarmos nossos erros e nossas dores. Te admiro muito e tenho muito orgulho de você. Não posso esquecer de nossa Bebé (Belinha, nossa gatinha), que torna nossos dias mais divertidos. Te AMO MUITO para toda a Vida!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Amor em dobro

Desde que criei o blog, muita gente me manda e-mail e me adiciona no MSN buscando informações sobre a experiência como cadeirante e opiniões sobre propostas de acessibilidade. Mas o que me chamou atenção nas últimas semanas foi a procura de algumas namoradas de cadeirantes preocupadas com questões sobre o relacionamento e peculiaridades da vida a dois.
O relacionamento em si não tem tanta diferença do que com pessoas normais, nós cadeirantes também somos românticos, gostamos de carinho, de atenção e de beijos, amassos e sexo. Mas o dia-a-dia demanda alguns cuidados. É preciso uma dose maior de paciência e compreensão.
Nem tudo é possível e muito menos fácil na vida a dois. A pessoa tem que entender que a limitação não é só de locomoção. A incontinência urinária, pra mim, é uma das coisas que mais incomoda. Há os coletores e bolsas que permitem uma menor preocupação com isso, mas nem sempre são eficazes. Muitas vezes eles podem estar furados ou podem se soltar, e como a sensibilidade é pouca, a gente não percebe, só descobre quando está com as calças completamente molhadas. Esta situação pode acabar com um programa ou transformar a cama numa piscina. Pode ser chato, inconveniente e até causar vergonha, mas a culpa não é nossa. Aí entra a compreensão, e a mulher se coloca numa situação quase de mãe, tem que enxugar, limpar, trocar a roupa, do jeito que fazemos com bebês. E ainda é preciso ajudar para se vestir, calçar sapatos e desmontar e montar a cadeira de rodas toda vez que sair de carro. Do nosso ponto de vista, chegamos a um grau de intimidade que jamais imaginamos. E sabemos dar valor a isso.
E só isso já é uma imensa vantagem em namorar um cadeirante ou qualquer pessoa com deficiência. Quando a pessoa se propõe a compartilhar o dia a dia com alguém com deficiência, sabe dos problemas e inconvenientes possíveis, e mesmo assim se dedica sem restrições, o deficiente retribui em dobro, seja porque a pessoa já tem essa qualidade ou porque aprendeu o quanto é difícil levar uma vida normal com deficiência.
Como hoje em dia é tão difícil saber se as pessoas gostam de verdade de nós, nos amam incondicionalmente, o deficiente enxerga isto claramente nas atitudes de seu companheiro (a). Não dá pra fingir pro resto da vida que está gostando de determinadas situações, as atitudes com o tempo mudam se não forem verdadeiras. E uma coisa que aprendemos ao nos tornar deficientes é valorizar quem nos dá apoio. E do outro lado, este valor é sentido e retribuído.

sábado, 21 de março de 2009

Cadeirantes também amam


Li no blog "Assim como você", um depoimento muito interessante de um namorado "andante" de uma cadeirante, as situações que viveram, o preconceito de algumas pessoas e as nuances do sexo. Dou aqui o depoimento inverso, um cadeirante (eu) e sua namorada "andante".

Sempre fui ligeiramente mulherengo... tá, tira o ligeiramente. Quando sofri o acidente que me "transformou" em cadeirante, eu estava com 32 anos, morava em Florianópolis e fazia mestrado na UFSC. Estava recém saido de um relacionamento de um ano e meio e voltando a curtir a vida de solteiro em Floripa. Chato né? Pois no dia em que sofri o acidente eu estava saindo da casa da ex-namorada, em Viçosa/MG, e acabamos voltando o namoro. Dali a dois meses acabou tudo de novo, definitivamente, e comecei a namorar uma das enfermeiras do hospital em que eu estava. Nesse meio tempo, uma outra ex-namorada, que eu mantinha um certo contato, "intensificou" o contato, passou a me visitar com mais frequencia e me ligava sempre.

Ela estava morando em Salvador, mas disse, em um certo momento, que sempre gostou de mim e mudava pra BH o mais rápido possível se eu largasse a enfermeira e investisse nela. Resolvi aceitar a proposta e em um mês ela estava em BH e reiniciamos o relacionamento. Logo ela já mudou de mala e cuia pra casa dos meus pais, onde eu estava morando, e em pouco tempo nos mudamos para um apartamento "só nosso".

Bem, vamos ao relacionamento. No relato supracitado que li, o andante carregava a namorada sempre que necessário. No meu caso isso é meio impossível, sou meio grandinho (1,95) e meio pesado, só se eu namorasse uma levantadora de pesos. Isso torna os programas mais planejados, sempre que saímos tenho que ligar pro lugar antes e perguntar se tem acesso. Por incrível que pareça, aqui em Belo Horizonte geralmente os lugares são adaptados, e mesmo quando há alguns lançes de escada, me dizem "pode vir que damos um jeito de carregar". E isso realmente basta, uma pessoa é suficiente pra levar escada acima, pois minha namorada sempre ajuda. No fim das contas, saímos com frequencia, e só deixo de ir em algum lugar se há uma escada realmente grande ou estreita.

Outra coisa que sempre curti muito é viajar. Neste quesito, as limitações são maiores. Para os destinos que eu gostava então (parques nacionais, cachoeiras, campings), impossível. Mas como tudo é adaptável, e meu gosto já estava mudando mesmo, nós viajamos pra onde tem acesso, como navio de cruzeiro, cidades mais estruturadas ou que tenham hotéis com adaptação.

Namorar um cadeirante não é tão diferente ou complicado assim. Duas situações são mais "melindrosas": ir ao banheiro e tomar banho. No fim das contas, tudo se resume ao banheiro. Então basta ter banheiro pra deficiente, que tá tudo bem. As camas não precisam ser altas, ou da altura da cadeira, em qualquer cama entro e saio numa boa, já bolei formas pra facilitar.

E o sexo? Todo mundo pergunta. Uma vez, antes de ser paraplégico, vi um cadeirante chegando no boteco de carro, tirando a cadeira e sentando com amigos. Pensei: "não é tãaaao ruim assim, o difícil mesmo deve ser ficar sem sexo, pois o cara tá paralisado da cintura pra baixo." Essa foi a melhor surpresa pra mim: nem tudo fica paralisado. Na primeira semana depois do meu acidente já tive ereções, e no Sarah aprendi que são duas vias para que elas aconteçam, a mental e a física. Ou seja, a ereção tem duas fontes de "alimentação". Portanto, só o toque, carinho, ou "fricção" já é suficiente para que aconteça. Como minha via mental estava bloqueada, o toque ainda resolvia. Hoje, com a evolução do meu quadro, já tenho sensibilidade na área e contato mental. A limitação que realmente há são as posições. Mas a criatividade e o kama sutra estão aí pra isso...

Em suma, temos um relacionamento maravilhoso, como já namoramos antes pulamos aquela parte chata dos ciúmes descabidos, das briguinhas bobas, vivemos muito bem há dois anos e nos amamos profundamente. O negócio é ser feliz, independente das diferenças!

Não formamos um casal lindo?

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