quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Caminhar

Pouco depois que criei o blog, em 2009, buscando novidades sobre tratamentos para lesados medulares, encontrei o Project Walk, uma organização americana que utiliza o Método Darzinski, que propõe recuperar movimentos em lesados medulares através de exercícios físicos intensos, e assim melhorar a qualidade de vida de seus pacientes. Mandei um e-mail para eles questionando um pouco mais sobre o método e como poderia me tratar, e me enviaram mais informações, mas uma má notícia: eu teria que me internar na clínica deles lá nos Estados Unidos, pois não havia representantes no Brasil.
Alguns meses depois, conheci a Fernanda Fontenele, que foi a primeira a trazer o Project Walk para o Brasil pela Acreditando, em São Paulo. Participei até de uma reportagem da Folha Universal que falava sobre ela e o projeto em 2010. E depois de alguns tempo descobri outra franquia do projeto no Brasil, a Caminhar. Eles estão baseados em Brasília/DF, Achei muito bacana ter gente investindo nisso no Brasil, mas sempre quis conhecer alguém que estivesse passando pelo tratamento, para saber as impressões e resultados. Eis que há alguns dias conheci um paciente deles, o Rafael, que é leitor do blog e me mandou alguns e-mails contando sua experiência lá. Com autorização da clínica, reproduzo aqui o relato e fotos do Rafael fazendo exercícios lá.
Rafael se contorcendo
"Descobri o Project Walk desde que lesionei a minha medula, no meu caso sofri um assalto em casa e mesmo sem esboçar reação acabei sendo alvejado por um tiro de 22 que perfurou meu pulmão e a bala acabou alojando na minha coluna, consequentemente minha medula foi lesionada, passei pela cirurgia para fixação e estabilização da coluna e minha lesão é alta, T3 a T5...
Fazendo força, com apoio
Mas como em São Luís e tem hospital da Rede Sarah, fiquei por lá para ver o que ia acontecer. Junto ao tratamento no Sarah fiz sessões de fisioterapia e de terapia ocupacional, além de massagem e toda a sorte de tratamento que se pode imaginar, e assim vi que em São Luís todos os recursos que tinham eu já tinha usado e foi quando me recordei do Project Walk, sempre me interessei pelo método e assim entrei em contato com as duas clinicas que são certificadas pela rede norte-americana, aqui em Brasília e em São Paulo, meus pais conheceram a clinica aqui de Brasília e gostaram do que viram, uma das sócias chama-se Karen e é cadeirante também, foi ela quem atendeu aos meus pais e assim ela me passou a lista de exames que eu teria que apresentar.
Rafael ajoelhado se segurando
Fiz todos os exames e estava apto a participar do projeto, assim marcamos a minha primeira aula, que é uma demonstração de como funciona e de como é o tratamento, e para a minha surpresa depois de alguns exercícios eles me colocaram em pé, imagina a emoção: eu com um ano e um mês de lesão nunca tinha cogitado em ficar em pé e não é que eu estava ali em pé...
Ainda bem que é mulher segurando...
Deste modo já fiz minha inscrição, só que tenho família e uma vida em São Luís, tenho dois filhos, o Leonardo de 1 ano e 10 meses e o Gustavo que esta hoje com 5 meses, se tivesse passado dessa pra melhor nem saberia que era papai novamente, pois na época dos fatos não sabíamos que minha esposa estava grávida...
Fazendo exercícios para o tronco e equilíbrio
Resolvi optar por Brasília pelo fato de ser mais fácil de ir ver os meninos, e estou aqui desde o dia 17 de Setembro. Faz poucos dias que eu comecei na clínica, mas já tenho sentido algumas melhoras, minha postura na cadeira de rodas melhorou muito, minha respiração e estou trabalhando músculos que eu ate tinha esquecido que faziam parte do meu corpo... o tratamento é longo e desgastante, mas toda aula vemos resultados, eu ia fazer somente três sessões por semana de duas horas cada, mas depois de conversar com os terapeutas chegamos a conclusão que eu e minha musculatura conseguiríamos aguentar uma carga de quatro vezes por semana duas horas cada sessão...
Segura aí garoto!
Semana passada já fiz ate bicicleta, chego em casa moído de cansaço, mas feliz pois todos os dias vejo alguma melhora, se eu repito um exercício de um dia para o outro já vejo que está melhor essas coisas. Tenho os videos postados no meu facebook, se quiserem dar uma olhada procurem por Rafael Fernandes Marajó"
Pedala Robinho! Ou melhor, Rafael...
Obrigado ao Rafael pelo relato e ao centro de reabilitação Caminhar por autorizar a publicação. Na minha opinião, é um método válido para quem busca melhorar a qualidade de vida e ter mais independência. Eu sempre investi em exercícios para melhorar a firmeza do quadril e habilidade em me virar, e hoje faço coisas que poucos lesados medulares altos (a minha foi em T2) conseguem, como me equilibrar em um banquinho, transferir para lugares bem mais altos e até fazer abdominais eu já consigo. Fica a dica!

6 comentários:

  1. muito bom, mas como funciona, como preço etc.

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  2. Adorei o post. Tenho um blog sobre fisioterapia e gostaria de saber se posso reproduzir o post lá (com os devidos créditos, é claro)! Infelizmente, esta é uma realidade para poucos... não só pacientes como também fisioterapeutas. Quem, como eu, mora no interior, fica babando quando vê essas técnicas! Muito fora da nossa realidade!
    Adoro seu blog... Sou seguidora e fico vigiando cada post seu. Parabéns pelo exemplo de superação.
    endereço do meu blog, para quem tiver interesse: http://www.fisioterapiasemmisterios.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Oi Stella, obrigado pelos elogios, de fato é raro ver gente que aposta em fisioterapia para lesados medulares, o Sarah não bota fé nisso não... Parabéns pelo seu blog, pode reproduzir lá sim, quanto mais divulgarmos estas iniciativas, melhor!
      Abraços!

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  3. Oi Alessandro. Obrigada pela autorização...
    Já está publicado em meu blog: http://fisioterapiasemmisterios.blogspot.com.br/2012/11/caminhar.html
    Enquanto isso, continuo seguidora fiel do seu blog, lendo sempre todas as atualizações!
    Parabéns pelo exemplo!

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  4. Parabéns pela postagem e pelo Blog, pois contribui (e muito) para maiores conhecimentos tanto para tratamentos quanto para informações. Precisamos, constantemente estar trocando experiências e informações para que possamos enfretar as dificuldades diárias com mais segurança e confiança. Com certeza irei pesquisar mais sobre esse Projeto.

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