sábado, 21 de setembro de 2013

Cadeirante, coitada...

Para aprender a não ser má, vai virar cadeirante!
O post de hoje trás à tona um tema controverso: o papel dos cadeirantes nas tramas das novelas. Quem levantou a bola foi a Suzi, leitora do blog que mora em Brasília, e se indignou com o "castigo" que a personagem Leila, vivida pela Fernanda Machado, recebeu na novela "Amor à Vida". A Leila é uma das piores vilãs da novela, tramou a morte de uma pessoa para ficar com a herança dela através do próprio namorado, fez mil armações para se dar bem, fora o destrato com a própria família, principalmente com a irmã, que é deficiente, autista. Depois de tanta sacanagem com um monte de gente, ela cai da escada ao ver um vestido e, para destruir com a vida dela, sofre uma lesão medular, perdendo os movimentos das pernas. Bem feito pra ela, né?
O que indigna é que sempre o vilão “merece” ser castigado ficando preso para o resto da vida em uma cadeira de rodas. Será que não se importam o que pensam as pessoas que sofreram uma lesão assim e fazem das tripas coração para viver uma vida digna? Será que é legal passar essa imagem de que uma limitação física ocorrida com uma pessoa normal é associada a alguma maldade passada? Nas palavras da Suzi, "Não acho justo que em todas as novelas o vilão fique em cadeira de rodas, é de uma pobreza imaginária muito grande, um autor de novela mostrar a situação de uma pessoa que se torna cadeirante como pagadora de maldades anteriores... o que dizer então de uma criança que nasce com os movimentos limitados?" Faz sentido, viu.
Bem feito, né?
Essa novela já está sendo alvo de protesto de muitos médicos, já que o hospital retratado na trama só não é mais podre do que o Congresso Nacional. Tem todo tipo de falcatrua ali, de erro médico a infidelidade com funcionários, até transa lá dentro já mostraram. E agora o autor vem com essa, tacar uma lesão medular na vilã para ela deixar de ser má. Nunca criam um papel de uma pessoa cadeirante que obteve êxito em seus projetos, que leva uma rotina normal, trabalha e corre atrás de seus sonhos. Até a novela que mostrou uma cadeirante se recuperando, a Aline Moraes em "Viver a Vida", ela só ficou cadeirante porque desobedeceu o pai e foi para o exterior para fazer frente à rival nas passarelas. Sempre tem uma coisa ruim por trás.
Fato é que este tipo de "publicidade" estigmatiza os cadeirantes e deficientes em geral como "pagadores de pecados", de uma forma ou de outra. Será que não está na hora de mudar essa cena?

14 comentários:

  1. quando criança passei por Bullying por causa do que essas novelas da globos.. fazia de colocar deficiência como castigo pra vilão por causa disso sofri preconceito humilhação e isolamento quando criança ate adultos ja me disseram que era castigo de deus fiquei indignado quando vi isso ,essa novela e um lixo minha familia ficou indignada abraço cara.

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    1. Esse pessoal passou da hora de pensar um pouco mais nas minorias, seu caso é prova de que o bullying das novelas é real!

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  2. Concordo com você Ale. As emissoras precisam ter uma visão mais ampla, mostrar realmente o que acontece e não como se todos cadeirantes fossem pecadores, pagando seus pecados. Ótimo post. Beijoo

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    1. É mesmo Débora, tanto é realista esta visão que no capítulo do sábado, depois que publiquei o post, o Tales falou para ela justamente o que abordei aqui: o acontecido foi castigo por causa das maldades! É mole?

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  3. Oi!!!!!!
    Juro que não quero causar polemica,até porque não vale a pena pois essa novela é ruim demais...Acho mesmo que o autor quer estereotipar todos os personagens, não só os cadeirantes.
    O maior vilão da novela (pior que a Leila), é gay,a gorducha feiosa é encalhada. Os "velhotes" que arrumaram mocinhos, são uns idiotas, pois jovens que namoram pessoas mais velhas só tem interesse.Ah, segundo fofocas, a vilã vai se recuperar!!!! Quer dizer, é falta de criatividade mesmo....

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    1. Oi Rita, é verdade, a bandalheira dessa novela é geral, pegaram tudo que é bullying e jogaram na cara do povo. Fala sério!

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    2. Ah, eu também li isto, ela vai fazer um tratamento no exterior e recupera os movimentos. Mais dois estereótipos, é fácil se recuperar, e os tratamentos daqui não valem nada. Tá danado...

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  4. EXCELENTE MATÉRIA! A UNIÃO FAZ A FORÇA!

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  5. Olà Alessandro :)

    Eu fico me perguntando: por que nao colocar na trama da novela o dia-a-dia de um cadeirante, as dificuldades em se locomover, as lutas e as vitorias que acontecem todos os dias em sua vida? Vamos combinar, acho que conseguir se locomover no Brasil todos os dias è uma luta e sobreviver uma vitòria. Faz tempo que nao estou no Brasil, entao nao sei se jà fizeram algo parecido ou nao, nao sei o que mostraram com a personagem da Aline Moraes. Mas se tudo começou com um "castigo", entao jà começou errado.

    Acho que para as novelas nao tem soluçao, nao. Mesmo quando eles tentam fazer algo bom, acabam estragando tudo... porque no final das contas, se a gente pensar bem, precisa ter uma mente medìocre para poder escrever novelas.

    abraço
    Gisa

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    1. Apoiado Gisa! Não fizeram nada disso não. Também queria muito ver uma novela assim, com um cadeirante atuando como um dos personagens, que enfrenta dificuldades como todo mundo, busca uma pessoa, faz amizades, trabalha. Obrigado pelo comentário!

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  6. Parabéns pela matéria!
    Sou muito emotiva e fiquei ainda mais indignada ao tomar conhecimento de algumas tramas da novelinha boca de tragédia "AMOR" a vida, contudo, sinto alívio em saber que pessoas como você existem, são como anjos, pois dão voz aos que querem dizer algo, enfim, o recado foi dado de forma realísta, coerente e muito bem vinda, um convite a reflexão dos que usam a mídia para formação de opinião em nossa sociedade, caracterizada pelo descaso das minorias, seja qual for, elas existem, não são invisíveis. Até quando vamos aceitar situações como essa?
    O primeiro passo foi dado através do blog do Alessandro, cabe a nós darmos continuidade a esse trabalho.
    Agradeço a oportunidade de "cuspir" o que me engasgava!
    Sucesso Alessandro!!!

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    1. Obrigado Suzi! Fico feliz por pessoas como você acompanharem meu blog e ainda contribuir com um tema tão atual! Quando precisar, estou à disposição, o espaço é seu! Abraços!!

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  7. Desde o início da lesão na medula (há 9 anos), escutei até de enfermeiras que eu estava assim devia ser porque sou muito desobediente e dei muito trabalho aos meus pais (elas achavam que eu não estava escutanto). Até hoje escuto algo parecido. Não é bom ser rotulado.

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    1. Nossa, cada coisa que a gente escuta, heim? E de profissionais de saúde! Espero que elas vejam essa matéria e se envergonhem da atitude. Informação nunca é demais...

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