quinta-feira, 2 de abril de 2015

Kart adaptado para aluguel no Kartódromo de Betim

Agora deficientes podem pilotar um kart adaptado
Desde que descobri o Panda, primeiro piloto de parakart adaptado mineiro que se tem notícia, botei pilha nos proprietários do Kartódromo de Betim para que adaptassem um kart de aluguel para possibilitar aos deficientes correr com seus amigos - e até competir entre si pelo melhor tempo. Na época animaram com a ideia, conversaram com o seu Helon, pai do Panda e responsável pela adaptação do kart dele, que topou a parada também. Fiquei na expectativa, mas com corrida todo fim de semana no kartódromo, e considerando que o seu Helon é mecânico do Panda, que estava participando do campeonato brasileiro de parakart - do qual foi campeão - o tempo foi passando e nada de kart adaptado. Até que mês passado finalmente ficou pronto! Panda fez questão de testar para ver se a adaptação estava boa, e assim que aprovada ele entrou em contato comigo para que eu fosse lá experimentar.
Com o Humberto em frente ao pódio, que  ainda não está adaptado, mas é só me colocar lá em cima!
Combinei com dois colegas de trabalho, o Humberto e o Francisco, e fomos para o Kartódromo em um sábado à tarde. Tínhamos marcado a corrida para as três da tarde, mas cheguei um pouco mais cedo, pois tinha que verificar se tudo estava certo para possibilitar minha corrida. Quem me recebeu lá foi a Thiara, administradora do Kartódromo (e corredora também). Ela me disse que o Panda deu o veredito no kart e que era só aguardar para entrar na pista com ele. O Panda não pode ir porque estava meio adoentado, mas falei com ele pouco tempo antes e me deu as instruções para operar o bichinho. Eu já andei no kart do Panda, como contei aqui, mas esta adaptação era um pouco diferente. No do Panda, o acelerador e o freio são acionados por aletas atrás do volante, mas neste o freio é uma barra por acionamento manual no chão do kart, similar àquelas das adaptações de carros de rua. O que complica um pouco a pilotagem, pois segurar o volante (que não é hidráulico, claro) com uma mão só enquanto freia em uma curva é uma tarefa difícil, como comprovei na prática depois.
Detalhe do kart adaptado, do lado direito o acelerador embaixo do volante, do esquerdo o freio ligado ao chão
Chegada a hora da corrida fizemos a inscrição e pegamos o equipamento. Além de mim e meus três colegas (o Francisco levou o irmão mais novo dele), outras três pessoas se inscreveram para completar o grid. Eu e o Humberto não fomos assistir ao briefing, uma explicação rápida sobre as regras da corrida, porque já havíamos corrido antes (eu há muito tempo, mas lembro bem das regras). Fui colocar o macacão no banheiro adaptado que fica dentro do vestiário, que infelizmente ainda não está totalmente adaptado, falta a rampa e a porta, mas fecharam o vestiário todo para mim e pude me trocar.
Já equipado e instalado no kart, com minha equipe de apoio
Fomos então para o galpão onde ficam os karts, onde finalmente conheci o adaptado. A adaptação ficou ótima, muito bem feita. A transferência para o kart ainda é um exercício, mas com pouca ajuda e em etapas, sentando na lateral e depois no assento, é tranquilo. Recomendo levar uma almofada pequena, pois o assento é de fibra sem acolchoamento, como os outros karts, mas como temos menos "material" na bunda a almofada é útil. Transferi para o kart mas descobri um problema: como minhas pernas são muito grandes (mais de metro) ficou impossível acomodar as pernas dobradas e acionar o freio, que fica próximo ao volante mas preso ao chão. A solução foi deixar as pernas esticadas, com os pés por cima do para choque do kart. O problema é que tenho muito pouca sensibilidade nos pés, e não dava para saber se estava machucando. A solução foi colocar uma outra almofada por baixo dos pés e amarrá-los bem para não ficarem batendo.
Na tomada de tempo me adaptando ao kart
Uma vez instalado, bora pra pista. Abriram a pista para o qualifying, ou tomada de tempo, onde os pilotos vão para a pista alternadamente dar voltas para formar o grid. Quem faz o menor tempo larga em primeiro, o segundo em segundo, até o fim do grid. Acostumei rapidamente com os controles, depois de umas duas voltas já parti para as voltas rápidas. Rodamos por uns dez minutos e formou-se o grid. O Humberto era o mais experiente de todos, já corre há algum tempo e ficou com a pole position. E quem ficou em segundo? O kart adaptado! Fiz o segundo melhor tempo apesar de ter ficado mais de dez anos sem correr. Fiquei muito feliz com a colocação.
Grid de largada, adrenalina a mil!
Tudo pronto, foi dada a largada. O Francisco, que largou em terceiro, pulou entre eu e o Humberto e assumiu a ponta. Logo em seguida Humberto o passou, e duas curvas depois eu fiz a ultrapassagem por dentro em uma curva que ele abriu demais. Dali em diante, o Humberto foi distanciando, enquanto segurei firme a segunda posição. Até que, por volta de dois terços da prova, o Humberto foi fechado e saiu fora da pista, ficando agarrado nos pneus. Aproveitei o vacilo e assumi a ponta! Mas senti na sequência um piloto de capacete cinza na minha cola. Errei uma curva fechada e senti o cara aproximando. Na volta seguinte, errei a mesma curva e o cara colou. Mais um errinho bobo e o cara passou. Pior foi que trouxe o Humberto na sequência, que se recuperou e me passou na última volta!
Foi dada a largada!
No fim, Luiz, um dos caras que estava no kartódromo e se inscreveu junto com a gente ficou em primeiro, Humberto em segundo, eu em terceiro e o Francisco em quarto. O irmão do Francisco ficou em sexto. Analisando meus erros (pelo vídeo que gravei de toda a corrida) percebi que eu errava justamente em uma curva para a esquerda em que eu precisava dar uma freada forte antes e até o meio, e como disse no começo segurar o volante com uma mão só não é fácil. Mas fiz uma excelente corrida, conhecendo muito pouco a pista e menos ainda o kart. Minha melhor volta foi 1"10'714, esse tempo posso usar para comparar com outros deficientes que corram no mesmo kart (exceto o Panda, que é profissa!). Foi muito divertido e pretendo voltar em breve, porém é preciso melhorar a posição do freio, de preferência no volante como o do Panda, para que eu possa acomodar as pernas dentro do kart, acabei machucando um pouco a canela. Outras pessoas de estatura normal podem não ter este problema.
Minha visão pilotando o kart adaptado
Abaixo um vídeo que fiz com os melhores momentos da corrida, ficou um pouco de lado pela posição da câmera no meu capacete, pois acabei encostando nela. Mas dá para ver tudo que falei, até o Humberto preso nos pneus aos três minutos e dez, e algumas ultrapassagens de retardatários que fiz. Gostaria de agradecer imensamente à Thiara, por ceder um chassi para ser adaptado, ao seu Helon, que fez a adaptação, e ao Panda por nos ajudar a tornar tudo possível. Agora é juntar os amigos e pé na tábua! Ou melhor, mão na aleta, no nosso caso! Rsrs

Um comentário:

  1. Muito bacana. Antes de ser cadeirante já andei algumas vezes e é bem legal. Para um cadeirante a questão de entrar e sair deve ser um trabalho. Uma dúvida: Você colocou sua almofada para sentar? Pergunto pois o assento não é indicado para um cadeirante (escara). Abraço.

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